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Oriente Médio

Apoio de China e Rússia na ONU mantém regime de Assad respirando

13 mar 2013 - 14h04
(atualizado às 14h17)
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O apoio da China e da Rússia ao regime de Damasco no Conselho de Segurança impediu a ONU de atuar no conflito na Síria e, ao mesmo tempo, deu oxigênio ao presidente Bashar al Assad em meio a uma guerra civil que matou milhares de pessoas em pouco mais de dois anos.

Diante do Conselho de Segurança, Pequim e Moscou vetaram em três ocasiões resoluções contra o regime de Assad, que acabou se beneficiando desse impasse, enquanto o organismo internacional se mostrou incapaz de liderar a diplomacia mundial.

Os primeiros dois vetos de Moscou e Pequim "foram muito destrutivos, mas este último foi ainda mais perigoso e deplorável", afirmou a embaixadora americana perante a ONU, Susan Rice, após ver uma terceira resolução contra Damasco rejeitada no Conselho em julho de 2012, a qual foi proposta pelos EUA e os países ocidentais.

Os países que defendiam as sanções ao regime de Damasco acusaram em várias ocasiões a China e a Rússia de bloquear estas iniciativas com o único objetivo de defender seus interesses na região.

Pequim e Moscou, embora apresentem uma posição mais morna nos últimos meses, consideram que a aprovação de uma resolução na ONU poderia abrir a porta para uma intervenção militar do Ocidente na Síria, algo similar ao que ocorreu na Líbia.

A China, além disso, defende que o conflito sírio deva ser resolvido mediante através do diálogo e da negociação de Assad com os opositores, entre eles a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), considerada por alguns países, entre eles os que integram a Liga Árabe, como o único interlocutor de Damasco.

A saída de Assad e seus seguidores do governo sírio, tanto para a China quanto para a Rússia, não é uma prioridade. No entanto, diversos analistas defendem que ambos os países têm importantes razões econômicas e geopolíticas para continuar apoiando o regime de Damasco em todos os fóruns internacionais.

O Kremlin, que mantém laços históricos com o país do Oriente Médio, é um dos principais fornecedores de armas do regime de Assad e, de acordo com sua postura, deseja evitar que as nações ocidentais se posicionem nesta complexa região.

Já a China, cuja economia cada vez mais se encontra presente na África e no Oriente Médio, também não quer perder posições e nem influência perante seus concorrentes na região, principalmente EUA e União Europeia.

O panorama de divisão na ONU não legitimou uma única voz capaz de levar a dramática situação da Síria ao Tribunal Penal Internacional, onde as violações de direitos humanos e crimes de guerra, que o próprio organismo pôde documentar, poderiam ser melhor apuradas.

A falta de acordo entre as maiores potências com direito a veto no Conselho de Segurança não foi compensada pelos esforços de outros órgãos mediadores - como a Liga Árabe, por exemplo.

O organismo pan-árabe, do qual a Síria já não é membro, nomeou junto à ONU em fevereiro de 2012 o ex-secretário geral do organismo Kofi Annan como mediador entre o governo de Damasco, com o qual chegou a se reunir em três ocasiões, e a oposição.

Em agosto do último ano, por causa da falta de resultados, Annan acabou sendo substituído no cargo pelo argelino Ladjar Brahimi, que sustenta que a crise síria poderia afetar o sempre instável Oriente Médio.

De forma paralela, o Irã - outro dos grandes aliados de Assad e que defende sua permanência no poder - constituiu junto com Arábia Saudita, Turquia e Egito um grupo de contato para encontrar uma solução para o conflito. Porém, assim como Brahimi, não conseguiu contê-lo.

As tentativas de oferecer mais ajudas econômicas e armamentos à oposição síria para acabar com Assad, vindas do denominado grupo de "Amigos da Síria", encabeçados pelos Estados Unidos e outros países como a França ou os da própria Liga Árabe, também não conseguiram avanços.

Com o aumento da violência no país e após dois anos de conflito, a guerra civil na Síria começa a se parecer com o quadrilátero no qual se resolvem as históricas tensões entre Oriente e Ocidente.

EFE   
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