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Apesar de prudência, Otan prepara partida após morte de Kadafi

20 out 2011 - 17h07
(atualizado às 17h45)
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A morte anunciada de Muammar Kadafi e a queda de Sirte devem levar a Otan a pôr um ponto final, em breve, à operação Protetor Unificado, missão considerada "um sucesso", em particular para os países europeus que a conduziram. No entanto, grande prudência era observada no anoitecer desta quinta-feira na sede da Otan, em Bruxelas, que ainda não reagiu oficialmente à brusca aceleração da situação no terreno.

Conheça a história do ex-ditador líbio Muammar Kadafi:

A Aliança Atlântica procurava, em particular, confirmar as circunstâncias da morte de Muammar Kadafi, anunciada por dirigentes do Conselho Nacional de Transição (CNT), informou um porta-voz. Segundo as informações disponíveis, aviões da Aliança desempenharam um papel maior nos acontecimentos, na cidade natal de Kadafi.

Um porta-voz do CNT informou que aeronaves da Otan bombardearam um comboio "quando fugia de Sirte". O coronel Roland Lavoie, porta-voz da operação Protetor Unificado, precisou que forças francesas da Otan tomaram como alvo "dois veículos das tropas pró-Kadafi por volta das 8h30 (4h30, hora de Brasília)", porque "realizavam operações militares e representavam ameaça clara aos civis".

Os aviões franceses fizeram "parar" o comboio, mas não o destruíram, segundo o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet. Combatentes líbios intervieram em seguida e tiraram o coronel Kadafi de um desse veículos, segundo ele. Para a Otan, a queda de Sirte, que resistia há semanas, representava "etapa decisiva" para o fim do conflito, comentou um diplomata.

Militares da Otan, sob o comando do almirante americano James Stavridis, devem fazer um levantamento, nesta sexta-feira, da situação, avaliando principalmente se o CNT está preparado para garantir a segurança, segundo uma fonte militar. Com base neste exame, um conselho de embaixadores de 28 países da Otan, que é a jurisdição habilitada a pronunciar o fim da operação, vai se reunir em Bruxelas.

Este conselho havia defendido a prudência nestas últimas semanas, sob a influência da França e da Inglaterra, com a preocupação de "terminar o trabalho", ao mesmo tempo em que outros países o apressavam a pôr fim a um conflito que pesa, em homens e em dinheiro. Sua opinião é preponderante, porque "os dois aliados foram os principais atores políticos e militares desta guerra de dimensão limitada, na qual nada tinham a ganhar, mas muito a perder, em termos de reputação", resumiram especialistas do Instituto britânico Rusi, num relatório recente.

A Otan usa forças marítimas e aéreas na Líbia desde 31 de março, tomando o lugar da operação lançada duas semanas antes pela França, a Inglaterra e os Estados Unidos, em seguida a uma resolução das Nações Unidas sobre a proteção de civis. Vários países, como a Alemanha ou a Polônia, recusaram-se a participar. Oito dos 28 países da Otan estiveram envolvidos em missões aéreas, ao lado de nações árabes como os Emirados Árabes Unidos e o Qatar. No total, 26.089 saídas aéreas foram realizadas desde o dia 31 de março, entre elas 9.618 ditas "ofensivas", segundo um comunicado da Aliança desta quinta-feira.

"A missão foi rápida, flexível e eficaz", considerou o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, destacando que essa primeira operação da Otan, liderada por europeus e não pelos americanos, trouxe à luz lacunas preocupantes em termos de equipamentos militares.

Insurreição líbia culmina com queda de Sirte e morte de Kadafi

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.

Dois meses depois, os rebeldes invadiram Beni Walid, um dos últimos bastiões de Kadafi. Em 20 de outubro, os rebeldes retomaram o controle de Sirte, cidade natal do coronel e foco derradeiro do antigo regime. Os apoiadores do CNT comemoravam a tomada da cidade quando os rebeldes anunciaram que, no confronto, Kadafi havia sido morto. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham morrido desde o início da insurreição.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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