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Oriente Médio

Amos relata cidade "totalmente devastada" após visita a Homs

7 mar 2012 - 18h39
(atualizado às 18h56)
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A chefe de operações humanitárias das Nações Unidas, Valerie Amos, afirmou que a cidade rebelde de Homs foi "completamente devastada" e ouviu barulhos de tiros durante sua visita nesta quarta-feira, disse sua porta-voz à AFP. "Disse que as partes que viu (da cidade) estavam completamente devastadas", declarou Pitt à AFP. "Disse que Homs parecia uma cidade que foi completamente fechada", acrescentou.

O presidente síria, Bashar al-Assad, vota acompanhado de sua mulher, Asma, em seção eleitoral na capital do país, Damasco. Os sírios foram às urnas neste domingo para decidir sobre a nova Constituição do país. A oposição pediu à população para boicotar o referendo
O presidente síria, Bashar al-Assad, vota acompanhado de sua mulher, Asma, em seção eleitoral na capital do país, Damasco. Os sírios foram às urnas neste domingo para decidir sobre a nova Constituição do país. A oposição pediu à população para boicotar o referendo
Foto: Sana / Reuters

Luta por liberdade revoluciona norte africano e península arábica

Amos e o Crescente Vermelho foram autorizados nesta quarta-feira a entrar em Homs - incluindo o castigado distrito de Baba Amr - após a intensa pressão internacional para que fosse permitida uma visita guiada para que avaliasse os danos causados pela crise nesta cidade que se tornou símbolo da oposição ao regime de Bashar al-Assad.

Amos, no entanto, foi impedida de chegar a áreas que ainda eram mantidas pela oposição, depois que o governo da Síria disse a ela que poderia ir a qualquer ponto do país, indicou Amanda Pitt, porta-voz da chefe humanitária. A representante da ONU ficou durante uma hora na cidade, onde as forças de segurança sírias atacaram os insurgentes no final de semana.

"Havia pouca gente circulando. Disseram que viram poucas pessoas procurando seus pertences. Ela viu esse tipo de coisa", disse Pitt.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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