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Mundo

Ainda há conflitos no sul da Líbia, alertam rebeldes

30 ago 2011 - 20h15
(atualizado às 20h49)
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O porta-voz militar dos insurgentes líbios, Ahmad Omar Bani, advertiu nesta terça-feira que a cidade de Sirte não é o único foco de conflitos entre forças leais ao coronel Muammar Kadafi e os combatentes rebeldes, já que ainda há choques intensos em Sebha, no sul do país.

"Não sei o que (as forças pró-Kadafi) estão pensando, porque nós vamos libertar toda a Líbia", disse Bani de Benghazi, capital da rebelião, para a agência EFE. Bani reiterou o ultimato dado nesta terça-feira pelo presidente do Conselho Nacional Transitório (CNT), Mustafa Abdel Jalil, aos seguidores do ditador para que abandonem as armas antes do próximo sábado.

"Nós queremos que todos os combatentes leais a Kadafi permaneçam vivos para que nós os deixemos partir. Mas eles não querem se entregar, acham que vamos matá-los, não entendem a nova cultura do perdão que temos", explicou Bani.

Ele ressaltou que tentaram manter negociações para a rendição de Sirtre, cidade natal de Muammar Kadafi onde se concentra a resistência aliada ao ditador, e que o último encontro foi no sábado passado. Caso as forças do líder não se rendam, Bani disse que os rebeldes atacarão, embora não tenha dado datas sobre uma hipotética ofensiva na cidade.

"Depende das circunstâncias da batalha, mas não será mais difícil que em outras cidades", destacou Bani, acrescentando que o paradeiro de Kadafi ainda é desconhecido. Ele lembrou também que, neste momento, as tropas rebeldes se encontram a 100 quilômetros de Sirtre, pelo leste, e 50 pelo oeste.

Um oficial das forças revolucionárias que se identificou como Hamza disse à Efe que os leais ao ditador estão pedindo à população de Sirte, através de uma rádio local, que matem todo rebelde que for encontrado.

Morador de Sirte que fugiu para Benghazi, o oficial disse que, entre os kadafistas, há um grande número de mercenários. À frente das tropas inimigas, Hamza disse que há quatro oficiais, três deles da tribo do líder foragido, que identificou como Omar Shikal, Sibea Kadafi, Khamis Adbeg e Ahmed Ibrahim.

Além disso, informou que as forças kadafistas celebraram nesta terça em Sirte o dia do Eid, a festa do término do mês de jejum muçulmano Ramadã, para não coincidir com a data marcada pelo CNT, que irá comemorar apenas nesta quarta-feira, um dia após a maioria dos países árabes.

Hamza disse que todas as informações que possui vêm de revolucionários infiltrados no interior da cidade. "Há cerca de 400 rebeldes dentro de Sirte, mas estão escondidos. Estamos em contato permanente com eles".

Quanto à situação ao redor da cidade, Bani afirmou que a cidade de Ben Jawad está tranquila e que, na segunda-feira, os revolucionários se aventuraram a Uadi Ahmar, 80 quilômetros ao leste de Sirte, mas foram repelidos com foguetes.

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.

EFE   
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