Destroços do voo da EgyptAir são encontrados; veja o que se sabe sobre a queda até agora
Os destroços do Airbus A320 da EgyptAir que fazia o trajeto entre Paris e Cairo foram encontrados na tarde desta quinta-feira perto da ilha grega de Karpathos, informam autoridades egípcias.
O voo MS804 caiu no leste do mar Mediterrâneo durante a madrugada, e há suspeitas de que tenha sido vítima de um ato extremista.
Equipes de busca avistaram partes do avião e coletes salva-vidas no mar.
"(O governo egípcio) confirmou a descoberta dos destroços da aeronave. (...) Oferecemos, sinceramente, nossos pêsames mais profundos", afirmou comunicado da EgyptAir.
O MS804 levava 66 pessoas entre passageiros e tripulantes. Os governos do Egito e da Grécia já enviaram navios para fazer buscas na região da queda do avião.
Até a tarde desta quinta-feira, eis o que se sabe sobre o episódio:
Quando e onde o avião desapareceu?
O voo MS804 saiu do aeroporto Charles de Gaulle em Paris às 23h09 (horário local, 18h09 em Brasília) na quarta-feira, segundo a EgyptAir. Ele deveria pousar no Aeroporto Internacional do Cairo às 3h15 (horário do Cairo, 22H15 horário de Brasília).
Às 2h24 (horário de Atenas, 20h24 em Brasília) o avião entrou no espaço aéreo da Grécia, segundo uma declaração divulgada pela Autoridade de Aviação Civil do país.
Controladores de voo gregos falaram com o piloto enquanto ele passava pela ilha de Kea. De acordo com a Autoridade de Aviação Civil grega, os controladores relataram que o piloto da EgyptAir estava bem.
Os controladores de voo tentaram entrar em contato com o avião antes de ele abandonar o espaço aéreo grego, mas, "apesar de várias chamadas, a aeronave não respondeu". Os controladores então chamaram o piloto da EgyptAir pela frequência de emergência e novamente não houve resposta.
Por volta das 0h29 GMT (21h29 horário de Brasília) a aeronave deixou o espaço aéreo grego e segundos depois desapareceu dos radares gregos, segundo a Autoridade de Aviação Civil do país.
O avião perdeu contato com o radar egípcio às 0h30 GMT (21h30 horário de Brasília) quando estava apenas a 280 quilômetros da costa do Egito, segundo declaração da EgyptAir.
As operações de busca e resgate começaram às 0h45 GMT (21h45 horário de Brasília).
O presidente da França, François Hollande, informou em um discurso transmitido pela televisão que o voo MS804 tinha "caído" e estava "perdido".
O que aconteceu?
O ministro da Defesa da Grécia, Panos Kammenos, disse que antes de desaparecer do radar o avião fez duas manobras abruptas e, de repente, perdeu altitude.
"(O avião) virou 90 graus para a esquerda e então 360 graus para a direita, caindo de 38 mil pés (11,6 mil metros) para 15 mil pés (4,6 mil metros) e então perdeu-se por volta dos 10 mil pés (3 mil metros)", disse o ministro em uma entrevista coletiva.
Uma fonte do ministério da Defesa grego disse à agência Reuters que as autoridades do país estão investigando o depoimento do capitão de um navio mercante, que afirmou ter visto "fogo nos céus" a cerca de 240 quilômetros de Karpathos, perto de onde os primeiros destroços foram encontrados.
A EgyptAir afirmou em sua conta no Twitter que o avião enviou um sinal de emergência às 2h26 GMT (23h26 horário de Brasília), duas horas depois de a aeronave ter desaparecido dos radares. Mas, depois, os militares egípcios divulgaram uma declaração negando o recebimento de qualquer mensagem de emergência.
Por que há suspeitas de extremismo?
O ministro da Aviação Civil do Egito, Sherif Fathy, afirmou que a possibilidade de um ataque extremista é mais forte do que a de falha técnica na aeronave.
O que desperta suspeitas é o fato de a aeronave ter desaparecido sem que fosse registrado um pedido de socorro vindo da tripulação.
"Não vamos pular para o lado que está tentando identificar isto como uma falha técnica - pelo contrário. Não quero especular e não quero elaborar hipóteses, mas se você analisar a situação de maneira apropriada, a possibilidade de haver um ataque terrorista é maior do que a possibilidade de um problema técnico", disse.
O presidente francês, François Hollande, afirmou que é preciso esperar mais informações.
"Vamos tirar conclusões quando tivermos a verdade sobre o que aconteceu. Se foi um acidente ou se foi - e isto é algo que está em nossas mentes - terrorismo", afirmou.
Mas as autoridades só vão descobrir se houve mesmo um ataque terrorista quando o avião for localizado e as gravações da cabine e os registrados de dados, as caixas-pretas, forem recuperadas.
Em outubro de 2015, um Airbus A321 operado pela companhia russa Metrojet foi derrubado por uma bomba na península do Sinai, no Egito, matando todas as 224 pessoas a bordo. Um grupo jihadista local chamado Província do Sinai, afiliado ao grupo autodenominado Estado Islâmico, afirmou que tinha conseguido colocar um dispositivo a bordo do voo.
Em março, um avião da EgyptAir também foi sequestrado e desviado para o Chipre. Um homem egípcio descrito pelas autoridades cipriotas como "psicologicamente instável" está preso.
Quem estava a bordo?
O avião levava 66 passageiros, além da tripulação, segundo o ministro da Aviação Civil do Egito.
De acordo com a Egypt Air, estavam no voo 30 egípcios, 15 franceses, dois iraquianos, um britânico, um kuaitiano, um saudita, um sudanês, um chadiano, um português, um belga, um argelino e um canadense. Três dos passageiros eram crianças.
O jornal estatal egípcio al-Ahram divulgou informações que identificaram o piloto como capitão Mohamed Shokeir.
Segundo a EgyptAir ele tinha 6.275 horas de experiência de voo, incluindo 2.101 horas no A320.
A Airbus afirmou que a aeronave envolvida no incidente, um A320-232, registrado como SU-GCC, foi entregue à EgyptAir em novembro de 2003.
A aeronave já tinha acumulado aproximadamente 48 mil horas de voo e tinha dois motores IAE.
Este tipo de aeronave começou a operar em 1988. No final de abril de 2016 mais de 6,7 mil A320 estavam em operação no mundo todo, segundo a Airbus.
Até agora a frota toda acumulou quase 180 milhões de horas de voo em mais de 98 milhões de voos.