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Desafio latino-americano em educação é melhorar qualidade docente, diz estudo

30 jul 2015 - 20h11
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O desafio da América Latina em Educação é melhorar a qualidade dos docentes para fazer com que o aumento da escolarização conseguido nos últimos 15 anos se traduza em um aumento dos níveis de aprendizagem, destaca um estudo do centro de análises políticas Diálogo Inter-americano.

"O desafio é melhorar os níveis de aprendizagem. Como fazê-lo? Uma das tarefas fundamentais é melhorar a qualidade da docência", disse nesta quinta-feira à Agência Efe o diretor do programa de Educação do Diálogo Inter-americano, Ariel Fiszbein.

Com experiência em educação e políticas sociais, Fiszbein, que é um dos autores do estudo, afirmou que nos últimos 15 anos a educação na América Latina teve um progresso misto porque, embora tenham aumentado os níveis de escolarização de crianças e adolescentes, isso não se refletiu em maiores conhecimentos e habilidades.

Para solucionar este paradoxo, ele considera necessário melhorar a qualidade dos professores fazendo com que jovens com boa educação se interessem pela carreira, oferecendo-lhes uma melhor formação para que sejam competentes e promovendo ações para que os governos sejam rigorosos ao traçar a carreira docente.

"Os governos deram importância à educação. Gastaram mais e, com isso, conseguiram incorporar mais crianças e jovens à escola. Porém, isso não fez com que os jovens aprendessem mais. Foram bem em quantidade, mas nem tanto em qualidade", argumentou.

O estudo, intitulado "Aprendizagem para todos: um desafio pendente na América Latina", destaca que, entre 1999 e 2012, a porcentagem de crianças matriculadas em níveis de educação infantil cresceu de 54 para 74%, o que situa a América Latina e o Caribe acima da média mundial.

Os países que mais aumentaram o número de crianças enviadas às escolas foram Guatemala, El Salvador, Venezuela e Costa Rica, que em 2012 registraram a matrícula em pré-escolas de mais de 60% das crianças, o que representa um aumento de mais de 10% em relação ao índice de 1999.

No entanto, continua a haver grandes variações dentro da região, de modo que, no Paraguai e na República Dominicana, a taxa de matrícula em educação infantil não chegava a 40% em 2012, segundo a pesquisa

O estudo mostra que, em educação primária, também houve avanços: a escolarização cresceu de 87% em 1990 a 93% em 1999 e, desde então, aumentou mais um ponto percentual (para 94%) em 2012.

Segundo Fiszbein, os dados mostram que foi possível um compromisso político dos governos com a educação, mas isso não se refletiu em uma melhora de conhecimentos, questão em que a Ásia avança em uma velocidade muito maior que a América Latina, como refletem as provas de rendimento internacionais.

Um número alarmante de estudantes latino-americanos não obteve um nível de desempenho adequado a sua idade ou grau acadêmico, segundo os resultados em 2013 do terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), principal análise de aprendizagem e desempenho de estudantes de ensino primário da América Latina e o Caribe.

Os resultados do Terce, que constam no estudo, evidenciam grande fragilidade em leitura, matemática e ciência nos alunos da escola primária.

O último exame Pisa, em 2012, que avaliou jovens de 15 anos em 65 países - entre eles oito latino-americanos -, revelou um panorama similar: quase a metade dos estudantes na América Latina tem um nível baixo de desempenho em leitura (45,8%) e em ciência (49,8%).

Em matemática, 63% dos estudantes mostrou um nível baixo de desempenho, segundo os resultados exibidos no relatório do Diálogo Inter-americano, um centro de estudos independente com sede em Washington.

Ao baixo rendimento médio, soma-se um alto grau de desigualdade no rendimento educativo da América Latina, de modo que os estudantes mais pobres da região estão dois anos abaixo dos mais ricos.

"Os pontos de partida de cada país são também diferentes", disse Fiszbein, destacando ainda que o Peru surpreendeu por seus avanços em educação entre 2000 e 2012, quando conseguiu um aumento de 57% nos níveis de leitura de seus alunos, tornando-se o país que mais melhorou neste campo em toda a região.

EFE   
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