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Conheça 15 fatos pouco conhecidos sobre o nazismo

Veja a história de brasileiros que ajudaram judeus a fugirem da Alemanha para o País e de vingadores que caçaram nazistas depois da guerra

9 mai 2015 - 12h35
(atualizado às 12h41)
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Crianças judias no momento da libertação de Auschwitz, o maior campo de concentração do regime nazista de Adolf Hitler
Crianças judias no momento da libertação de Auschwitz, o maior campo de concentração do regime nazista de Adolf Hitler
Foto: Ap Photo

Há 70 anos, mais precisamente no dia 7 de maio de 1945, a Alemanha assinava a sua rendição na Segunda Guerra Mundial. Embora não sejam precisos, os números apontam cerca de 60 milhões de mortos no conflito. Muitos deles judeus, ciganos e outros grupos étnicos perseguidos pelo nazismo.

O professor de história Iair Grinschpun, do Colégio Israelita de Porto Alegre, acredita que, mesmo depois de décadas, é fundamental seguir estudando os crimes cometidos na guerra. “Quando não se conhece a história, é possível repetir os mesmo erros, mesmo que com outros povos e em outras circunstâncias. Não se pode esquecer o nazismo e o Holocausto.”

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Embora o nazismo seja bastante estudado, muitas histórias de resistência, de crimes e até curiosidades acabam sendo esquecidas ou ficando de lado. Veja 15 fatos sobre a Segunda Guerra Mundial e o nazismo que talvez você não conheça.

Bastardos Inglórios da vida real

Em 1945, Abba Kovner, um sobrevivente do Holocausto, liderou um grupo chamado “Os Vingadores”. O objetivo do grupo era caçar e executar nazistas que não foram condenados pelo Julgamento de Nuremberg. Muitos alemães foram envenenados, atropelados e alguns enforcados e expostos nas laterais de rodovias. O grupo teria atuado até meados da década de 50.

Ainda durante a guerra, alguns grupos foram para florestas, onde organizaram guerrilhas para resistir às invasões alemãs. Eram chamados de partisans e não reuniam apenas judeus. Atuavam atrás da linhas inimigas com o objetivo de sabotar as tropas nazistas.

Caçadores de Nazistas

Assim como "Os Vingadores", muitos grupos ao redor do mundo se dedicaram a descobrir o paradeiro de nazistas. Mas diferente da equipe de Knover, a maioria, alguns com apoio do Estado de Israel, não atuava como grupos de extermínio, apenas identificava e denunciava os refugiados.

Um destes grupos teria ajudado o Mossad (Serviço de Inteligência Israelense) a localizar o Tenente-Coronel da SS, Adolf Eichmann, na Argentina, onde vivia com o nome de Ricardo Klement.  O oficial nazista foi sequestrado pelo Mossad e levado para Israel, onde foi julgado e executado.

Goleada no nazismo

Quando a Ucrânia foi invadida pelos nazistas, em 1941, o Dínamo, da capital Kiev, era um dos times de futebol mais fortes da Europa. Com a guerra, muitos de seus jogadores entraram para o exército, na tentativa de defender o país. Boa parte deles foi presa pelos alemães, que criaram uma liga própria em território Ucraniano. Foi em uma padaria, onde muitos astros do futebol pré-guerra, alguns do Dínamo, organizaram o FC Start. Sem desconfiar que o elenco do novo time contava com muitos profissionais, os oficiais alemães aceitaram a sua participação na liga.

O FC Start acumulou vitórias, o que incomodava os nazistas, enquanto animava os ucranianos. Os atletas começaram a sofrer ameaças e a padaria sofreu vandalismo. Após uma série de derrotas, foi marcado um jogo contra um selecionado alemão, o Flakelf. O oficial da SS que apitou o jogo sugeriu que no momento em que os times estivessem alinhados, os jogadores das duas equipes fizessem a saudação nazista. Não foi o que aconteceu. Enquanto os alemães gritaram “Heil, Hitler”, os atletas do time de padeiros bradou “FitzcultHura”, um tradicional slogan soviético.

O Flakelf abriu o placar, mas no intervalo o resultado já era 3x1 para o time da casa. Um oficial nazista foi até o vestiário ucraniano lembrar que as consequências de um triunfo no gramado poderia ser trágica. O resultado final foi 5x3 para o Start.

Raciologia

As teorias sobre raças superiores não foi criação nazista. No começo do século XX, muitos cientistas europeus defendiam a tese que diferenciava os seres humanos pela raça. A criminologia, por exemplo, defendia que determinados grupos étnicos estavam mais propensos a cometer crimes.

A assessora de Direitos Humanos e Ensino do Holocausto da prefeitura de Porto Alegre, Márcia Sigal lembra que a propaganda foi uma arma do nazismo contra outras raças. “Não só os judeus, mas diversos grupos étnicos eram alvo da publicidade nazista. Havia cartazes que mostravam os negros como transmissores de doenças venéreas.”

O relato exclusivo da melhor amiga da Anne Frank:

Nacional-Socialismo, contra o comunismo

Após a Primeira Guerra, Hitler era um ex-combatente desempregado, em uma Alemanha humilhada e em crise. Ele aceitou a proposta de um militar alemão de se infiltrar no Partido Nacional Socialista, para investigar se o grupo que se formava não tinha pretensões comunistas.

Hitler era nacionalista e contra o comunismo. Ocorre que o partido não era socialista no sentido que entendemos hoje. O professor de História das Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina, Márcio Voigt, acredita que é importante entender a diferença entre o Nacional-Socialismo alemão e o socialismo defendido pelos partidos de esquerda. “O Nazismo matava comunistas, o socialismo usado no nome do partido não tinha nenhuma aproximação com o marxismo. É importante ter cuidado para não confundir as coisas.”

Anjo da Morte no Brasil

Josef Menguele foi um médico alemão que serviu a Hitler como oficial da SS. Em Auschwitz, realizou cruéis experiências com seres humanos, a maioria crianças, e ajudou a escolher quem iria para as câmaras de gás, recebendo o apelido de Anjo da Morte.

Após a guerra, o médico passou por Argentina e Paraguai até se instalar no Brasil, onde viveu com uma nova identidade: o austríaco chamado Wolfgang Gerhard. Ele morreu em 1979, na cidade de Bertioga, em São Paulo. Em 1985, seus ossos foram exumados e testes do Instituto Médico Legal e da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo apontaram que Wolfgang era mesemo o Anjo da Morte. A tese ainda foi confirmada em 1992, com um exame de DNA.

Dois brasileiros 'Justos entre as Nações'

O título de Justo entre as Nações é uma homenagem do Yad Vashem (o memorial oficial de Israel para as vítimas do Holocausto) a todos os não judeus que arriscaram suas vidas para salvar a vida de judeus perseguidos pelos nazistas. O mais famoso talvez seja o empresário alemão Oskar Schindler, que salvou mais de 1200 pessoas, colocadas para trabalhar em suas fábricas.

Entre os homenageados constam dois nomes brasileiros, Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa e Luiz Martins de Sousa Dantas. Aracy ficou conhecida como o Anjo de Hamburgo, por ajudar muitos judeus a entrarem ilegalmente no Brasil. Mesmo trabalho feito por Sousa Dantas, quando foi diplomata na França. No livro que reconta a sua história, o embaixador é chamado de “Quixote nas trevas.”

Julgamentos informais

O Julgamento de Nuremberg foi onde os processos contra os principais líderes nazistas foram julgados. Alguns receberam pena capital, outros foram presos e poucos foram absolvidos. Outras cortes oficiais como o Tribunal Supremo Nacional Polonês, que condenou o oficial alemão Amon Göth, também levaram nazistas ao banco dos réus. Mas além de órgãos oficiais, com o enfraquecimento do exército alemão, a população de muitas cidades invadidas se revoltou e organizou tribunais onde os invasores foram condenados e executados.

A arte salvou Paris e Praga

Muitas cidades invadidas pela Alemanha foram totalmente destruídas. Paris e Praga também foram invadidas, saqueadas e perderam parte de sua população. Mas as duas cidades não foram bombardeadas para preservar a obras de arte e monumentos arquitetônicos.

O professor Grinschpun entende que a preservação fazia parte dos planos de Hitler para o Terceiro Reich. “Hitler era um artista frustrado, rejeitado da Academia de Belas Artes de Viena. Ele tinha um plano para a contrução de uma nova Berlim, erguida com conceitos do que ele entendia ser uma arte pura.”

Marcha para a Morte

Durante a Segunda Guerra Mundial, os judeus que faziam o caminho de três quilômetros entre os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, geralmente eram executados. O trajeto ficou conhecido como Marcha para a morte. Atualmente, todos os anos, milhares de jovens judeus do mundo inteiro refazem o percurso, depois viajam para Israel, para relembrar os mortos do Holocausto. De acordo com Voigt, a mudança do destino final traz a mudança do nome da marcha. “O caminho entre Auschwitz e Birkenau representava a morte. Para os judeus, Israel representa a vida, então sair de Birkenau em direção a Israel representa a marcha para a vida.”

Drone da BBC percorre maior campo de concentração nazista:

Judeus proibidos de entrar no Brasil

Embora tenha lutado contra os países do eixo, o Brasil demorou para se posicionar. “Getúlio simpatizava com o fascismo, e era muito pragmático.” Comenta Voigt. Muitos membros da cúpula do governo brasileiro eram abertamente a favor da Alemanha e da Itália na guerra. Entre 1937 e 1948 o Brasil negou mais de 10 mil vistos para judeus.

Nazistas na Argentina

Assim como Getúlio, o presidente argentino Juan Perón era simpatizante dos regimes nazi-fascistas. Após o Julgamento de Nuremberg chegou a dizer que os aliados mereciam ter perdido a guerra. Segundo o pesquisador argentino Uki Goñi, diplomatas argentinos, sob ordens de Perón, facilitaram a entrada de diversos fugitivos nazistas no país, além de auxiliar na confecção de novas identidades.

Suástica

O símbolo do nazismo não nasceu com o Partido Nacional-Socialista Alemão. Na verdade, a suástica é mais antiga que a própria Alemanha. Com pelo menos 5 mil anos, foi utilizada por diversas civilizações e seria “condutora do bem-estar.” O desenho é encontrado em registros de povos mesopotâmicos, que viveram cerca de 3 mil anos antes de Cristo e também em ruínas de civilizações da América Central. A suástica passou a simbolizar o partido nazista por sugestão do poeta alemão Guido von List.

Bigode de Hitler

O bigode de Hitler não era apenas um gosto peculiar do ditador. O escritor alemão Alexander Moritz Frey serviu como médico no mesmo regimento em que Hitler foi cabo e atuou como mensageiro. Em sua biografia, Frey conta que o futuro ditador ostentava um longo bigode, mas recebeu ordens de cortar, para utilizar a máscara de proteção contra o gás mostarda. Em vez de aparar todo o bigode, o cabo optou por adotar o estilo “escovinha”. Ironicamente, mesmo seguindo a ordem de seus superiores, a participação do mensageiro na guerra acabou quando ele precisou ser hospitalizado após um ataque inglês com gás mostarda.

Casamento de 40 horas

Embora tenha sido companheira de Hitler por 14 anos, Eva Anna Paula Braun foi casada com o ditador por apenas 40 horas. Enquanto o Exército Vermelho (da União Soviética) marchava em direção a Berlim, o casal estava abrigado em um bunker especial para o Führer. E foi em uma sala do abrigo que os dois se casaram. O casal cometeu suicídio 40 horas após o matrimônio.

Fonte: Especial para Terra
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