PUBLICIDADE

Mundo

Dalai Lama faz 80 anos: monge budista tem status de estrela

Líder religioso, exilado na Índia desde 1959, tem grande popularidade no mundo por sua facilidade de se comunciar

6 jul 2015 - 11h59
(atualizado às 16h26)
Compartilhar
Exibir comentários

Venerado por tibetanos e budistas, de riso tão fácil quanto sonoro e aparência de bondade, o 14º Dalai Lama completa nesta segunda-feira (6) 80 anos como um ícone pop, com status de estrela do rock e uma mensagem pacifista voltada ao meio ambiente.

Dalai Lama ganha homenagem no festival Glastonbury, durante show da cantora Pati Smith
Dalai Lama ganha homenagem no festival Glastonbury, durante show da cantora Pati Smith
Foto: Hannah McKay / EFE

Envolvido em sua eterna túnica, o líder religioso comprovou sua facilidade com os grandes eventos em sua recente aparição no Festival de Música de Glastonbury, no Reino Unido, onde dividiu o palco com a cantora Patti Smith e ouviu um enorme Parabéns pra Você cantado por centenas de pessoas. Dalai Lama, então, falou a mensagem humanista, pacífica e igualitária que o transformou em referência moral ao nível do sul-africano Nelson Mandela, o americano Martin Luther King e o indiano Mahatma Gandhi.

Siga o Terra Notícias no Twitter

"Todo mundo tem o direito a conseguir uma vida feliz", afirmou o refugiado político mais famoso do mundo, exilado na Índia desde 1959 e carismático rosto internacional da luta tibetana em viagens por todo o planeta nas quais é recebido por políticos e celebridades.

Os palcos de Glastonbury e as amizades em Hollywood não passavam pela cabeça da criança Lhamo Thondup, nascida em 6 de julho de 1935 no vilarejo de Taktser, em Amdo, no Tibete oriental, em uma família modesta de camponeses. Seu destino mudou aos dois anos de idade, quando foi reconhecido como a reencarnação de Thubten Gyatso, o 13º Dalai Lama, e recebeu então o nome de Tenzin Gyatso.

Após uma educação centrada na meditação budista, o estudo da religião e a filosofia, ele assumiu o poder político e espiritual do Tibete em 1950, dois meses depois da entrada das tropas chinesas na cidade de Lhasa. Após uma fracassada revolta popular em Lhasa contra o domínio chinês, o líder religioso cruzou o Himalaia a pé, em 1959, e se instalou na pequena cidade de Dharamsala, no norte da Índia, onde formou um governo no exílio.

Apesar da enorme popularidade que desfruta hoje em dia, Dalai Lama era muito pouco conhecido até a década de 80. Foi nessa época que o líder tibetano começou a se transformar em um ícone global, que o levou a ser premiado com o Nobel da Paz, em 1989.

Desde então, ele se transformou em uma das figuras públicas mais reconhecíveis do planeta, se reuniu com mais de 200 presidentes, primeiros-ministros, reis e celebridades, e participa de tantos eventos no mundo que sua agenda é fechada com um ano de antecedência.

China não aceita retorno de Dalai Lama ao Tibete:

A Apple usou sua imagem na campanha "Thinks Different" (Pense Diferente), em 1997, na qual também apareceram Thomas Edison e Albert Einstein, ele fez uma participação especial na popular série "Os Simpsons" e, atualmente, conta com mais de 11 milhões de seguidores no Twitter. A última mensagem que postou na rede social, há três dias, é um exemplo de sua tendência apaziguadora: "Quando acordamos, temos que nos lembrar - 'Eu preciso ser feliz, eu preciso ter sentimentos calorosos para com os outros'".

Apesar da enorme popularidade, Dalai Lama é um deus-rei sem domínios terrestres, nenhum país reconhece seu governo no exílio, não possui passaporte - assim como os 150 mil tibetanos exilados, que usam um documento amarelo de refugiado - e ele mesmo afirma que não tem casa. A China o considera como um de seus maiores inimigos e tenta impedir suas viagens internacionais pressionando governos e organizações, já que considera Dalai Lama um "lobo com hábitos de monge", um traidor e uma ameaça para a unidade do país.

Há três décadas, o líder tibetano suavizou sua mensagem e já não usa a palavra independência, mas autonomia real para o Tibete dentro da China, uma política que ele chamou de "via intermédia", mas que não gerou avanços com o gigante asiático e não convence a parte do exílio.

Afastado da política desde 2011, quando separou o poder governante e o religioso ao ceder as competências administrativas a um líder eleito democraticamente, Dalai Lama abriu a porta para suas reencarnações. Seria uma forma de fazer frente à possibilidade de existência de dois 'Dalais Lamas' após sua morte: um eleito pelo exílio tibetano e outro pelo governo comunista chinês.

EFE   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade