PUBLICIDADE

Mundo

Cúpula do Mercosul é novo teste para saúde de Chávez

5 dez 2012 - 17h00
Compartilhar

SÃO PAULO, 5 Dez (Reuters) - Ele vem ou não vem? A cúpula do Mercosul em Brasília, na sexta-feira, será um novo teste para a saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que há semanas não aparece em público depois de um tratamento contra o câncer.

Chávez tem hotel reservado e lugar com seu nome na mesa de negociações do Itamaraty. Mas sua ida a Brasília será decidida na última hora em Cuba, onde Chávez continua sendo atendido desde a semana passada devido a sequelas da radioterapia, em meio a uma nuvem de mistério que reavivou as preocupações com sua saúde.

"Estamos aguardando as indicações, mas normalmente as confirmações sobre a presença do presidente Chávez são no último momento", disse a jornalistas em Brasília o subsecretário do Itamaraty para a América do Sul, Antonio Simões.

O presidente, de 58 anos, foi diagnosticado em meados de 2011 com um tumor na região pélvica e submetido desde então a três operações em Cuba. Em julho, ele se declarou curado, e em outubro foi reeleito para mais seis anos, o que lhe permitiria completar duas décadas à frente do país petroleiro.

Mas Chávez não aparece em público desde 15 de novembro e até deixou de se comunicar pelo Twitter, motivando rumores.

A cúpula da sexta-feira marca a estreia da Venezuela na união aduaneira sul-americana. "Se Chávez não aparecer na sua primeira reunião como integrante pleno do Mercosul, irá gerar muita desconfiança sobre a sua saúde", disse o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Coutinho.

A pauta do encontro inclui pela primeira vez um fórum de empresários, num aceno ao setor privado, duramente golpeado pela crise global e por uma reincidência do protecionismo na região.

As expectativas, no entanto, são baixíssimas.

"Nós nos acostumamos a não esperar demais dessas cúpulas", disse o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e atual diretor de negociações internacionais da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Marco Marconini.

"O setor privado não está tão conectado quanto deveria com esse processo. No início do Mercosul havia mais envolvimento, mas foi se desvanecendo, e (o bloco) se transformou em um show diplomático", comentou.

Além dos problemas econômicos dos seus integrantes --o Brasil, maior economia do grupo, deve crescer menos de 1,5 por cento em 2012--, há também tensão entre os participantes.

O Brasil está irritado com a Argentina por uma série de entraves comerciais que reduziram em mais de 20 por cento suas exportações a esse país desde o começo do ano. O Paraguai, um dos fundadores do Mercosul, continua suspenso das reuniões por causa do sumário processo que resultou na destituição do presidente Fernando Lugo.

O resultado mais provável da reunião de Brasília é que o Mercosul se abra à incorporação da Bolívia e talvez também do Equador, outra ampliação para a esquerda depois da adesão venezuelana em meados deste ano.

Os presidentes boliviano, Evo Morales, e equatoriano, Rafael Correa, devem participar da cúpula.

(Reportagem de Esteban Israel, em São Paulo; e de Anthony Boadle, em Brasília)

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade