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Mundo

Cuba reitera disposição em dialogar com EUA

7 abr 2009 - 16h44
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Os irmãos Fidel e Raúl Castro reiteraram que Cuba está disposta a dialogar com os Estados Unidos, por ocasião de uma visita à ilha de sete congressistas democratas americanos, a poucos dias da Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago.

A mensagem foi bem recebida pelos legisladores do grupo afroamericano do Congresso de EUA, que hoje concluíram uma visita de cinco dias na qual tiveram se reuniram por quatro horas e meia, na segunda-feira, com o presidente cubano, Raúl Castro.

Nessa reunião, de acordo com um comunicado divulgado hoje pelos jornais cubanos -todos oficiais-, o presidente expressou "disposição para dialogar sobre qualquer assunto".

A nota assinala, no entanto, que ele reiterou a posição "invariável" mantida por Cuba "durante 50 anos (...), tendo como únicas premissas a igualdade soberana dos Estados e o absoluto respeito à independência nacional e ao direito (...) à determinação".

Além disso, o ex-presidente Fidel Castro, primeiro-secretário do Partido Comunista -e, portanto, do Governo que ele exerce com exclusividade no regime cubano- disse no domingo, em um de seus artigos denominados "Reflexões", que Havana "não teme o diálogo com Washington, nem precisa do confronto para existir".

Ele também escreveu outro artigo intitulado "Por que se exclui Cuba?", em alusão à Cúpula das Américas que acontecerá de 17 a 19 deste mês em Trinidad e Tobago, com todos os países do continente, exceto a ilha.

Segundo Fidel Castro, essa reunião "será uma prova de fogo para os povos do Caribe e América Latina".

"É, por acaso, um retrocesso? Bloqueio e, além disso, exclusão após 50 anos de resistência? Quem arcará com essa responsabilidade? Quem exige agora nossa exclusão? Por acaso não se compreende que os tempos dos acordos excludentes contra nosso povo ficaram para trás?", perguntou.

Fidel Castro também não deixou passar a oportunidade de falar sobre a visita dos sete congressistas e destacou, entre os comentários que eles fizeram, que um manifestou "sua certeza de que (Barack) Obama mudará a política para Cuba, mas que Cuba devia ajudá-lo também".

Além disso, destacou críticas dos legisladores americanos à política para Cuba seguida por Washington durante quase meio século e a afirmação de um deles -que não identifica- de que seu país deve "pedir perdão por anos de hostilidade e bloqueio", sem se referir a própria política interna cubana, onde a oposição política é, na prática, vedada.

Cuba ameaça se transformar em protagonista da Cúpula das Américas embora não vai, dado que nove presidentes latino-americanos visitaram Havana até agora neste ano.

Além disso, todos os países da região pediram em dezembro ao presidente americano, Barack Obama, que suspenda o embargo econômica a Cuba -apelo que em nenhum momento manifestaram ao Governo cubano por uma possível abertura política na ilha.

O assessor da Casa Branca para a Cúpula, Jeffrey Davidow, disse na segunda-feira em Washington que "seria infeliz se o principal tema passasse a ser Cuba", embora tenha afirmado que Obama não se recusará a falar do processo de revisão da política americana para Havana.

A deputada californiana Barbara Lee, presidente da delegação de legisladores que visitou a ilha, disse hoje que o grupo passará a Obama e à secretária de Estado, Hillary Clinton a mensagem que "é o momento de falar com Cuba".

Além disso, afirmou que os membros do grupo estão convencidos de que Raúl Castro deseja "relações normais" e considera que o fim do embargo, imposto por Washington em 1962, seria beneficente para ambos os países.

Ela destacou o fato de a delegação parlamentar que preside ter sido a primeira de seu país a se reunir com Raúl Castro desde que ele assumiu a chefia de Estado em fevereiro do ano passado, e classificou a visita como um "sucesso".

No entanto, a deputada se esquivou das perguntas sobre se conversaram a respeito da dissidência interna ou se Havana lhes fez ver algum pré-requisito para a normalização das relações.

"Não viemos negociar, viemos dialogar e cultivar relações", acrescentou outro congressista do grupo, Emanuel Cleaver.

EFE   
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