Crise não justifica fome no mundo, diz Papa; "há alimentos para todos"
O papa Francisco denunciou a especulação financeira em torno dos preços dos alimentos e considerou como um "escândalo" o fato de milhões pessoas ainda passarem fome no mundo. Ao receber participantes de uma conferência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Pontíficie lembrou que a crise econômica, os conflitos e a mudança climática dificultam a luta contra a fome, mas que a produção de alimentos é suficiente para todos.
"Precisamos encontrar uma maneira de fazer com que todos possam se beneficiar dos frutos da terra, não somente para evitar um aumento na diferença entre os que mais têm e os que têm que se conformar com migalhas, mas, sobretudo, por uma exigência de justiça, equidade e respeito a todos os seres humanos", afirmou o papa argentino, nesta quinta, no Vaticano.
Jorge Bergoglio fez uma chamada à comunidade internacional "fazer algo mais para dar vigor à ação internacional a favor dos pobres, não só armados de boa vontade ou, o que é pior, de promessas que frequentemente não são cumpridas". "A atual crise global não pode ser usada como álibi", disse, acrescentando que "a especulação financeira condiciona o preço dos alimentos como qualquer outra mercadoria e se esquecendo de seu destino primário".
"É necessário se opor aos interesses econômicos míopes e à lógica do poder de poucos, que excluem a maioria da população mundial e propagam a pobreza". Além de assinalar que a atual situação está "diretamente relacionada com fatores financeiros e econômicos", Bergoglio acrescentou que "a situação também é consequente de uma crise de convicções e valores, incluindo os que condicionam o fundamento da vida internacional".
O papa destacou então a necessidade da comunidade internacional e da própria FAO empreenderem uma séria de reconstrução, como a iniciada por este organismo "para garantir uma gestão mais funcional, transparente e equânime", e tomarem uma "maior consciência da responsabilidade de cada um". Em sua conclusão, o papa pediu ao organismo da ONU dar um novo impulso "aos processos de tomada de decisões" e que estes sejam caracterizados "pela promoção da cultura do encontro e da solidariedade".