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Mundo

Confrontos no Cairo após atentado deixam 45 policiais feridos

3 jan 2011 - 09h12
(atualizado às 11h32)
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Quarenta e cinco policiais ficaram feridos no domingo no Cairo em confrontos entre cristãos coptos e forças de segurança, no dia seguinte ao atentado contra uma igreja em Alexandria, norte do Egito, que deixou 21 mortos e 79 mortos.

Os confrontos aconteceram à margem de uma manifestação de centenas de pessoas que se reuniram na Catedral de São Marcos, sede do patriarca copto ortodoxo Chenuda III.

Os manifestantes não aceitavam a presença de representantes oficiais que chegaram para apresentar suas condolências depois do atentado contra uma igreja da segunda cidade do país na noite de Ano-Novo.

Os manifestantes jogaram pedras contra o secretário de Estado para o Desenvolvimento Econômico, Osman Mohamed Osman, depois que este se reuniu com Chenuda III, no momento em que ocorriam confrontos entre manifestantes e policiais no exterior do recinto.

Segundo a polícia, outros mil coptos também se manifestaram diante do ministério das Relações Exteriores, e na província de Assyut. De acordo com uma testemunha, os coptos agrediram um muçulmano e destruíram três carros no povoado de Al Izziya.

O Egito teme que se agravem as tensões religiosas, dois dias depois do atentado atribuído pelo governo ao terrorismo internacional ligado à rede Al-Qaeda.

Cinco mil pessoas compareceram no domingo ao funeral das vítimas do atentado contra a igreja dos Santos no cemitério copta da segunda maior cidade do Egito.

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, denunciou no sábado o envolvimento de "mãos estrangeiras" na matança.

A hipótese de um carro-bomba, levantada a princípio pelas autoridades, foi descartada pelo ministério do Interior, que revelou que o massacre foi "provavelmente" praticado por um camicase, que teria levado explosivos de fabricação caseira, seguindo ordens "de elementos externos".

O atentado, que não foi reivindicado, ocorreu dois meses depois de que um grupo próximo ao braço iraquiano da Al-Qaeda que teria sido responsável pelo ataque contra uma catedral em Bagdá, em 31 de outubro, ameaçou os coptas egípcios caso sua igreja não libertasse duas cristãs que, segundo o grupo, estão "presas em conventos" por terem se convertido ao Islã.

Os coptas, a maior comunidade cristã do Oriente Médio, representam de 6% a 10% da população do Egito, de um total de 80 milhões de habitantes, a maioria de muçulmanos sunitas.

O patriarca da Igreja copta, Chenuda III, pediu que os autores do ataque sejam rapidamente detidos e julgados, qualificando o atentado de ato "terrorista" e "covarde" que busca "desestabilizar o país".

As principais autoridades religiosas muçulmanas do Egito, bem como o movimento islamita de oposição da Irmandade Muçulmana, também condenaram com firmeza o massacre.

O atentado foi igualmente condenado pela comunidade internacional.

Depois do papa Bento XVI, o Conselho das Igrejas, com sede em Genebra, condenou o "terrível ataque contra fiéis inocentes".

O presidente americano, Barack Obama, destacou que os autores da explosão não tinham "nenhum respeito pela vida e a dignidade humanas", declaração com a qual Washington se somou às firmes condenações ao atentado feitas por Paris, Londres, Roma e várias capitais do Oriente Médio.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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