Confira a repercussão internacional dos confrontos no Egito
Mais de 200 pessoas foram mortas nesta quarta-feira depois que forças de segurança egípcias avançaram sobre áreas ocupadas por correligionários do presidente deposto, Mohammed Morsi na capital, Cairo, e em outras cidades importantes do país.
Veículos armados dispersaram os manifestantes pró-Morsi, que estavam acampados próximo à Praça Nahda e à mesquita Rabaa al-Adawija no Cairo, a capital egípcia.
O presidente foi removido do cargo pelas Forças Armadas no último dia 3 de julho.
Confira as reações internacionais ao ocorrido nesta quarta-feira no Egito.
Nações Unidas
O secretário-geral condena fortemente a violência [desta quarta-feira] no Cairo...Enquanto a ONU ainda reúne informações precisas sobre os eventos, há informações não inteiramente confirmadas de que centenas de pessoas foram mortas ou feridas em confrontos entre forças de segurança e manifestantes.
Há apenas alguns dias, o secretário-geral renovou seu apelo a ambos os lados no Egito para reconsiderar suas ações sob a luz de novas realidades políticas e da obrigação de prevenir perdas de vidas futuras. O secretário-geral lamenta que as autoridades egípcias tenham optado pelo uso da força para responder às demonstrações atuais. Ele envia suas condolências às famílias das vítimas e seus desejos para uma recuperação plena e rápida dos feridos.
Porta-voz do secretário-geral Ban Ki-moon
Estados Unidos
Os Estados Unidos condenam fortemente o uso da violência contra os manifestantes no Egito. Enviamos nossas condolências às famílias dos que foram mortos e feridos. Nós temos feitos repetidos apelos às Forças Armadas egípcias e às forças de segurança do país para agir com moderação e ao governo para respeitar os direitos universais dos cidadãos, assim como pedimos aos manifestantes que os protestos ocorram pacificamente.
A violência só tornará mais difícil ao Egito seguir na direção de uma estabilidade duradoura e da democracia, contrariando diretamente as promessas do governo interino de buscar a conciliação. Nós também nos opomos fortemente a um retorno a um estado de lei de emergência e convocamos o governo a respeitar os direitos humanos fundamentais, como a liberdade de reunião pacífica do povo.
O mundo está assistindo ao que está acontecendo no Cairo. Nós instamos o governo do Egito e todos os partidos no país a abter-se da violência e a resolver suas diferenças pacificamente.
Josh Earnest, Porta-voz da Casa Branca
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Esse é um momento essencial para todos os egípcios. O caminho em direção à violência só leva a uma maior instabilidade, ao desastre econômico e ao sofrimento. O único caminho sustentável para ambos os lados é aquele em direção à construção de uma solução política.
Estou convencido após minhas conversas nesta quarta-feira com vários chanceleres, incluindo o ministro das Relações Exteriores do Egito, que esse caminho ainda está aberto e seja possível segui-lo, embora seja muito difícil, muito mais complicado, após os eventos desta quarta-feira.
A promessa da revolução de 2011 (que levou à renúncia do ex-presidente do Egito Hosni Mubarak) nunca foi concretizada e o resultado final dessa revolução ainda não foi decidido. Será moldado nas próximas horas, nos próximos dias. Será moldado pelas decisões que todos os líderes políticos do Egito tomem agora e nos próximos dias.
O mundo está observando de perto o Egito e está profundamente preocupado com os eventos que testemunhamos nesta quarta-feira. Os Estados Unidos permanecem a postos para trabalhar com todos os partidos, com nossos parceiros ao redor do mundo para ajudar a alcançar um caminho democrático e pacífico adiante.
John Kerry, Secretário de Estado dos Estados Unidos
União Europeia
Nós estamos acompanhando a situação atual no Egito com grande preocupação. A confrontação e a violência...não é um caminho a seguir para abordar as principais questões políticas e os desafios que o país está enfrentando no momento.
Tomamos conhecimento de que as forças de segurança egípcias estão incumbidas de esvaziar as áreas de protesto; e os relatórios sobre as mortes e feridos nessa área são extremamente preocupantes.
Deixe-me reiterar que a posição da União Europeia é de que a violência não leva a nenhuma solução. Essa é a razão pela qual instamos fortemente todos os partidos a agir com máxima moderação.
Declaração em nome da chefe de política externa da União Europeia, Catherine Ashton
Irã
O Irã está acompanhando de perto os acontecimentos amargos no Egito e não aprova as ações violentas, condena o massacre da população e alerta para suas graves consequências.
Sem dúvida, a situação atual no Egito reforça a probabilidade de uma guerra civil neste grande país islâmico.
Declaração do Ministério das Relações Exteriores do Irã
Reino Unido
Estou profundamente preocupado com a escalada de violência e instabilidade no Egito, e lamento a perda de vidas por todos os lados. O Reino Unido tem estado envolvido em intensos esforços diplomáticos destinados a alcançar uma solução pacífica para o impasse. Estou decepcionado de que este compromisso não tenha sido possível de ser alcançado.
Condeno o uso da força em esvaziar os protestos e faço um apelo às forças de segurança para agir com moderação. Líderes de ambos os lados devem trabalhar para reduzir o risco de mais violência. Só então será possível tomar medidas vitais para o diálogo e a reconciliação.
William Hague, chanceler do Reino Unido
Turquia
Uma intervenção armada contra pessoas civis que organizam protestos é inaceitável, independentemente da sua justificativa.
Abdullah Gul, presidente da Turquia
Alemanha
Fazemos um apelo a todos os poderes políticos para retomar o diálogo e a negociação a fim de evitar uma escalada da violência. Qualquer novo derramamento de sangue no Egito deve ser evitado.
Instamos o governo provisório e as autoridades egípcias a permitir protestos pacíficos e, ao mesmo tempo, esperamos das outras forças que se distanciem da violência, não reivindiquem mais violência e não usem violência.
Guido Westerwelle, ministro das Relações Exteriores alemão
França
A França deplora profundamente a violência que ocorreu no Cairo durante as operações de esvaziamento dos protestos. O país estende suas condolências aos que sofreram com o acontecido. É essencial que a violência termine e que a calma prevaleça. A França faz um apelo às partes para demostrar máxima moderação e adverte contra o uso desproporcional de força. A crise só pode ser resolvida por meio de uma solução pacífica, que exige que todos deem prioridade ao diálogo e à busca de um compromisso.
Declaração do Ministério de Relações Exteriores francês
Itália
Estou profundamente triste com o que está acontecendo no Egito, e com a perda de vidas humanas lá. Esperava que as praças onde as aglomerações ocorreram seriam esvaziadas tão logo as partes chegassem a um acordo, e não por meio da intervenção da polícia, o que não torna mais fácil encontrar uma solução para a crise política.
Faço um apelo a todas as forças egípcias para fazer tudo em seu alcance para deter a violência que irrompeu, e evitar um banho de sangue. Todas as forças de ordem devem exercer o autocontrole máximo, e todos devem também evitar qualquer forma de incitação à violência.
Não havia sinais encorajadores nos últimos dias, de ambos os lados, o que finalmente nos deu razão para esperar que essa fase de emergência aguda poderia vir a ser reduzida gradualmente. À luz desses desenvolvimentos dramáticos, renovo o meu apelo para que o Egito impeça a espiral de violência e retome o diálogo nacional.
Emma Bonino, chanceler da Itália