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Condições meteorológicas complicam extinção de incêndio no Canadá

4 mai 2016 - 20h56
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As condições meteorológicas dificultam nesta quarta-feira as tarefas de extinção do incêndio que obrigou cerca de 70.000 pessoas a abandonarem suas casas da cidade de Fort McMurray, no noroeste do Canadá.

Outras 18.000 pessoas de localidades próximas também foram levadas a abrigos ao norte e ao sul da cidade, situada cerca de 2.600 quilômetros ao noroeste de Toronto e na qual vivem milhares de trabalhadores do setor petrolífero canadense, muitos deles estrangeiros.

As inusitadas altas temperaturas e os fortes ventos estão alimentando o incêndio florestal que se iniciou na noite de domingo nos arredores de Fort McMurray, no coração petroleiro do Canadá, e que ontem mudou de direção e se dirigiu para a cidade.

Os últimos dados revelados pelas autoridades da província de Alberta, onde se situa Ford McMurray, indicam que 1.600 edifícios da cidade foram consumidos pelas chamas, que milagrosamente não deixaram vítimas ou feridos em estado grave.

Além disso, o aeroporto da cidade suspendeu hoje todos os voos comerciais perante a ameaça das chamas.

O chefe dos bombeiros de Fort McMurray, Darby Allen, qualificou nesta quarta-feira de "catastrófico" o incêndio que, por enquanto, já consumiu 10.000 hectares de floresta.

"Evacuamos com sucesso 88.000 pessoas. Ninguém ficou ferido e ninguém morreu. Realmente, espero que possamos terminar o dia e possamos continuar dizendo isto", declarou Allen durante uma entrevista coletiva.

O chefe dos bombeiros afirmou que seus colegas conseguiram extinguir na primeira hora da manhã de hoje todos os incêndios de estruturas em Fort McMurray, mas advertiu que as condições meteorológicas tornam impossível prever se as chamas voltarão à cidade.

Por enquanto, o fogo consumiu 80% de um dos bairros vizinhos, Beacon Hill, no sudoeste, e as chamas causaram danos em outras partes da cidade, mas o centro da cidade se salvou.

As autoridades de Ontário, a principal província do Canadá, anunciaram hoje o envio de 100 bombeiros especializados na luta contra incêndios florestais e outras 19 pessoas de apoio.

Outras jurisdições do país também se comprometeram a enviar recursos materiais e humanos para lutar contra as chamas.

Alberta solicitou hoje ao governo canadense o envio de pessoal militar para ajudar no desastre, a maior evacuação na história da província, mas os primeiros soldados só devem chegar dentro de dois dias.

Além das tarefas para extinguir as chamas, a principal preocupação das autoridades é alojar as dezenas de milhares de pessoas deslocadas pelo incêndio.

Durante grande parte do dia de ontem, a única rota de escape de Fort McMurray era a estrada 63 rumo ao norte de Alberta, onde só existem explorações petrolíferas.

As companhias petrolíferas estão permitindo que os evacuados se alojem nos acampamentos habilitados na região para os trabalhadores temporários empregados em suas operações.

Mas o grosso dos evacuados pôde dirigir-se a Edmonton, capital de Alberta, situada cerca de 430 quilômetros ao sul de Fort McMurray, depois que a estrada 63 na direção sul foi aberta nas últimas horas de ontem quando as chamas se afastaram da estrada.

Enquanto isso, a polêmica explodiu depois que a líder do Partido Verde do Canadá, a deputada Elizabeth May, vinculou o incêndio de Fort McMurray com a mudança climática.

As palavras de May foram rapidamente criticadas por grupos conservadores canadenses, especialmente em Alberta, província que depende totalmente da produção de petróleo.

Alberta, que até o ano passado esteve governada durante mais de 40 anos de forma consecutiva por governos conservadores que negaram o vínculo entre a atividade industrial humana e a mudança climática, se opôs tradicionalmente a medidas para pôr preço às emissões de dióxido de carbono.

Após as declarações de May, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que não é apropriado manter esse debate neste momento.

"Algo que sabemos é que a mudança climática trará fatos (meteorológicos) mais extremos", disse Trudeau durante uma entrevista coletiva.

"Mas sabemos bem que vincular diretamente qualquer incêndio ou inundação com a mudança climática vai além do que é útil e não beneficia a conversa que temos que manter", concluiu o primeiro-ministro.

EFE   
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