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Mundo

Comunidade internacional se mobiliza para conter avanço extremista em Mali

11 jan 2013 - 16h49
(atualizado às 16h53)
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A comunidade internacional, com a França na linha de frente, começou a se mobilizar para conter o avanço dos rebeldes salafistas de Mali, que já ultrapassaram a fronteira imaginária que separa o sul do país do norte, região que controlam desde meados de 2012.

A ofensiva dos radicais é liderada pelo grupo Ansar Al Din, apoiado pela Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) e pelo Monoteísmo e Jihad na África Ocidental (MYAO), grupos que em junho do ano passado assumiram o controle do norte de Mali (uma vasta região de 850 mil quilômetros quadrados), onde em abril o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) proclamou um estado independente.

O presidente da França, François Hollande, afirmou que as forças armadas de seu país apoiaram hoje tropas malinesas em sua tentativa de frear o avanço dos salafistas. Em um breve discurso no Palácio do Eliseu, sede da Presidência, ele assim confirmou a ajuda militar francesa a Mali e garantiu que essa operação "durará o tempo necessário".

A Ansar al Din, que em dezembro ratificou um cessar nas hostilidades com o governo malinês visando uma solução dialogada, assumiu ontem o controle da cidade de Kona, no centro-leste do país, e informou que sua ofensiva é "uma advertência para aqueles que querem intervir" militarmente no norte de Mali.

Sanda Ould Bunama, próximo ao líder máximo da Ansar Al Din, Iyad Ag Gali, afirmou à Agência Efe por telefone que a tomada do controle de Kona, localizada a cerca de 60 quilômetros ao norte de Mopti, capital da região do mesmo nome e ainda controlada pelo governo de Bamaco, "é só o começo".

Antes, Hollande havia anunciado que a França interviria militarmente em Mali (sua ex-colônia), se continuasse a ameaça representada pelos grupos salafistas, cujo avanço não pode ser contido pelo frágil exército malinês.

Hollande considerou o avanço como uma "agressão" que põe em risco a estabilidade de Mali e que, devido ao caráter jihadista, ameaça também a França e o resto do mundo.

Por sua vez, a União Europeia (UE) advertiu que o avanço salafista faz necessária uma rápida reação internacional para restaurar a estabilidade em Mali e anunciou que acelerará os preparativos da missão militar que enviará para formar soldados malineses.

Esse avanço "ressalta a necessidade de um compromisso internacional forte e rápido em apoio à restauração da estabilidade e à autoridade do Estado em todo o Mali, em linha com a resolução 2085 da ONU", disse a chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton.

Em dezembro, a ONU aprovou uma resolução que autoriza o envio de uma força militar conjunta africana (AFISMA) a Mali por um período inicial de um ano, com o objetivo de treinar o exército malinês e apoiar o governo para recuperar o controle do norte do país.

Fontes militares confirmaram a queda de Kona e disseram que os rebeldes estão próximos da cidade de Sevare, sede da última base militar antes de Mopti capital, que fica a menos de 15 quilômetros de distância.

"A França está disposta a conter a ofensiva terrorista se ela prosseguir", declarou o presidente francês, que reuniu em seguida seus ministros das Relações Exteriores, Laurent Fabius, e Defesa, Jean-Yves Le Drian, para estudar a situação.

Paris recomendou hoje aos cidadãos franceses que deixem o Mali devido à "forte degradação da situação de segurança" no país pelo avanço dos grupos islamitas rebeldes do norte.

O presidente de Mali, Dioncunda Traoré, entrou em contato nas últimas 48 horas com vários líderes políticos e organizações internacionais para tentar conter a ofensiva dos grupos rebeldes salafistas. Segundo um comunicado oficial, na próxima segunda-feira Traoré viajará a Paris e Bruxelas para debater a situação.

EFE   
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