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RJ: moradores de Manguinhos aguardam ansiosos visita do Papa

3 mai 2013 - 15h04
(atualizado às 16h38)
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As favelas do Complexo de Manguinhos, uma das áreas mais pobres do Rio de Janeiro, aguardam com impaciência, esperança e incredulidade a visita do Papa Francisco, que percorrerá as pequenas vielas da comunidade durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em julho.

"A expectativa é muito grande, mas ainda não acredito que uma personalidade tão importante venha para este lugar tão humilde", disse Maria da Penha, uma das primeiras moradores de Maguinhos, que há 42 anos foi morar no complexo situado à beira da linha do trem.

O papa decidiu incluir em sua agenda no Brasil uma visita a uma favela e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), revelou recentemente que a escolhida foi Manguinhos.

O complexo, na realidade, reúne 13 comunidades e tem uma população de cerca de 50 mil pessoas. E até pouco tempo atrás, era uma das áreas mais violentas da cidade, não à toa apelidada de "Faixa de Gaza".

Em outubro do ano passado, a polícia realizou uma operação em Manguinhos para recuperar o controle da comunidade das mãos dos traficantes, dentro do processo de instalação de Unidades de Pacificação (UPP's) que está sendo implementado pelo governo estadual.

Nos muros e nas paredes de tijolos das vielas de Manguinhos, no entanto, as iniciais da facção criminosa que comandava o tráfico são uma lembrança do passado.

Apesar da ocupação policial, Maria da Penha revela que a venda de drogas não acabou dentro da favela e que a violência não terminou totalmente.

Isso não impede a moradora de elogiar o gesto do líder da Igreja Católica de visitar os mais pobres.

"Gosto mais do novo papa do que do anterior. É uma pessoa muito simples e Jesus quer simplicidade", disse.

Um dos lugares na rota papal, segundo disseram à Agência Efe fontes da arquidiocese da cidade, é um humilde campo de futebol da favela de Varginha, em Manguinhos, de onde se pode avistar ao longe o Cristo Redentor.

Neste campo de grama rala treinam duas vezes por semana dezenas de jovens de uma escola de futebol dirigida por Jairzinho, estrela da seleção brasileira que conquistou o tri em 1970.

"A esperança é muito grande porque até agora não há confirmação oficial. Todos nós, principalmente os católicos, estamos rezando para que o papa compareça aqui, traga a graça de sua bênção e a paz para nós e todo o mundo", disse o ex-atacante.

Jairzinho não se surpreendeu que o pontífice tenha escolhido visitar um campo de futebol porque "é latino e sabe que o Brasil, Argentina e todos os demais países latinos têm um verdadeiro amor pelo futebol", que, segundo ele, convive com uma profunda religiosidade.

"Talvez o Brasil seja o país mais religioso do mundo, tem um segmento católico muito forte e acho que o papa ficará muito feliz de estar aqui em Varginha", acrescentou.

O fervor cristão é visível nas comunidades de Manguinhos, onde abundam igrejas católicas e templos evangélicos.

O carpinteiro José da Costa Oliveira é outro dos moradores incrédulos com a visita e diz que prefere não criar expectativas. Apesar disso, Oliveira sonha que se a vinda do papa se concretizar, possa trazer também verbas para concluir a reforma da capela de São Jerônimo Emilliani, paralisada há dois anos por falta de dinheiro.

"Eu estou ansioso e feliz. Até os seguidores de outras religiões irão ver o papa", afirmou.

A empregada doméstica Aparecida de Almeida já encontrou um lugar para ver Francisco: o terraço da casa de seu cunhado, que fica a poucos metros da igreja São Daniel Profeta, um dos lugares mais tradicionais de Manguinhos e que poderia entrar na rota papal.

São Daniel é uma igreja pequena e circular, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1960 e orgulho da comunidade católica de Manguinhos.

"Segui João Paulo II pela avenida Brasil, Aterro do Flamengo e Maracanã. Agora poderei ver o papa aqui em casa", celebrou Aparecida.

Além da visita à favela, Francisco tem prevista uma intensa agenda por ocasião da JMJ, que acontecerá entre 25 e 28 de julho, incluída uma cerimônia de recepção, uma Via-Sacra na praia de Copacabana, uma vigília e a grande missa de encerramento.

EFE   
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