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Mãe recupera bebê trocado em hospital após batalha jurídica

9 set 2015 - 16h20
(atualizado às 17h49)
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Casal teve de brigar na Justiça em El Salvador para recuperar o bebê trocado no hospital após o parto
Casal teve de brigar na Justiça em El Salvador para recuperar o bebê trocado no hospital após o parto
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Uma mãe salvadorenha e seu marido britânico conseguiram recuperar seu filho de quatro meses, que havia sido trocado ao nascer, após uma longa briga na Justiça de El Salvador.

Mercedes Casanellas e Richard Cushworth, ambos missionários em El Salvador, sempre suspeitaram que o bebê que levaram para casa depois do parto em uma clínica privada na capital salvadorenha não era o filho biológico deles.

Após o retorno do casal à casa deles nos Estados Unidos, um teste de DNA confirmou as suspeitas de que a criança, a quem chamaram Jacob, não era o filho que Mercedes dera à luz em El Salvador.

Os pais, então, voltaram ao país e foram até o hospital privado onde ocorreu o parto – Centro Ginecológico – para verificar se o bebê havia sido trocado por erro. Os médicos locais negaram essa possibilidade.

Diante disso, o casal decidiu recorrer ao Procurador Geral da República e denunciar o caso publicamente.

O médico que atendeu o parto, Alejandro Guidos, foi preso como parte da investigação - ele nega ter agido em má fé e ainda não há acusações formais contra ele -, enquanto os pais alertavam que a troca poderia ter sido parte das ações de uma rede de tráfico de crianças.

Em uma audiência emotiva na semana passada, a mãe confrontou Guidos, exigindo que ele dissesse a verdade sobre o paradeiro de seu filho.

Finalmente, em outra audiência a portas fechadas na sede da Procuradoria Geral da República, os bebês trocados no Hospital Ginecológico foram entregues às suas verdadeiras famílias por volta de 10h da noite da última terça-feira, segundo a imprensa salvadorenha.

No entanto, até agora não se sabe se os bebês foram trocados em uma ação criminal ou se houve um erro do hospital.

Foto: Divulgação/BBC Brasil

Cesárea de emergência

Estava previsto que Casanellas daria à luz perto de 20 de junho, mas, cinco semanas antes dessa data, seu médico lhe disse a ela que era preciso realizar uma cesárea de emergência.

Jacob nasceu em meados de maio, quando o pai dele ainda estava viajando.

Em uma foto tirada por um amigo da família pouco depois do nascimento do filho de Mercedes, é possível ver um bebê de pele bem clara.

Quando a mãe acordou de um breve descanso, trouxeram-lhe um bebê não só de pele mais escura, como também de traços faciais diferentes.

O médico disse à mãe que essas mudanças nas características faciais eram "comuns nas primeiras horas depois do nascimento", de acordo com a imprensa local.

"Também havíamos feito uma pegada dos pés do bebê. E logo me dei conta de que o bebê que levei para casa tinha pegadas diferentes, menores e com um formato distinto", disse a mãe.

Mercedes disse que jamais havia suspeitado do médico, com quem realizou exames e consultas durante seis meses de sua gravidez.

No entanto, lembrou que por vezes, ele foi excessivamente atencioso.

"Uma noite em janeiro em que tememos perder o bebê, o médico ficou comigo durante toda a noite", contou. "Me pareceu algo muito profissional e não foi, até que depois da denúncia, os investigadores me disseram que isso não era nem um pouco comum. O doutor Guidos era a única pessoa que sabia que meu marido era britânico e que estaria fora do país durante um mês."

Troca

Mercedes Casanellas sempre suspeitou que o bebê que amamentava não era seu filho.

"Tenho um bebê lindo em casa. Mas ele não é meu e talvez outra mãe esteja sofrendo como eu", havia declarado ela algumas semanas atrás.

Ainda não foram divulgados os nomes dos pais biológicos do bebê que Mercedes levou do hospital no dia que nasceu.

Os bebês foram identificados depois de eles terem realizado testes de DNA com quatro famílias, segundo a imprensa local.

A investigação continua. Não foi determinado ainda se a troca aconteceu por um erro ou se houve algum tipo de ação criminal, mas a apuração se estenderá a enfermeiras e outros funcionários do Centro Ginecológico.

O procurador-geral, Luis Martínez, informou em entrevista coletiva que a entrega dos bebês a suas respectivas famílias aconteceu na presença de uma juíza de paz e que se evitou fazer um "espetáculo midiático" por respeito ás crianças e a seus pais.

"Testemunhamos um quadro muito emotivo e intenso por parte das famílias", disse Martínez.

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