Como o mundo se posiciona em relação à crise na Ucrânia
Veja como Estados Unidos, China, Brasil e países da União Européia avaliam a tensão entre Rússia e Ucrânia, e que medidas prometem tomar contra o governo russo
Diplomatas ocidentais vão participar, entre hoje e amanhã, 06, de uma série de reuniões de alto escalão para tentar encontrar uma saída pacífica para a crise na Ucrânia.
As primeiras reuniões acontecem nesta quarta-feira em Paris, onde estão o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, o secretário de Estado americano, John Kerry, além de ministros europeus. O encontro havia sido previamente agendado para tratar da situação dos refugiados sírios no Líbano, mas o assunto que provavelmente dominará as conversas deve ser a crise ucraniana. As reuniões em Paris são, acima de tudo, uma forma de testar a possibilidade de diálogo, diz Bridget Kendall, analista de diplomacia da BBC.
Mas Rússia não parece estar muito disposta ao diálogo. O ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, disse que os russos não compareceram a uma reunião com os ucranianos em Paris e que, por isso, ele não está "otimista". "Se não houver progresso, haverá custos e consequências", Hague afirmou.
O debate continuará na quinta-feira, em Bruxelas, na Bélgica, onde haverá uma cúpula extraordinária entre líderes da União Europeia convocada em caráter de urgência para discutir a situação depois do envio de tropas russas à região da Crimeia, no sul da Ucrânia.
No encontro, serão discutidas sanções comerciais e diplomáticas à Rússia, que já afirmou que responderá à altura a qualquer sanção. Em uma entrevista coletiva na terça-feira, 04, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um alerta, dizendo que eventuais medidas podem causar "danos mútuos".
Segundo agências de notícias estatais russas, os parlamentares do país já estudam leis que permitiriam confiscar bens de empresas europeias e americanas se sanções forem impostas a Moscou. Por isso, a posição de países em relação às movimentações russas varia de acordo com a relação comercial que cada um tem com a Rússia.
União Europeia
O bloco concedeu uma ajuda de 11 bilhões de euros à Ucrânia, enquanto vem, ao mesmo tempo, considerando abertamente sanções a indivíduos e empresas russas, mas teme que isso possa prejudicar suas relações com o país, que é seu terceiro maior parceiro comercial.
Os europeus são os maiores investidores do mercado russo. Além disso, os países do continente dependem de Moscou para se abastecer de óleo e gás. Em teoria, eles poderiam recorrer à Noruega para compensar uma retaliação russa. No entanto, passar a comprar gás e óleo dos noruegueses sairia mais caro para os europeus.
Alemanha
Tem sido a principal ponte de diálogo com a Rússia, de onde vem um terço de suas importações de óleo e gás.
A chanceler Angela Merkel vem fazendo comentários públicos comedidos sobre a situação, também porque a Alemanha está muito próxima geograficamente da Ucrânia e um conflito armado na região pode lhe custar caro.
França
Vem assumindo um posicionamento mais firme, em contraponto à postura alemã.
O ministro de Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse à emissora BFM TV que sanções podem ser divulgadas já nesta quinta-feira se a Rússia não mostrar que está disposta a dialogar.
Grã-Bretanha
Publicamente, o primeiro-ministro David Cameron ameaçou a Rússia com sanções políticas, econômicas e diplomáticas.
No entanto, um documento levado por uma autoridade do governo britânico mostra que essa reação tem limites. Registrado por um fotógrafo freelancer, o papel traz menções diretas ao assunto, dizendo que o Reino Unido pode se unir a outros países na proibição de concessão de vistos e de viagens de autoridades russas, mas que "não deve, por agora, apoiar sanções comerciais ou fechar o centro financeiro de Londres aos russos".
Estados Unidos
É o país que vem falando mais duro contra a Rússia. Na terça-feira, Kerry afirmou que Moscou vem criando pretextos para uma invasão, e o presidente Barack Obama afirmou que a ocupação da Crimeia coloca a Rússia do lado errado da história.
O país já suspendeu conversas sobre possíveis acordos comerciais com os russos, mas isso tem pouco impacto porque os Estados Unidos não estão nem entre os dez maiores parceiros comerciais dos russos. Por isso, depende dos europeus para fazer uma pressão econômica.
Os Estados Unidos querem instaurar uma missão de observação internacional na Crimeia e, em troca, pedem que as tropas da Rússia voltem às suas bases. O ministro russo Lavrov respondeu que a oferta só pode ser aceita por autoridades da Ucrânia e da Crimeia.
China
O país, segundo maior parceiro comercial da Rússia, mantém-se distante das polêmicas em torno do conflito.
Em comunicado, o presidente Xi Jinping classificou a situação como "complicada e sensível" e disse estar preocupado com o impacto global e regional da crise. Mas Jinping também afirmou que confia na capacidade russa de mediar uma saída e que apoia qualquer proposta que leve ao fim do conflito.
Brasil
O último comunicado do governo brasileiro sobre o conflito foi feito há duas semanas. Nele, o Itamaraty lamentou a deterioração do quadro político no país e as mortes geradas por isso.
Ao mesmo tempo, a nota dá indícios de que o Brasil não tem a intenção de se envolver na questão ao dizer que a "a crise política na Ucrânia deve ser equacionada pelos próprios ucranianos".
Japão
O país teme que eventuais sanções coloquem em risco a tentativa de melhorar suas relações com a Rússia, segundo autoridades japonesas ouvidas pela agência Reuters. Desde que o primeiro-ministro Shinzo Abe chegou ao poder, há 15 meses, ele já se encontrou com Putin cinco vezes.
A Rússia planeja ao menos dobrar seu fornecimento de gás e óleo para a Ásia nos próximos 20 anos, e o Japão é hoje forçado a importar grandes quantidades de combustíveis fósseis para compensar a perda de energia de usinas nucleares que foram fechadas depois do desastre de Fukushima, em 2011.
Segundo o ministro de Relações Exteriores Fumiu Kishida, não houve qualquer mudança em suas relações diplomáticas com os russos até agora.
Índia
Apesar dos apelos da Ucrânia para que o país se manifeste em apoio ao novo governo em Kiev, a Índia não assumiu qualquer posicionamento público sobre o conflito.
Apesar de sua relação comercial comercial com os russos não ser tão relevante, o país deve à antiga União Soviética sua vitória sobre o Paquistão no conflito de 1971.
1 de março de 2014 - Homem ucraniano para em frente de tropa como forma de protesto pela 'invasão russa' ao país. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica, que abriga uma grande base naval
Foto: AP
1 de março de 2014 - Civis observam militares uniformizados sem identificação que estão bloqueando base naval na Ucrânia
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Religioso ortodoxo reza próximo aos militares uniformizados em cidade da Crimeia. O senado da Rússia autorizou a invasão de tropas russas à Ucrânia neste sábado, 1 de março
Foto: Reuters
1 de março de 2014 - Pessoas olham para homens não identificados em uniforme militar bloqueando uma base da unidade de guarda fronteira ucraniana em Balaclava
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AFP
1 de março de 2014 - Tropas comuniformes sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia. Um emblema em um dos veículos identifica-os como sendo pertencentes ao exército russo. Autoridades ucranianas acusaram a Rússia de enviar novas tropas para Crimeia, uma região estratégica da Rússia que abriga uma grande base naval
Foto: AP
1 de março de 2014 - Homem uniformizado olha de cima de um veículo militar enquanto tropas tomam o controle dos escritórios da Guarda Costeira em Balaclava, periferia de Sevastopol, Ucrânia
Foto: AP
1 de março de 2014 - Tropas russas sem identificação ficam de guarda em Balaclava, nos arredores de Sevastopol, Ucrânia
Foto: Reuters
3 de março - Soldado ucraniano olha movimento perto de uma barreira na base de Sevastopol. Rússia deu ultimato à Ucrânia de retirada dos soldados
Foto: AFP
3 de março de 2014 - Helicóptero militar russo voa perto de Simferopol, Crimeia, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
3 de março de 2014 - Homem armado, possível soldado russo, em porto da cidade de Kerch, na Crimeira
Foto: Reuters
3 de março de 2014 - Homens uniformizados seguram bandeira russa em base militar na vila de Perevalne, próximo a Simferopol. Cerca de mil homens armados se colocaram próximos à brigada naval da Ucrânia desde ontem. Tropas russas e aviões militares ultrapassaram as fronteiras estabelecidas na Crimeia nesta segunda-feira
Foto: AFP
3 de março de 2014 - Soldados ucranianos em uma brigada militar no porto de Sevastopol, perto de Balbek. Forças russas chegaram a dar um ultimato para a retirada dos soldados ucranianos da Crimeia, mas, depois, negaram o feito
Foto: AFP
3 de março de 2014 - Soldado pró-Rússia aponta arma para base naval ucraniana na vila de Novoozerne, que fica cerca de 90km da capital da Crimeia. Forças russas estão controlando uma região estratégica do país
Foto: AP
5 de março de 2014 - Soldados russos vigiam local onde estão ancorados dois navios da Ucrânia, em Sebastopol, na Crimeia
Foto: AP
7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia. O presidente Barack Obama disse nesta quiinta-feira, 6, que o referendo sobre a incorporação da Crimeia à Rússia é inconstitucional e viola as regras internacionais
Foto: EFE
7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
7 de março de 2014 - Grupo de militares armados permanece próximo de un acesso à base militar localizada em Perevalnoye, arredores de Simferópol, na Crimeia
Foto: EFE
7 de março de 2014 - Dois soldados ucranianos observam enquanto um grupo de militares armados caminha próximo a um acesso à base militar localizada em Perevalnoye, nos arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: EFE
7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia. A Ucrânia disse que aceita dialogar com a Rússia, mas exige que Moscou retire suas tropas do país
Foto: Reuters
7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
7 de março - Homens uniformizados, que acredita-se serem soldados russos, permanecem perto de uma base militar ucraniana em Perevalnoye, arredores de Simferopol, na Crimeia
Foto: Reuters
11 de março - Soldado ucraniano caminhanas ruas da vila de Stavki, próxima à Crimeia, nesta terça-feira
Foto: Reuters
10 de março - Militares russos mancham em área de fronteira com uma base militar ucraniana em Perevalnoye, nesta segunda-feira
Foto: Reuters
11 de março - Homem armado, possivelmente russo, é visto do lado de fora de uma unidade militar da Ucrânia na vila de Perevalnoye nesta terça-feira
Foto: Reuters
11 de março - Homens armados, possivelmente russos, conversam próximo à base militar ucraniana em Perevalnoye, que fica próxima à Simferopol
Foto: Reuters
22 de março - Soldado ucraniano observa movimento através de uma janela quebrada em Novofedoricka. Cerca de 200 soldados pró-Moscou invadiram base da Ucrânia neste sábado
Foto: AFP
22 de março - Sebastopol: militantes pró-Moscou isolam área de base militar ucraniana em Belbek neste sábado
Foto: AFP
22 de março -Militante pro-Moscou joga bomba na direção de ucranianos neste sábado, na base de Novofedorivka, onde mais de 200 homens russos invadiram e expulsaram ucranianos neste sábado
Foto: AFP
22 de março - Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
22 de março -Homens armados, provavelmente russos, guardam base militar na cidade de Belbek, Crimeia, neste sábado
Foto: Reuters
22 de março - Civis são retirados de área da Ucrânia onde houve uma invasão de soldados pró-Moscou neste sábado
Foto: Reuters
22 de março - Homens armados da Ucrânia e da Rússia são vistos numa em base área militar na cidade de Belbek, próximo à Sebastopol
Foto: Reuters
22 de março - Soldados pró-russos escondem atrás de carro na base militar aérea de Sebastopol
Foto: AP
22 de março- Militantes tártaros e russos correm em área da base ucraniana invadida neste sábado. Cerca de 200 soldados armados tomaram controle do local e expulsaram os ucranianos