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Mundo

Coleção de joias da coroa britânica tem maior diamante já encontrado

2 jun 2012 - 20h53
(atualizado às 20h58)
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Melissa Becker
Direto de Birmingham

Duas exposições de joias em Londres celebram o Jubileu de Diamante de Elizabeth II e oferecem ao público a oportunidade de ver de perto peças de valor inestimável usadas por monarcas britânicos ao longo dos séculos. De coroas cobertas de brilhantes a broches feitos a partir do maior diamante já encontrado no mundo, elas trazem incrustadas histórias e tradições.

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Foto: The Royal Collection (c) 2011, Her Majesty Queen Elizabeth II / Divulgação

Veja as joias da coroa britânica

No dia 30 de junho, uma mostra da coleção pessoal da rainha será aberta no Palácio de Buckingham - residência oficial que abre temporariamente para visitantes no verão europeu, quando a família real parte de férias para a Escócia. Já na Tower of London, a exibição das joias da Coroa não é novidade - visitantes podem ver a beleza e o brilho dos diamantes de perto desde 1661 -, mas desde o final de março a exposição foi recriada em homenagem aos 60 anos de reinado. Enquanto Elizabeth II não usa sua coroa, ela fica em exposição no local, que já foi prisão medieval.

É a única monarquia na Europa a ainda usar esse tipo de joia em solenidades oficiais - como na abertura anual do Parlamento. No site oficial, elas são definidas como "o mais poderoso símbolo da monarquia britânica, com profundo significado religioso e cultural para a história da nossa nação". Em várias, os destaques são pedras garimpadas em ex-colônias do Império Britânico, como Índia e África do Sul. Tradição ou ostentação? Para as especialistas ouvidas pelo Terra, a família real britânica de hoje não é extravagante, e hábitos e referências ao passado são questões culturais.

"Os britânicos são muito fortes em tradições. Sempre haverá alguns elementos incômodos em relação a pontos como as joias da Coroa, principalmente hoje, no mundo pós-colonial, com conexões com esses países. Soa incômodo em uma sociedade multicultural como é a Inglaterra, seria o lado negro disso. Mas adoramos traçar a história de volta à conquista normanda (em 1066) e todos esses tipos de rituais, e a história e a tradição se sobrepõem", opina a doutora Sarah Richardson, historiadora em política e constituição britânicas da Universidade de Warwick, em Coventry, na Inglaterra.

Mas se Elizabeth II foi comedida no uso das peças até mesmo no casamento do príncipe William com Kate Middleton - preferindo um chapéu à coroa, por exemplo -, sua avó, a rainha Mary, era conhecida por ser uma ávida colecionadora de joias, comenta Miranda Wells, da Escola de Joalheria da universidade Birmingham City. Vários desses itens permanecem na família real, mas dificilmente o público os verá adornando a realeza novamente.

"Mesmo na grande depressão, a rainha Mary se enrolava em joias, não se importava. Acho que a família real se tornou muito mais consciente em relação à mídia, a como o povo vive, à economia. Sair vestido com diamantes da cabeça aos pés não seria bem visto. Não imagino a duquesa de Cambridge (título dado a Kate Middleton após o casamento) aparecendo com uma joia dessas. Muitas não são simples de usar", observa Miranda, diretora do curso de gemologia da universidade, no qual um dos primeiros trabalhos dos alunos enfoca justamente as joias da Coroa.

Falar em valor incalculável não é força de expressão: mesmo sendo possível estimar o preço individual das pedras em uma coroa, a situação muda ao se considerar todo o conjunto e seu valor histórico.

O maior diamante do mundo
Peças que podem ser vistas nas exposições têm apenas fragmentos do que foi o maior diamante de qualidade superior já encontrado, o Cullinan. Achado na África do Sul em 1905, tinha 3.106 quilates antes de ser lapidado e foi transformado em nove grandes pedras e 96 pequenos brilhantes. Um dos maiores pedaços, de 530 quilates, está no cetro da rainha. Miranda ressalta que há vários Cullinan nas joias da Coroa, mas também na coleção pessoal de Elizabeth II.

Muitas joias foram dadas de presentes para a monarquia britânica ao longo dos anos. A especialista cita como exemplo um conjunto com colar, bracelete, brincos e outros itens com o qual a Arábia Saudita presenteou a princesa Diana em seu casamento. "Nos tempos coloniais, os marajás indianos disputavam quem daria o mais extravagante presente. A família real possui pedras muito antigas, principalmente indianas", comenta a gemologista.

Mas a coleção não foi feita apenas com presentes generosos. Há um caso de esmeraldas ganhas por um integrante da família real em loteria. Filho do rei George III, o Duque de Cambridge estava em lua-de-mel com a princesa Augusta em Frankfurt, em 1818, e comprou um bilhete de loteria, promovida para ajudar a instituições de caridade. E ganhou: o prêmio foi uma caixa com 40 esmeraldas, que depois foram usadas no Conjunto da Corte de Cambridge e Délhi. Anos depois, o irmão da rainha Mary, Frank, deu as esmeraldas de presente para sua amante irlandesa. A monarca a persuadiu a devolver as pedras após a morte trágica do irmão.

O colar e o broche do conjunto serão agora expostos no Palácio de Buckingham, na exposição da coleção pessoal da rainha Elizabeth II, Diamantes: Uma Celebração do Jubileu (Diamonds: A Jubilee Celebration), de 30 de junho a 8 de julho e de 31 de julho a 7 de outubro. A reapresentação das joias da Coroa é permanente, na Tower of London.

Fonte: Especial para Terra
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