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Chanceleres do Mercosul vão à ONU denunciar espionagem dos EUA

5 ago 2013 - 18h52
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Os chanceleres do Mercosul denunciaram nesta segunda-feira perante o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a espionagem dos Estados Unidos na América Latina, assim como o "agravo" de vários países europeus ao presidente da Bolívia, Evo Morales.

"Levamos nossa denúncia, preocupação e indignação pelo sistema de espionagem global revelado pelo senhor (Edward) Snowden sobre as atividades de inteligência dos Estados Unidos", afirmou após a reunião com o secretário-geral o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Elías Jaua, em nome do grupo.

O venezuelano Jaua, o brasileiro Antonio Patriota, o argentino Héctor Timerman e o uruguaio Luis Almagro se reuniram com Ban aproveitando sua visita à ONU para participar amanhã de um debate aberto do Conselho de Segurança sob a presidência da Argentina.

"É a vez que vimos o secretário-geral mais enfático", asseguraram à Efe fontes diplomáticas após o encontro, do qual também participou o chefe da diplomacia boliviana, David Choquehuanca, e no qual não esteve o ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Félix Fernández, cujo país está suspenso do bloco regional.

A indignação se estendeu pela América Latina depois que o jornal "O Globo" revelou no início do mês de julho que a rede de espionagem denunciada um mês antes pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden, tinha se expandido por toda a região, com especial foco em Brasil, México e Colômbia.

Os EUA colheram diversas informações, especialmente relacionadas com a energia e o narcotráfico, em praticamente todos os países da América Latina, após o que o Brasil anunciou que proporia, no seio da ONU, um debate para criar leis internacionais que protejam a privacidade das comunicações.

"Essa prática viola o direito internacional e dos direitos humanos fundamentais de nossos cidadãos e cidadãs por danar o direito sagrado à privacidade", disse o chanceler venezuelano, que alertou para as "graves implicações" que têm esses atos sobre a estabilidade política dos países afetados.

Perguntado se o Mercosul planeja pedir que se imponham sanções aos EUA pela espionagem, Patriota disse que estão "coordenando" os próximos passos a seguir, mas antecipou que levarão suas queixas também à Assembleia Geral e ao Conselho de Segurança da ONU.

Depois do encontro, o escritório do porta-voz de Ban emitiu um comunicado no qual assegurou que os mecanismos de direitos humanos da ONU estão atentos aos assuntos de privacidade e direitos que estão em jogo em conexão com a vigilância e reiterou a necessidade de "salvaguardar" esses direitos.

O escritório do porta-voz lembrou que a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, já manifestou há um mês que os Estados-membros devem proteger a privacidade de seus cidadãos e que esta só pode ser violada sob o amparo da lei.

Os ministros criticaram as tentativas de "pressionar" os países que levaram em conta o pedido de asilo político de Snowden, um direito "sagrado" dos cidadãos de pedi-lo e dos países de outorgá-lo, e sobre o qual não estão dispostos a negociar porque, segundo Jaua, permitiu salvar "políticos, jornalistas e cidadãos comuns".

Os chanceleres também protestaram perante Ban pelo "abuso" sofrido pelo presidente da Bolívia, depois que vários países europeus lhe impediram de sobrevoar seu espaço aéreo no início de julho, uma atitude que, segundo denunciaram, "viola" a Convenção de Viena e pôs em risco "a dignidade e segurança" física de Morales.

Também aproveitaram sua reunião com o secretário-geral para reafirmar a posição da América Latina sobre dois temas "sensíveis" e que preocupam de forma "permanente" a região: o "bloqueio criminoso" que os EUA impõem a Cuba e a reivindicação argentina para recuperar a soberania das ilhas Malvinas.

EFE   
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