PUBLICIDADE

Mundo

CENÁRIOS-Como a gripe suína pode evoluir

29 abr 2009 - 17h25
Compartilhar

A novo vírus H1N1, da gripe suína, já se espalhou para nove países e pode ter contaminado mais de 2.500 pessoas. A doença matou dezenas no México, e um bebê mexicano que estava de passagem pelo Texas se tornou a primeira vítima fatal em território norte-americano.

A Organização Mundial da Saúde diz que não há como conter a epidemia, e que o melhor a fazer é mitigar seus efeitos.

Embora ainda não seja uma pandemia (epidemia global de uma doença nova e grave), pode rapidamente passar para esse estágio. A seguir, três possíveis cenários:

PANDEMIA GRAVE

É o pior cenário. A cada 30-40 anos, o mundo sofre uma epidemia de "influenza", na qual uma nova cepa do vírus da gripe se propaga rapidamente, matando centenas de milhares de pessoas em poucas semanas.

A pandemia de 1918 (dita "gripe espanhola") é considerada modelo para o cenário mais grave. Naquela ocasião, pelo menos 40 milhões de pessoas morreram num período de 18 meses, e a epidemia passava de uma comunidade a outra em ondas.

Mas isso foi na era pré-antibióticos, quando as pessoas morriam por causa de infecções simples, não havia respiradores mecânicos e as vacinas eram primitivas. A população em geral não tinha ideia de como as doenças eram transmitidas.

Mesmo assim, os especialistas preveem que uma gripe como a de 1918 manteria 40 por cento da força de trabalho afastada, seja porque as pessoas estariam doentes, ou cuidando de parentes doentes, ou simplesmente recolhidas. Isso levaria à escassez de gêneros e até de energia.

Nas circunstâncias atuais, milhões de pessoas poderiam morrer, o comércio global iria se desacelerar e muitos países entrariam em crise econômica.

PANDEMIA BRANDA

A última aconteceu em 1968, quando o vírus H3N2 ("gripe de Hong Kong") matou cerca de 1 milhão de pessoas no mundo. Os especialistas acreditam que uma cepa desse tipo hoje teria efeitos muito menos graves, já que existem antivirais que não estavam no mercado há 40 anos.

Mesmo com mais vacinas, mais remédios e uma população mais informada, as gripes sazonais comuns matam entre 250-500 mil pessoas por ano, em geral bebês, idosos e pessoas com imunidade comprometida. No caso de uma pandemia, adultos saudáveis são mais suscetíveis, e, ao contrário da gripe comum, não há uma vacina imediatamente disponível.

Uma pandemia branda já seria suficiente para afetar o comércio e as viagens, provocar flutuações cambiais e escassez de medicamentos antivirais e antibióticos destinados a combater as "infecções paralelas" que costumam acompanhar a gripe. Há quem preveja também a falta de equipamentos como respiradores mecânicos, pois hospitais de muitos países, especialmente os Estados Unidos, já operam no limite.

SEM PANDEMIA

O mundo inteiro torce para que esta cepa da gripe simplesmente suma. A "influenza" é um vírus promíscuo, trocando genes o tempo todo com outros vírus de gripe dentro de organismos humanos e animais. Além disso, sofre mutações constantes. Ambos esses fatores implicam que o H1N1 de repente pode se tornar pior, ou mais brando. A qualquer momento ele poderia perder sua capacidade de passar facilmente de pessoa para pessoa, ou poderia se tornar brando como uma gripe sazonal comum.

Mas levará meses para que se saiba se isso aconteceu. Cepas de gripe costumam desaparecer durante os meses de verão (meados do ano no Hemisfério Norte, origem da epidemia), voltando no final da estação ou no começo do outono. A cepa de 1918 voltou vingativa.

Por enquanto, a Organização Mundial da Saúde diz apenas que uma pandemia é possível. "É provavelmente prematuro pensar nisso como uma pandemia branda ou como uma pandemia grave", disse na quarta-feira Keiji Fukuda, dirigente da OMS. "Está claríssimo que não podemos prever qual será o rumo disso."

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade