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Celac pede à UE mais compromisso com Venezuela, Cuba e Mercosul

10 jun 2015 - 22h25
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A Celac pediu à União Europeia (UE), nesta quarta-feira, mais compromisso com Venezuela, Cuba e Mercosul, no primeiro dia de uma cúpula que reúne delegações de 61 países em Bruxelas.

A situação política na Venezuela concentrou grande parte das reivindicações dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), uma situação que "preocupa" os europeus.

"Rechaçamos e exigimos a anulação da ordem executiva emitida pelo presidente Barack Obama", disse, em nome da Celac, o presidente equatoriano, Rafael Correa, que exerce a presidência rotativa do bloco.

"A ordem, além do argumento ridículo, viola de forma flagrante o Direito Internacional", acrescentou.

"Sabemos que essas medidas são contraproducentes, ineficazes e injustas. Por isso, rechaçamos a adoção de qualquer tipo de sanções contra a Venezuela", afirmou a presidente Dilma Rousseff na sessão plenária.

Em março, a Casa Branca qualificou a situação na Venezuela de ameaça à segurança americana e impôs sanções a funcionários de governo de Nicolás Maduro.

A Celac, a Unasul, o G77 e a China já pediram que o decreto seja anulado.

O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, que representou seu país em Bruxelas, declarou à noite que o presidente da Bolívia, Evo Morales, e outros dirigentes latino-americanos mencionaram "o tema da anulação imediata necessária deste decreto".

Os países latino-americanos também reivindicaram mais atenção às negociações comerciais entre a UE e o Mercosul. Depois de serem retomadas em 2010 após seis anos de suspensão, elas estão novamente bloqueadas.

"O Mercosul quer consolidar esta relação [com a UE], avançando nas negociações com a União Europeia. É uma prioridade da agenda externa do Mercosul e do Brasil", frisou Dilma.

Os dois blocos deveriam ter trocado ofertas alfandegárias no ano passado, mas isto não ocorreu e, há meses, as negociações parecem estancadas.

Na quinta-feira, à margem da cúpula, os ministros das Relações Exteriores de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - os países do Mercosul, que participam dessa negociação - vão se reunir com a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmstrom.

Fontes vinculadas às negociações informaram à AFP que também participará um dos conselheiros da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, para "tentar facilitar" a negociação. Depois desse encontro, espera-se a divulgação de uma declaração conjunta.

A UE assinou acordos comerciais com 26 dos 33 países que compõem a Celac.

Os dois blocos celebraram o degelo das relações entre Cuba e Estados Unidos, qualificado por Correa como "uma vitória da dignidade e da soberania do povo cubano". A Celac também aplaudiu a tentativa da UE de normalizar suas relações com o regime comunista de Havana.

Apesar da ausência do presidente Raúl Castro, Cuba enviou a Bruxelas uma importante delegação, chefiada pelo número dois do governo, o vice-presidente Miguel Díaz-Canel e o chanceler Bruno Rodríguez.

Para Cuba, essa reunião é apenas o preâmbulo de dois dias de negociações bilaterais diretas com os europeus, previstas para acontecer em 15 e 16 de junho, em Bruxelas.

Com sintonia total, os dois blocos pediram o fim do embargo americano à Ilha.

"Resta extirpar o desumano bloqueio e a devolução do território ocupado de Guantánamo, um desses vícios do colonialismo na nossa América", disse Correa, referindo-se ao território da Ilha, onde os Estados Unidos continuam tendo uma base e uma prisão militar de alta segurança. Nesse local, são mantidos os presos acusados de terrorismo.

Em paralelo à cúpula, Ollanta Humala, do Peru, e Juan Manuel Santos, da Colômbia, assinaram em caráter protocolar um acordo com a UE para a isenção de vistos de turismo para os cidadãos desses dois países. Quando o acordo começar a vigorar no fim do ano, colombianos e peruanos poderão viajar para a UE sem exigência de visto por um período de até 90 dias.

Santos também recebeu da cúpula o apoio da UE para a criação de um fundo fiduciário para financiar o pós-conflito, assim que for selado um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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