Capriles acusa governo de usar violência para dividir Venezuela
O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, acusou nesta quarta-feira o governo do presidente Hugo Chávez de usar a violência para tentar dividir o país e gerar o confronto, e assegurou que a oposição deve responder com "conteúdo" político. Após um ato organizado pela oposição por ocasião do 55º aniversário do final da ditadura de Marcos Pérez Jiménez, Capriles disse aos jornalistas que o ditador tinha o "monopólio da violência e com a violência intimidava os venezuelanos e com a violência governava".
"É muito parecido com o tempo que estamos vivendo: o governo tem o monopólio da violência, quer utilizar a violência para que os venezuelanos briguem uns contra os outros", criticou. Capriles disse ainda que a oposição deve "indicar claramente aos venezuelanos" que o caminho a ser tomado "não é o do confronto nem da violência, mas da paz".
"Infelizmente os que governam não acreditam na unidade dos venezuelanos, sua conduta é sectária, eles falam de inclusão, mas não pode haver inclusão se há exclusão e a realidade que estamos vivendo hoje os venezuelanos é que quem discorda do governo é excluído", opinou. Capriles afirmou que a oposição trocou uma passeata por um ato em um parque de Caracas pois o governo convocou para o mesmo dia uma grande manifestação, com o objetivo de provocar o "confronto entre os venezuelanos". "Nós não temos nada que extrair do confronto, o confronto é o mecanismo do governo como foi de Marcos Pérez Jiménez a violência", atacou.
Capriles, atual governador de Miranda, disse ainda que o importante é "derrotar a violência, derrotar os violentos, aqui se trata de derrotar os que têm poder e que todos os dias convocam a violência". Além disso, Capriles frisou a necessidade de dar um conteúdo político ao discurso da oposição. "Não é só reivindicar nem criticar, é encher este processo de propostas de alternativas, de apresentar aos venezuelanos qual é a solução", acrescentou.
O líder disse ainda que a oposição não deve ficar discutindo se é o vice-presidente Nicolás Maduro ou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, quem deve dirigir o país. "O problema não é um ou outro. Não vamos permitir que o governo utilize este debate como desculpa para não entrarmos nos verdadeiros problemas que temos", afirmou.
Capriles aproveitou para criticar Hugo Chávez, e disse que se o presidente pode brincar, ele deve fazer uma ligação telefônica ao país para transmitir tranquilidade aos seus seguidores e a todos os venezuelanos. "Se uma pessoa pode fazer brincadeiras, por que não pode pegar um telefone e transmitir tranquilidade aos venezuelanos?", questionou.
Segundo os últimos relatórios oficiais sobre a saúde de Chávez, que está em Cuba se recuperando de uma cirurgia de um câncer, o presidente brincou com o novo chanceler, Elías Jaua, durante o encontro que ambos tiveram no início da semana em Havana. O governador de Miranda disse que as figuras que estão agora à frente do Executivo têm alta rejeição e que o governo utiliza "todos os dias a imagem do presidente para tentar ganhar tempo".
"Tentam fazer com que os venezuelanos acreditem que este não é o momento de exigir pois o presidente está fora e é preciso ser solidário com o presidente", declarou. "Sim, somos solidários com o presidente, mas isto não é desculpa para que o governo deixe de atender os problemas dos venezuelanos", criticou.
"Nós desejamos que o presidente retorne, recupere-se e retorne para exercer sua função, o mandato que o povo lhe deu", sustentou. Capriles disse que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) pede, "e tem o direito de fazer isso, que os venezuelanos sejam informados" sobre a saúde de Chávez.