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Mundo

Bill Gates prevê que em 2035 quase não haverá países pobres

21 jan 2014 - 21h11
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O multimilionário americano Bill Gates previu que em 2035 quase não haverá países pobres no mundo todo, um prognóstico baseado nos progressos favoráveis na luta contra a pobreza extrema alcançados nas últimas décadas.

O filantropo considerou, em entrevista nesta terça-feira à Agência Efe, que esse objetivo é "absolutamente" factível, e destaca especialmente o progresso na América Latina, onde acredita que em duas décadas pode não haver países pobres, apenas com a possível exceção do Haiti.

Gates detalha sua audaz previsão em carta anual da Fundação Bill e Melinda Gates, divulgada hoje, e que tenta derrubar três mitos muito comuns sobre a ajuda ao desenvolvimento: que os países pobres estão condenados a seguir sendo assim; que essa ajuda é desperdiçada pela má gestão e corrupção, e que salvar vidas nos países mais pobres gera um excesso de população.

No documento, Gates rejeita com argumentos e fatos todos esses mitos e afirma pelo contrário que "o mundo está melhorando", embora "em câmera lenta", já que a imagem mundial da pobreza "mudou completamente durante o transcurso da minha vida".

Lembra que a pobreza extrema passou em poucas décadas de 35% a 15% da população mundial, motivo pelo qual diz que "é mais importante que nunca medir os resultados e explicar as boas notícias".

Por isso, Gates se atreve a fazer o atrevido prognóstico que "em 2035 quase não haverá países pobres no mundo", segundo diz na carta, e afirma na entrevista que o progresso do mundo faz com que "o tempo esteja do nosso lado", já que "vimos que coisas funcionam e quais não funcionam".

Gates destaca o exemplo da América Latina, onde países como o México e Brasil já são considerados "de renda média" mesmo "ainda restando trabalho a fazer" na luta contra a pobreza.

Por isso, considera que países considerados agora de baixa renda, como Bolívia, Nicarágua, El Salvador e Guatemala, poderiam estar a ponto de iniciar algo para, em 2035, estar nos níveis atuais de México e Brasil.

"Ficaria assombrado se em 2035 houvesse algum país de nosso hemisfério, com a possível exceção do Haiti, que não esteja fora da categoria de baixa renda", afirmou.

Bill Gates reconhece que tirar bilhões de pessoas da pobreza no mundo todo aumenta o consumo de energia e o risco da mudança climática, o que considera "um dos problemas do sucesso", como o aumento da obesidade.

No entanto, ressalta que a maior responsabilidade das emissões de efeito estufa reside ainda nos países mais ricos, embora considere que se pode seguir lutando "em paralelo" contra a pobreza e contra a mudança climática.

Em todo caso, deixou claro que "os mais pobres de todo o mundo merecem as coisas que nós não valorizamos", como ter eletricidade ou uma geladeira, "portanto devemos dar-lhes energia sem gás carbônico".

Gates, o homem mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 78,5 bilhões no último dia 31 de dezembro pelo índice Bloomberg de multimilionários, reconheceu que o principal objetivo da carta é conseguir que os governos mantenham ou aumentem os níveis de ajuda ao desenvolvimento, já que a filantropia privada "não pode preencher os vazios".

Perguntado sobre o relatório que a ONG Oxfam divulgou nesta segunda-feira sobre o aumento das desigualdades econômicas no mundo todo e a concentração da riqueza em cada vez menos mãos, Gates apontou que isso não significa que esteja aumentando o número de pobres no mundo.

Ao contrário, afirma que por não haver uma quantidade limitada de dinheiro em nível global, se a educação melhora e as crianças têm melhor nutrição, "o volume da riqueza mundial aumenta e todo o mundo se beneficia disso".

Sem ser perguntando, disse que sua fortuna pessoal se destina "a ajudar aos pobres. Está temporariamente em minha conta bancária, não a consumo".

"O consumo é o que devemos olhar. Há mais gente que pode comprar telefones celulares ou o suficiente para comer, ou uma geladeira. O progresso é fenomenal, não acabou, mas é fenomenal", insistiu.

Em nível mais pessoal, Gates, de 58 anos e que desde 2008 já não exerce funções executivas na Microsoft para se dedicar totalmente à fundação, afirma sentir-se "uma pessoa muito afortunada" por ter podido exercer "dois dos melhores trabalhos do mundo".

Lembrou seu trabalho como cofundador e executivo da Microsoft como "provavelmente o melhor do mundo", já que lhe permitiu dar forma à revolução informática que mudou o planeta nas últimas décadas.

O mesmo pensa de seu trabalho atual na fundação, que lhe valeu em 2006 o Prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional, que "é o mais divertido", já que "tem impacto" e "salvamos muitas vidas".

"É o que vou fazer durante o resto da minha vida e não poderia desfrutar mais", concluiu.

EFE   
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