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Autor de livros com "segredos" do Vaticanos: "papa está só"

3 nov 2015 - 17h32
(atualizado às 17h48)
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Foto: EFE

Emiliano Fittipaldi, autor de "Avarizia", livro com documentos segretos do Vaticano cujo vazamento levou à detenção do sacerdote espanhol Lúcio Vallejo Balda e da italiana Francesca Chaouqui, afirmou nesta terça-feira considerar que o papa "está bastante só".

"Espero que este livro mostre a todos quais são as reformas (...) que é preciso fazer na Igreja, não só uma reforma estrutural ou a criação de um novo dicastério (Ministério), mas que haja uma verdadeira transparência", disse Fittipaldi à imprensa.

"A Igreja Universal tem um compromisso ético e moral, sobretudo para os crentes, mas também para os não crentes e para os agnósticos (...) Espero que o papa Francisco o consiga. Devo dizer que está bastante só", acrescentou.

Fittipaldi publica nesta semana seu livro, da mesma forma que o também italiano Gianluigi Nuzzi, com "Via Crucis". As duas obras se baseiam nos documentos supostamente vazados pelos detidos Vallejo Balda - que permanece preso no Vaticano - e Chaouqui.

Ele explicou à Agência Efe que em seu livro revela que, nos processos de canonização, familiares dos candidatos a beatos ou santos são cobrados.

"Há alguns casos nos quais os parentes das pessoas que morreram e que estão à espera de ser beatificados e canonizados podem pagar até 200.000, 300.000 ou 400.000 euros", disse.

Fittipaldi contou, além disso, que em 2010 a maior parte do dinheiro coletado com o Óbolo de São Pedro, instituição que administra as obras de caridade do papa, foi destinada a "despesas ordinárias e extraordinárias de dicastérios e instituições da Cúria romana", e não aos mais necessitados.

O autor do livro se declarou surpreso por ter descoberto que este fundo de beneficência tinha no final daquele ano 378 milhões de euros, ao invés de ter sido utilizado.

"Quando descubro que estes fundos não estão sendo utilizados para a beneficência, mas para outras verbas, a coisa me surpreende ainda mais", acrescentou.

Fittipaldi criticou o cardeal George Pell, prefeito regional da Secretaria Econômica do Vaticano, e considera que sua nomeação por parte do papa Francisco foi "um erro".

O Vaticano comunicou na segunda-feira a detenção de Vallejo Balda e de Chaouqui dentro de uma investigação por terem vazado documentos e outros materiais considerados reservados.

O escândalo já é conhecido como "Vatileaks 2", em relação ao escândalo "Vatileaks" que na época do papa Bento XVI levou à detenção e condenação de seu mordomo, Paolo Gabrielli, também por ter vazado informações sigilosas.

"Vatileaks 1 se refere a uma série de cartas privadas que não continham notícias jornalísticas. Isto não tem nada a ver. Se fala em documentos econômicos, de interesses privados, com interesse informativo. Há diferenças gigantescas entre as duas histórias", ressaltou Fittipaldi.

"Espero que este livro possa servir para os que querem reformar verdadeiramente a Igreja para que compreendam quais são realmente os pontos financeiros e econômicos que devem ser reformados para o papa Francisco conseguir o que quer, ou seja, uma Igreja para os pobres", acrescentou.

EFE   
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