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Mundo

Atirador belga que matou 4 se sentia perseguido pela polícia

14 dez 2011 - 11h18
(atualizado às 12h40)
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O atirador solitário belga responsável pelo massacre no centro da cidade de Liège tinha uma longa ficha criminal e vivia com medo de voltar para a prisão, segundo as autoridades belgas, que revisaram para quatro o número de mortos na tragédia que abalou a Bélgica.

Nordine Amrani tinha uma longa ficha criminal e vivia com medo de voltar para a prisão
Nordine Amrani tinha uma longa ficha criminal e vivia com medo de voltar para a prisão
Foto: Reuters

Entre as vítimas está uma mulher encontrada nesta quarta-feira na residência de Nordine Amrani, o autor do massacre, mas não uma idosa de 75 anos que havia sido incluída no balanço divulgado na terça-feira e que está hospitalizada em situação grave, segundo anunciou o procurador federal da cidade, Daniele Reynders, em uma entrevista coletiva.

Dois adolescentes, um de 15 anos e outro de 17, e um bebê de 17 meses também morreram no massacre de Amrani, que abriu fogo indiscriminadamente e jogou três granadas contras pessoas que esperavam o ônibus na praça central de Saint-Lambert, em Liège.

"O corpo estava em um galpão de Amrani, que ele utilizava entre outras coisas para cultivar maconha", declarou o procurador de Liège, Cedric Visart de Bocarmé.

De acordo com Bocarmé, o corpo encontrado é o de uma mulher de 45 anos, empregada doméstica de uma vizinha de Amrani, que foi assassinada pouco antes de Amrani seguir para a praça Saint-Lambert e abrir fogo.

Ao que parece, o atirador convidou a empregada para sua casa sob o pretexto de oferecer emprego e depois a agrediu e matou, segundo fontes policiais.

Os oficiais da justiça e a polícia pintaram o retrato de um homem com paixão pelas armas e com um extenso passado criminoso que o fazia ter medo constante de voltar para a cadeia.

Amrani estava em liberdade condicional e deveria ter comparecido na terça-feira a uma delegacia para responder a uma denúncia de agressão sexual. Velho conhecido da justiça belga, foi condenado em 2007 a cinco anos e meio de prisão por posse de armas, entorpecentes e abuso sexual. Foi colocado em liberdade condicional em 8 de outubro de 2010, depois de passar 3 anos na prisão, explicou Reynders.

"Um deliquente que passou por tudo: tribunal para menores, tribunal correcional, corte de apelações...", afirmou o promotor-geral.

Não tinha qualquer vínculo com organizações terroristas e as autoridades descartaram que se tratasse de um atentado terrorista.

Nunca teve problemas psiquiátricos, o que leva a muitos questionamentos sobre o que motivou o massacre.

Segundo Abdlehadi Amrani, um ex-advogado do assassino, com quem não tinha maiores vínculos, o responsável pela tragédia era um homem que "se sentia perseguido pela polícia".

Um arsenal de centenas de armas pesadas e munições foi achado em seu domicílio há quatro anos, informou a polícia. Amrani não tinha permissão de portar nenhum tipo de arma.

Depois de aparentemente matar a empregada, seguiu para o centro da cidade e, vestido com uniforme militar e armado com quatro granadas, uma pistola e um fuzil automático, Amrani abriu fogo contra pessoas que esperavam ônibus na praça a partir do teto de uma padaria. Pouco depois cometeu suicídio com uma bala na cabeça.

Apesar de não ter deixado nenhuma mensagem, o ataque foi cuidadosamente preparado, segundo indicou o promotor-geral de Liège.

As pessoas que se encontravam na praça, entre eles vários adolescentes que haviam acabado de sair da escola, começaram a correr, refugiando-se em lojas e cafés da zona. Poucos minutos depois, a polícia cercou o lugar.

Segundo o promotor, 125 pessoas ficaram feridas e cerca de 40 foram internadas por traumas psicológicos.

O ataque aconteceu na praça Saint-Lambert, a principal da cidade, onde fica o palácio da justiça e um mercado muito popular. Devido a uma forte tempestade, as autoridades haviam suspenso um tradicional mercado natalino previsto no local.

"Ele atuou sozinho e parecia estar muito seguro de seus atos. Queria atacar a maior quantidade de pessoas possível. Ouviu quatro explosões e disparos que duraram cerca de dez segundos", contou Nicolas, uma das testemunhas oculares.

"Todo o país está de luto", declarou o novo primeiro-ministro Elio di Eupo, que visitou o local da tragédia.

O rei da Bélgica, Alberto II, e sua esposa Paola também compareceram na terça-feira ao local da tragédia para prestar sua homenagem.

Nesta quarta-feira ao meio-dia, a cidade de Liège observou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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