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Ásia

Tufão Haiyan deixou ao menos 10.000 mortos nas Filipinas, segundo autoridades

10 nov 2013 - 13h27
(atualizado às 13h28)
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O tufão Haiyan deixou ao menos 10.000 mortos e 2.000 desaparecidos em sua passagem pelas Filipinas, o que o converte no desastre natural mais mortífero já registrado no país, segundo estimativas das autoridades divulgadas neste domingo.

No Vietnã, onde o tufão é esperado na manhã de segunda-feira, mais de 600.000 pessoas foram evacuadas, embora o Haiyan tenha perdido força em sua passagem pelo mar da China Meridional.

Duas ilhas do centro do arquipélago filipino, Leyte e Samar, que estavam em plena trajetória do Haiyan quando ele atingiu o país, na madrugada de sexta-feira, foram especialmente afetadas.

Em Tacloban, cidade costeira de Leyte, o tufão deixou imagens apocalípticas, com filas de homens, mulheres e crianças andando pelas estradas com o nariz coberto para se proteger do cheiro dos corpos sem vida.

Um homem, Edward Guialbert, perambulava entre os cadáveres para recuperar alimentos em conserva sob os escombros de uma casa. Mais adiante, um açougue que por milagre permaneceu intacto foi saqueado por uma multidão. Um comboio de ajuda da Cruz Vermelha também foi saqueado. As forças de segurança estavam praticamente ausentes.

"Nós nos reunimos com o governador (da província de Leyte) na noite passada e, baseando-nos nas estimativas do governo, há 10.000 vítimas (fatais)", declarou à imprensa Elmer Soria, funcionário de alto escalão da polícia de Tacloban, a capital da província de Leyte, na ilha de mesmo nome.

Em Samar, porta de entrada do tufão no país na sexta-feira, foi confirmada a morte de ao menos 300 pessoas na pequena cidade de Basey, e outras 2.000 estão desaparecidas em toda a ilha, indicou Leo Dacaynos, membro do conselho de gestão de catástrofes, à rádio DZBB.

Também foi confirmada a morte de dezenas de pessoas em outras cidades e províncias devastadas pelo super tufão.

Muitas localidades permaneciam incomunicáveis e as autoridades enfrentavam muitas dificuldades para agir devido à magnitude da catástrofe e ao número de vítimas a serem resgatadas.

Casas destruídas, postes elétricos derrubados, carros virados e sobreviventes atordoados percorrendo as ruas: a paisagem deixada pela passagem do Haiyan, acompanhado por ventos de até 315 km/h, lembrava a destruição provocada pelo tsunami de 2004 na Ásia.

"Ocorreram grandes destruições (...) A última vez que vi algo parecido foi durante o tsunami no oceano Índico" que deixou 220.000 mortos em 2004, afirmou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU encarregada da gestão de desastres que se encontrava em Tacloban.

No Vietã, as autoridades evacuaram "mais de 174.000 lares, o que equivale a mais de 600.000 pessoas", informou um comunicado do ministério vietnamita de Controle de Inundações e Tempestades.

Espera-se que a tempestade chegue ao país na manhã de segunda-feira, 24 horas depois do previsto inicialmente, depois de mudar repentinamente de trajetória, o que obrigou as autoridades a realizarem grandes evacuações na província de Nghe An, no norte, a 230 km da capital, Hanoi.

O Haiyan "avança rapidamente em direção ao norte-noroeste a uma velocidade de 35 km/h", indicou a agência de meteorologia vietnamita. Deverá tocar a terra na segunda-feira às 07h00 locais (22h00 de Brasília deste domingo) rebaixado à categoria 1 e com ventos de até 74 km/h.

No Ângelus deste domingo, o papa Francisco, que já havia enviado uma mensagem de apoio às vítimas pelo Twitter, fez uma oração em silêncio com os mais de 60.000 fiéis reunidos na Praça de São Pedro. "Vamos tentar fazer nossa ajuda concreta chegar a eles", acrescentou.

Vários países ofereceram ajuda às Filipinas. Os Estados Unidos fornecerão helicópteros, aviões, barcos e equipamentos destinados à busca e ao resgate, após um pedido feito por Manila, indicou o secretário americano da Defesa, Chuck Hagel.

Austrália e Nova Zelândia entregaram neste domingo quase meio milhão de dólares (370.000 euros) à Cruz Vermelha das Filipinas e indicaram que podem fornecer ajuda adicional.

A UNICEF preparou 60 toneladas de ajuda sanitária, que deve chegar ao país na terça-feira, e o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PAM) está organizando o envio de 40 toneladas de alimentos.

Todos os anos, as Filipinas são atingidas por cerca de vinte tempestades e tufões entre os meses de junho e outubro.

Além dos tufões, o país sofre regularmente com a ira da natureza, em forma de terremotos ou erupções vulcânicas, com um balanço de vítimas fatais cada vez maior.

No entanto, se o balanço de 10.000 mortos se confirmar, o Haiyan será a pior catástrofe natural já registrada na história recente do país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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