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Ásia

Comunidade internacional: é cedo para aprender com Fukushima

14 abr 2011 - 08h49
(atualizado às 09h32)
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Os países com instalações nucleares em atividade concordaram nesta quinta-feira em Viena sobre a necessidade de aprender lições do acidente da planta japonesa de Fukushima, embora reconheçam que ainda falta informação para fechar o processo.

Essa foi a principal conclusão da Convenção de Segurança Nuclear que encerrou nesta quinta, a primeira deste tipo após o acidente do Japão, um fato que não só reabriu o debate sobre a segurança da energia nuclear, mas a necessidade de regras claras aos países com essa tecnologia que os obriguem a seguir.

"As partes signatárias se comprometem a tirar conclusões e atuar com relação às lições do acidente de Fukushima", recolhe o documento, assinado por 71 países e a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom).

Nesse sentido, o texto indica que os países "em linha com suas responsabilidades nacionais estão fazendo revisões para garantir a constante segurança das usinas nucleares existentes e se comprometem a realizar em breve ações concretas com base nessas lições".

Em 4 de abril, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertiu que após a catástrofe de Fukushima, a indústria atômica não pode continuar "como se nada tivesse acontecido".

De fato, o acidente na planta japonesa reabriu o debate, não só sobre a segurança da energia atômica, mas sobre a falta de autoridade da AIEA para impor aos estados normas de segurança.

De qualquer maneira, a declaração reconhece que esse processo de aprendizagem não pode ser concluído até que "se tenha conhecimento suficiente e este seja analisado completamente".

Com relação a isso, a declaração assegura que o "Japão se comprometeu a facilitar essas informações o mais rápido possível".

A política de comunicação foi outro dos assuntos mais polêmicos em torno da gestão da crise.

Em declarações à Agência Efe, vários diplomatas europeus e latino-americanos credenciados na AIEA coincidiram em que o fluxo de informação por parte do Japão foi lento e insuficiente.

Alguns analistas acusaram Tóquio inclusive de descumprir a convenção de notificações, que obriga a informar de forma rápida e precisa sobre qualquer incidente nuclear.

De qualquer forma, a Convenção, realizada a cada três anos, e que não tem capacidade de impor às partes padrões de segurança, foi marcada pelo ocorrido no Japão, embora nenhuma medida concreta tenha sido aprovada.

Li Ganjie, presidente da reunião, indicou na sessão de encerramento, que o acidente de Fukushima mostra que a energia nuclear "ainda desperta profundas preocupações" e encorajou os países-membros a seguir colaborando para melhorar a segurança.

Fukushima será também o foco de atenção da reunião extraordinária que a convenção realizará em 2011.

Além disso, as partes signatárias anunciaram que a convenção realizará uma reunião extraordinária em 2012, dois anos antes do encontro previsto na agenda deste fórum internacional.

Esse encontro terá como objetivo melhorar a segurança "mediante a revisão e a troca das lições aprendidas de Fukushima e das medidas tomadas" por parte dos países signatários.

Além disso, o documento apresentado nesta quinta se refere à importância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como responsável de estabelecer regras de segurança, que os países são livres para aplicar.

A AIEA convocou para junho deste ano uma conferência ministerial para avaliar o ocorrido em Fukushima e tirar conclusões.

EFE   
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