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Ásia

Japão: operadora trabalha em plano para encerrar crise nuclear

13 abr 2011 - 10h24
(atualizado às 11h15)
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A operadora da usina nuclear japonesa Fukushima Daiichi disse nesta quarta-feira ainda estar trabalhando em um plano detalhado para encerrar a crise nuclear um mês após seu início, e testes mostraram que os níveis de radiação no mar próximo ao complexo dispararam.

Os engenheiros chegaram um passo mais perto de esvaziar a água altamente radioativa de um dos seis reatores atingidos, o que pode permitir que comecem a consertar o sistema de resfriamento, crucial para retomar o controle dos reatores.

A agência de energia nuclear do Japão declarou que os testes mais recentes mostraram que a radiação quase duplicou na semana passada, chegando a 23 vezes acima dos limites legais, no mar da cidade de Minamisoma, próximo da usina.

Uma série de fortes réplicas do tremor sacudiu o leste do país, e as retiradas temporárias de trabalhadores e períodos de falta de energia atrasaram o esforço de recuperação na usina de Fukushima Daiichi.

Acossado, o presidente da operadora Tokyo Electric Power Co (Tepco) disse que a situação na usina nuclear, atingida por um tsunami de 15 metros no dia 11 de março, está estabilizada.

Mas Masataka Shimizu, presidente da Tepco, afirmou que a empresa ainda prepara um esboço para por fim à crise, agora comparada ao pior acidente nuclear da história, o desastre de Chernobyl em 1986.

"Seguindo instruções do primeiro-ministro Kan, estamos trabalhando nos detalhes específicos de como lidar com a situação para que possam ser revelados assim que possível", disse Shimizu, aparentando tranqüilidade, em uma entrevista coletiva em Tóquio.

Shimizu esteve ausente durante boa parte da operação de recuperação, tendo passado seu tempo no hospital e só visitado a área na segunda-feira. Ele se recusou a comentar o clamor público por sua renúncia, e novamente se desculpou ao povo japonês pela crise.

"Estamos fazendo o maior esforço para desligar os reatores de Fukushima Daiichi e deter a disseminação da radiação", disse.

A sede da Tepco em Tóquio foi alvo de protestos de manifestantes revoltados com a crise nuclear, e as autoridades resolveram não correr riscos nesta quarta-feira, posicionando veículos anti-tumulto e seguranças diante do portão principal durante a coletiva de imprensa.

Os dados mais recentes mostraram que vazou muito mais radiação da usina de Fukushima nos primeiros dias da crise do que se suspeitava, o que levou as autoridades a classificá-la no mesmo nível do desastre de Chernobyl.

Mas especialistas rapidamente ressaltaram que as duas crises são muito diferentes em termos de contaminação radioativa.

Temores de contaminação têm surgido entre os vizinhos do Japão, mas a China disse que o impacto em seu território foi pequeno, observando que a radiação foi somente 1 por cento do que recebeu de Chernobyl.

O saldo do desastre vem aumentando. Mais de 13 mil mortes foram confirmadas, e nesta quarta-feira o governo reduziu suas perspectivas para a economia, em deflação há quase 15 anos, pela primeira vez em seis meses.

O custo total da catástrofe tripla foi estimado em 300 bilhões de dólares, tornando-a o desastre natural mais caro da história. A Tepco declarou estar trabalhando em um plano de compensação.

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