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Ásia

Após conter vazamento nuclear, Japão foca acúmulo de hidrogênio

6 abr 2011 - 15h01
(atualizado às 15h28)
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O Japão começou a injetar gás nitrogênio em um reator nuclear danificado, mudando o foco da luta contra o pior desastre nuclear do mundo em 25 anos para a prevenção de um acúmulo explosivo de gás hidrogênio na usina de Fukushima Daiichi. Operários começaram na noite de quarta-feira (horário local) a injetar nitrogênio no invólucro de contenção do reator 1, após um avanço conquistado pela manhã, quando foi contido o vazamento de água altamente radiativa no mar, vinda de outro reator do complexo de seis reatores.

"É preciso injetar gás nitrogênio no invólucro de contenção e eliminar o potencial de uma explosão de hidrogênio", disse à imprensa um representante da Tokyo Electric Power Company (Tepco), a operadora da usina. A possibilidade de outra explosão de hidrogênio como as que ocorreram nos reatores 1 e 3 no início da crise, espalhando altos níveis de radiação no ar, é "muito baixa", segundo ele. Mas, ainda segundo o funcionário, a Tepco suspeita que a parte externa do invólucro do reator esteja danificada. "Nessas condições, se continuarmos a resfriar os reatores com água, o hidrogênio que está vazando do invólucro do reator para o invólucro de contenção pode se acumular, alcançando um ponto em que poderá explodir", disse ele.

Embora engenheiros tenham conseguido fechar o vazamento no reator 2, após dias de esforços desesperados, eles ainda precisam bombear 11,5 milhões de litros (11.500 toneladas) de água contaminada de volta para o oceano, porque o espaço para armazenamento na usina se esgotou. A água foi usada para resfriar os bastões de combustível superaquecidos. Especialistas nucleares disseram que os reatores danificados estão longe de estarem sob controle, quase um mês depois de serem atingidos por um terremoto e tsunami maciços, em 11 de março.

A preocupação crescente dos países vizinhos Coreia do Sul e China com a radiatividade vinda do Japão ganhou destaque quando o Ministério da Saúde chinês anunciou que quantidades mínimas de iodo radiativo foram detectadas no espinafre produzido em três províncias chinesas. Os dois vizinhos do Japão teriam se queixado de não terem sido plenamente informados sobre os planos da Tepco de soltar água radiativa no Oceano Pacífico. Especialistas insistiram que a água com baixo nível de radiatividade a ser bombeada para o oceano não traz riscos à saúde das pessoas. "A quantidade original de radiatividade é muito pequena, e, diluída em um corpo de água enorme, os níveis finais serão inferiores aos limites legais", disse Pradip Deb, professor sênior de Radiações Médicas da Escola de Ciências Médicas da Universidade do Instituto Real Melbourne de Tecnologia.

Novas diretrizes

O governo japonês se prepara para rever as diretrizes sobre níveis legais de radiação, criados para exposição breve a níveis altos de radiação em emergências e não para absorção cumulativa, para as pessoas que vivem nas proximidades da usina danificada. Operários lutam para colocar em operação as bombas de resfriamento, que reciclam a água, em quatro reatores danificados.

Enquanto as bombas não forem consertadas, eles precisam injetar água para prevenir o superaquecimento e derretimento dos reatores, mas a capacidade de armazenagem da água do mar contaminada já está esgotada. Já foram detectados níveis de iodo radiativo no mar 4.800 vezes acima do limite legal, mas desde então eles já caíram para 600 vezes o limite. A água remanescente nos reatores tem níveis de radiação 5 milhões de vezes acima do limite legal.

O Japão enfrenta sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, depois de um terremoto de magnitude 9,0 e um tsunami terem deixado quase 28 mil mortos e desaparecidos, além de milhares de desabrigados, abalando a terceira maior economia do mundo. É provável que leve meses para resfriar os reatores e anos para desmontar os reatores danificados. A Tepco já anunciou que vai desativar permanentemente quatro dos seis reatores.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

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