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Ásia

Como avaliar riscos da radioatividade e fazer a descontaminação

6 abr 2011 - 12h35
(atualizado às 12h54)
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O acidente nuclear provocado na central japonesa de Fukushima pelo terremoto e tsunami de 11 de março representa dois grandes desafios aos especialistas: como avaliar o perigo para a população e como descontaminar as zonas afetadas pela radioatividade.

Qual será o alcance da contaminação?

A extensão das zonas afetadas dependerá muito das condições meteorológicas no momento das emissões de radioatividade: dos ventos, da chuva ou neve que empurram a contaminação para a terra ou tendem a concentrar-se nas zonas baixas. Levando em consideração a duração das emissões e o relevo acidentado do arquipélago, é muito provável que aconteçam "contaminações espalhadas" em dezenas de quilômetros ao redor de Fukushima, como aconteceu no leste europeu depois de Chernobyl em 1986.

A contaminação é duradoura?

Se fala de anos e até décadas. A situação depende, no entanto, da concentração dos vestígios de radioatividade e dos elementos contidos. As principais fontes de contaminação são o iodo 131 e o césio 134 e 137. Após vários meses, o iodo, que perde a metade da radioatividade em oito dias, desaparece totalmente. A radioatividade do césio 137 demora mais de 30 anos para cair à metade.

Isto significa que todas as zonas contaminadas devem ser evacuadas por décadas?

Tudo dependerá das medidas executadas no local. Para as zonas mais contaminadas, será necessário afastar as pessoas que podem correr o risco de estar expostas a doses de radioatividade perigosas para a saúde. Este é o caso desde que aconteceu o acidente em um raio de 20 km ao redor da central nuclear.

Em outras zonas, os habitantes podem levar uma vida normal, mas abster-se de consumir os alimentos locais. E nas zonas mais afastadas, a população poderá viver e cultivar alimentos, mas desde que os produtos sejam submetidos a controles de radioatividade.

A experiência de Chernobyl ensinou, por exemplo, aos habitantes de determinadas zonas em quais florestas poderiam entrar e onde poderiam deixar o gado pastar.

Quais os meios para descontaminar?

Os especialistas preferem usar a palavra "reabilitação" para insistir no fato de que é impossível voltar à situação prévia ao acidente, mesmo que a contaminação possa ser reduzida de maneira importante.

Segundo os estudos efetuados na França, o mais urgente é tratar as zonas menos afetadas, pois são as áreas em que a população permanecerá.

As autoridades nucleares francesas recomendam limpar em primeiro lugar os "meios edificados" onde se concentra a população. Tetos, paredes, estradas e calçadas podem ser limpos sob pressão quantas vezes for necessário.

A vegetação, que atrai depósitos radioativos em suas folhas, pode constituir de 20% a 30% dos elementos expostos em meio urbano. É possível cortar a grama, podar árvores e cortar matagais.

Em longo prazo e em algumas zonas delicadas como pátios de escolas ou hospitais é possível reduzir a contaminação limpar os solos ou cobri-los com uma nova camada de terra ou asfalto.

Nas zonas agrícolas adubo rico em potássio deve ser usado para limitar a absorção de césio pelas raízes dos cultivos.

Fontes: Thierry Charles, diretor de segurança do Instituto de Radioproteção e de Segurança Nuclear (IRSN); Jean-Luc Godet, diretor de Radiações Ionizantes e de Saúde da Autoridade de Segurança Nuclear (ASN); Michel Bourguignon, comissário na ASN e Isabelle Mehl Auget, diretora da missão de preparação para um acidente nuclear na ASN.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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