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Estados Unidos

Reconstrução do Japão deve levar 5 anos, conclui fórum nos EUA

6 abr 2011 - 11h07
(atualizado às 11h07)
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Carla Ruas
Direto de Washington

A recuperação do Japão após a tragédia tripla - terremoto, tsunami e vazamento nuclear - deve durar mais de cinco anos. A conclusão foi tirada durante fórum em Washington D.C. para discutir o futuro do Japão após o desastre do último dia 11 de março. A principal dificuldade será recuperar a infraestrutura do país, o que deve custar aproximadamente US$ 300 milhões.

David Barlow participou dos trabalhos de resgate no Japão nos primeiros cinco dias após a tragédia
David Barlow participou dos trabalhos de resgate no Japão nos primeiros cinco dias após a tragédia
Foto: Carla Ruas / Especial para Terra

Durante o evento, o embaixador do Japão nos Estados Unidos, Ichiro Fujisak, enfatizou que o Japão vai ter força para sair da crise. "O Japão vai se recuperar. Para alguns vai demorar mais tempo, como para os japoneses que perderam familiares ou fazendeiros que perderam todo o seu trabalho. Mas nós vamos superar", disse, emocionado.

Segundo ele, o principal desafio será recuperar a infraestrutura amplamente abalada pela tragédia. "Para isso o apoio internacional será fundamental. Todos estão trabalhando muito no Japão, mas sem a ajuda de outros países não será possível uma reconstrução", afirmou.

Até agora, 130 países e 30 organizações internacionais estiveram envolvidos na reconstrução do país. "Os enviados estão trabalhando dia e noite para que os japoneses voltem a ter acesso às necessidades básicas do ser humano. Estou muito impressionado", disse o embaixador.

Fujisak enfatizou que os Estados Unidos foram o país que mais ajudou o Japão. "Nunca vamos nos esquecer do apoio dos americanos". Os Estados Unidos enviaram 20 mil integrantes das forças militares, 160 aviões, 20 navios e 50 especialistas, além de equipamentos e pessoas especialistas em tragédias e vazamento nuclear. "O governo dos Estados Unidos disse que faria o possível para ajudar o Japão e cumpriu sua promessa", disse.

Para o bombeiro capitão David Barlow, da unidade de resgate de Virgínia, a presença de equipes de resgate americanas no Japão foi fundamental após a tragédia japonesa. Ele, que esteve no local da tragédia nos primeiros cinco dias, disse que os agentes de policiamento e saúde do Japão fizeram um ótimo trabalho, mas que naturalmente tinham como prioridade o bem estar da sua família. "Por isso é interessante que pessoas venham de fora para trabalhar".

As equipes de resgate internacionais e nacionais continuam trabalhando na procura de corpos. Segundo levantamento divulgado na segunda-feira pelo governo do Japão, o número de vítimas já chega a 12.175 enquanto 15.489 pessoas ainda estão desaparecidas. Outros números também impressionam: 260 mil japoneses estão desabrigados, 170 mil ainda estão morando em galpões ou ginásios de escolas 80 mil tiveram que deixar suas cidades.

Falta de infraestrutura afetará economia

Os problemas de infra-estrutura pelos quais vai passar o Japão nos próximos anos também vão afetar as indústrias e impactar a economia. Segundo o Hironori Kawauchi, Economista Senior do Banco Mundial, o PIB do Japão irá diminuir durante o ano de 2011, e só em 2012 deve voltar ao normal.

A previsão do especialista é que a economia se estabilize em aproximadamente 2 anos, como ocorreu durante o terremoto do Japão de 1995. "Temos como base aquela situação, quando a economia eventualmente se estabilizou. Mas com certeza este desastre foi muito pior", lamentou.

Kawauchi acredita que o país, um dos principais motivadores da economia asiática, terá sua moeda Yen desvalorizada, e por isso pode perder espaço na economia mundial para países como a Coreia do Sul. "Mas o impacto econômico vai depender de como o governo vai agir nos próximos meses".

O fórum "O terremoto e o Tsunami do Japão: Dimensões do desastre e perspectivas futuras" foi promovido pela Escola SAIS de Relações Internacionais da Universidade John Hopkins em Washington D.C.

Fonte: Especial para Terra
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