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Ásia

Japão detém vazamento nuclear, mas crise está longe do fim

6 abr 2011 - 09h37
(atualizado às 09h52)
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O Japão deteve o vazamento de água altamente radioativa da usina nuclear danificada para o mar nesta quarta-feira, e reconheceu que poderia ter dado maiores informações sobre a contaminação do oceano aos países vizinhos.

Apesar do avanço na contenção do vazamento na usina de Fukushima Daiichi, os engenheiros precisam liberar 11,5 milhões de litros de água contaminada no oceano porque não têm mais espaço para armazená-la no complexo. A água foi usada para resfriar as hastes de combustível superaquecidas.

Especialistas nucleares disseram que os reatores danificados estão longe de estar sob controle quase um mês após serem atingidos por um forte terremoto seguido de tsunami em 11 de março.

A Tokyo Electric Power (TEPCO), operadora da usina, disse ter contido o vazamento usando vidro líquido em um dos seis reatores.

"Os vazamentos foram reduzidos ontem (terça-feira) depois de injetarmos uma mistura de vidro líquido e um agente fixador, e agora pararam", declarou um porta-voz da TEPCO à Reuters.

Os engenheiros vinham lutando para deter os vazamentos no reator 2, tendo usado até serragem e papel de jornal.

As vizinhas Coreia do Sul e China estão ficando preocupadas com o pior desastre nuclear desde Chernobyl em 1986 e com a água radioativa que é liberada para o mar, relataram jornais.

"Estamos instruindo os ministérios do Comércio e das Relações Exteriores a trabalhar melhor em conjunto para que explicações detalhadas sejam fornecidas, especialmente a países vizinhos", declarou Yukio Edano, secretário-geral de gabinete, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.

Especialistas insistiram que a água de baixa radioatividade a ser lançada no oceano não representa riscos à saúde das pessoas.

"A quantidade original de radioatividade é muito baixa, e quando você a dilui com uma grande massa de água os níveis finais serão ainda menores do que os limites legais", disse Pradip Deb, principal autoridade em Radiações Medicinais na Escola de Ciências Médicas da Universidade do Instituto Real Melbourne de Tecnologia.

Os trabalhadores batalham para religar as bombas de resfriamento - que reciclam a água - em quatro reatores danificados.

Até que estas sejam consertadas, eles precisam bombear água para evitar o superaquecimento e o derretimento, mas esgotaram a capacidade de armazenamento de água do mar contaminada.

O iodo radioativo detectado no mar está 4.800 vezes acima do limite legal, mas desde então caiu para cerca de 600 vezes acima deste limite. A água remanescente nos reatores contém radiação cinco milhões de vezes acima dos limites.

"O que eles terão que liberar provavelmente é altamente radioativo. A situação pode ficar muito feia do ponto de vista político dentro de uma semana", disse Murray Jennex, da Universidade San Diego State, especializado em contenção nuclear.

Um navio-tanque está sendo convertido para receber água do mar contaminada e deve chegar à usina até o dia 16 de abril. A TEPCO também planeja construir tanques para receber água radioativa.

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