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Ásia

Especialistas analisam perigo para população em Fukushima

1 abr 2011 - 11h28
(atualizado às 12h46)
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O acidente nuclear em Fukushima, provocado pelo terremoto e tsunami de 11 de março que devastaram o nordeste do Japão, representa muitas perguntas sobre os riscos para a população e perigos futuros.

Ministério da Defesa japonês divulgou, nesta sexta-feira, imagens mais recentes da Usina de Fukushima
Ministério da Defesa japonês divulgou, nesta sexta-feira, imagens mais recentes da Usina de Fukushima
Foto: Reuters

A seguir as opiniões de três especialistas franceses: Jacques Repussart, diretor geral do Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), Philippe Jamet, comissário da Autoridade de Segurança Nuclear (ASN), e Bernard Bigot, administrador-geral do Comissariado de Energia Atômica (CEA).

Qual é a situação na central nuclear de Fukushima? A fusão do combustível foi detida a tempo?
Jacques Repussart: O estado da central continuará sendo problemático durante muito tempo, mas não se esperam mais fenômenos muito violentos nos próximos dias. Portanto, há uma situação que está a ponto de ser resolvida. Aparentemente, a fusão do combustível foi detida pelo risco.

É urgente retirar a água que foi contaminada depois das operações, pois gera uma radioatividade ambiente que impede os trabalhos nesta instalação. É preciso bombear, tratá-la ou, na pior das hipóteses, jogá-la no mar para diluição.

Também é preciso continuar molhando, pois se as piscinas que contêm combustível usado forem esvaziadas, seriam registrados incêndios e radiações importantes.

Bernard Bigot: Começará a etapa de controle das instalações quando entrarem em funcionamento os sistemas habituais de resfriamento, a prioridade atual da operadora Tokyo Electric Power (Tepco).

A Agência Internacional de Energia Atômica recomenda ao governo japonês a ampliação da zona de segurança, além de 20 km ao redor da central. O que você pensa?
Jacques Repussard: Há resíduos radioativos em forma de aerossol além da zona de segurança, sobretudo porque choveu... Estes depósitos representam um risco para os alimentos.

Mas é possível ter uma contaminação significativa em uma parte do território sem que isto obrigue um deslocamento da população, uma operação que tem impactos humanos, sentimentais e financeiros. Não se deve ignorar esta contaminação, e sim levá-la em consideração, sobretudo no que diz respeito à cadeia alimentar. Ao invés de afastar as pessoas, é possível afastar os alimentos contaminados para reduzir as doses absorvidas.

Philippe Jamet: Os moradores não retornarão às casas a dois quilômetros da central e também existirão restrições alimentares em longo prazo.

O que acontece com a contaminação da água do mar?
Jacques Repussart: Para proteger a população é melhor que a radiação vá para o Oceano Pacífico do que para o ar sobre o Japão. A radioatividade que está na água marinha não segue para a atmosfera. Vai se diluir, serão encontrados vestígios a milhares de quilômetros, mas sem grandes consequências.

Quais as lições de alcance internacional da catástrofe atual?
Philippe Jamet: Serão necessários vários anos para compreender e saber como evitar que se reproduza um acidente desta gravidade.

Bernard Bigot: Um dos temores está vinculado ao fato de que a instalação se tornou muito frágil pelo terremoto e tsunami. Portanto ficou mais vulnerável.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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