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Ásia

Soldados e policiais intensificam procura por desaparecidos

1 abr 2011 - 04h00
(atualizado às 10h30)
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O Japão intensificou nesta sexta-feira os trabalhos de busca por desaparecidos e as operações para evitar vazamentos na central de Fukushima quando se completam três semanas do pior desastre do Japão desde a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 18 mil soldados do Exército japonês, apoiados por sete mil soldados americanos, bombeiros, guarda-costeira e policiais iniciaram uma grande operação de três dias por mar e ar para recuperar o maior número possível de desaparecidos após o terremoto e tsunami nas províncias mais afetadas.

Usando equipamentos de proteção, policiais buscam vítimas do terremoto seguido de tsunami em Fukushima
Usando equipamentos de proteção, policiais buscam vítimas do terremoto seguido de tsunami em Fukushima
Foto: Yomiuri Shimbun / Reuters

Ainda restam 16.464 pessoas cujo paradeiro é desconhecido desde o dia do terremoto, um número superior aos 11.620 corpos encontrados até o momento, segundo os últimos dados da Polícia. O número de vítimas se concentra nas províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima, para as quais o primeiro-ministro, Naoto Kan, em discurso cheio de apelos à esperança, prometeu nesta sexta-feira empregos e a recuperação de suas comunidades.

O jornal Yomiuri indicou nesta sexta-feira que 23.600 hectares de áreas agrícolas, meio de vida de um grande número de pessoas, foram afetados pelo tsunami de 11 de março no nordeste japonês. A isto é preciso acrescentar a contaminação radioativa procedente da usina nuclear de Fukushima Daiichi, que afetou um grande número de plantações e fazendas nas províncias de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunnma.

Coincidindo com a chegada do novo ano fiscal, as autoridades japonesas deixaram de lado o traje azul que todos os ministros vestiam desde o dia 11, e iniciaram planos para trazer pouco a pouco a normalidade às regiões com mais desabrigados. Kan anunciou a realização de uma conferência no dia 11 de abril com governos locais e especialistas para iniciar medidas que permitam acelerar a reconstrução das áreas afetadas e melhorar a vida de centenas de milhares de pessoas que perderam suas casas e muitas outras prejudicadas em diferentes graus.

O governo central começou nesta sexta-feira a trabalhar com autoridades locais para construir comunidades temporárias que incluirão casas, escolas, hospitais e escritórios que encerrarão por um tempo as semanas de vida em refúgios. O primeiro-ministro não pôde dar sinais tão positivos sobre os progressos na usina nuclear de Fukushima Daiichi, ao afirmar que será "difícil" saber quando os reatores se estabilizarão e será possível dar por controlado o acidente nuclear.

Para evitar novas emissões de radiação, a Tepco, operadora da usina, começou nesta sexta-feira a salpicar, a título de teste, uma resina líquida que evitaria que partículas radioativas nos escombros da central fossem liberadas no ar e contaminassem regiões além da área de evacuação de 20 km. A Tepco, cuja nacionalização não é descartada pelo governo, errou nesta sexta-feira pela segunda vez em uma de suas medições ao assegurar que a água subterrânea na central de Fukushima tinha registrado um nível de radioatividade 10 mil vezes superior ao normal.

A Agência de Segurança Nuclear do Japão advertiu que essas medidas eram pouco prováveis, embora tenha reconhecido que pode existir contaminação sob o solo dos reatores devido ao grande volume de água radioativa que parece ter saído das unidades. As preocupações sobre os níveis de radioatividade fizeram com que nesta quinta-feira a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recomendasse ampliar a zona de evacuação para acima dos 20 quilômetros, algo que o Japão tenta evitar, embora nesta sexta-feira tenha reconhecido que a zona de exclusão continuará imposta durante um longo tempo.

Kan declarou que serão adotadas todas as medidas para garantir a segurança dos residentes da região de Fukushima, enquanto os últimos dados mostram uma baixa constante dos níveis de radiação no ar das cidades que rodeiam a ainda instável usina nuclear.

EFE   
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