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Ásia

Autoridades japonesas querem desmantelar central de Fukushima

31 mar 2011 - 06h16
(atualizado às 09h48)
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O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, afirmou nesta quinta-feira que a central de Fukushima deve ser desmantelada, ao mesmo tempo em que aumenta a pressão internacional para a ampliação do perímetro de isolamento, após os altos níveis de radiação detectados a 40 Km de distância do local.

info infográfico evacuação japão
info infográfico evacuação japão
Foto: AFP

O anúncio de que Fukushima será desmantelada foi feito pelo secretário do Partido Comunista japonês, Kazuo Shii, ao fim de uma reunião com o chefe de Governo de centro-esquerda, informou a agência Kyodo.

A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora e proprietária da central Fukushima Daiichi (N°1), considera que será inevitável desmantelar os quatro primeiros reatores da usina, após as difíceis operações de resfriamento que podem durar meses.

Estes reatores sofreram graves danos após o terremoto e tsunami de 11 de março, mas o presidente de honra da Tepco, Tsunehisa Katsumata, deu a entender na quarta-feira que os reatores 5 e 6, que não sofreram danos, poderiam ser conservados.

A radioatividade, no entanto, afeta cada vez mais a região nordeste do Japão. Mostras de água do mar recolhidas 300 metros ao sul da central tinham um nível de iodo radioativo 4.385 vezes superior ao tolerado, segundo a Tepco.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou na quarta-feira que os níveis de radiação medidos em Iitate, a 40 km da central de Fukushima, superam os níveis recomendados.

Apesar das pressões internacionais para ampliar o perímetro de isolamento ao redor da central de Fukushima, atualmente de 20 km, as autoridades japonesas afirmaram que não há planos imediatos para a medida.

A organização ecológica Greenpeace alerta há vários dias que a população de Iitate, especialmente crianças e mulheres grávidas, devem deixar a área.

"A AIEA nos informou que o nível de radiação no solo superava os limites previstos pela agência e pediu para acompanharmos de perto a situação com base nestas informações", declarou o porta-voz do governo japonês, Yukio Edano.

Questionado sobre uma possível ampliação do raio de isolamento, Edano afirmou não acreditar que "seja algo que exija tal ação". No entanto, admitiu que o fato do nível de radiação no solo ser elevado "leva inevitavelmente a pensar na possibilidade de que um acúmulo (da radiação) em longo prazo pode significar um risco para a saúde".

O diretor do departamento de segurança nuclear da AIEA, Denis Flory, afirmou na quarta-feira que os "primeiros resultados indicam que alguns dos valores limites que justificam uma evacuação, segundo as recomendações da AIEA, foram superados em Iitate".

O governo da China anunciou que praticamente todo o território do país registra níveis de radioatividade procedentes de Fukushima, mas destacou que estes são "extremamente baixos" e não representam risco para a saúde.

Em Washington, o Pentágono anunciou que enviará ao Japão uma unidade da Marinha especializada em emergências nucleares para ajudar as autoridades locais na crise provocada pelo terremoto e tsunami de 11 de março.

No total, 155 marines da Força de Resposta a Incidentes Químicos e Biológicos devem chegar ao Japão na sexta-feira.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 11,2 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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