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Ásia

Japão pede calma ao mundo sobre temor com venda de alimentos

30 mar 2011 - 17h26
(atualizado às 18h19)
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O governo japonês pediu ao mundo que não imponha restrições injustificáveis às importações de seus produtos alimentícios, um dia antes da chegada ao país do presidente da França, Nicolas Sarkozy, o primeiro líder estrangeiro a visitar o Japão desde o terremoto e tsunami que danificaram uma usina nuclear, provocando a pior crise nuclear mundial desde Chernobyl, em 1986.

Em um comunicado à Organização Mundial do Comércio (OMC), o Japão informou estar monitorando a contaminação radioativa para evitar um potencial risco à segurança dos alimentos e disse que iria fornecer à entidade dados precisos, com rapidez.

"Em troca, o Japão pediu aos países membros que não reajam de modo exagerado à situação", disse um funcionário da OMC. Vários países proibiram a compra de leite e outros produtos de áreas próximas à usina nuclear de Fukushima Daiichi, situada 240 quilômetros ao norte de Tóquio, por causa do medo de contaminação.

O próprio Japão interrompeu a exportação de vegetais e leite de regiões próximas à usina, da qual está vazando radiação atômica.

A questão da liberação da radiação persiste. Cingapura informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ¿ o órgão da ONU de supervisão nuclear ¿ que alguns repolhos importados do Japão estavam com níveis de radiação nove vezes mais elevados do que os recomendados no comércio internacional.

Embora os alimentos perfaçam menos de 1 por cento das exportações japonesas, a usina nuclear, afetada pelo tsunami, representa um sério risco para uma economia já sobrecarregada por uma imensa dívida pública, uma população em processo de envelhecimento e uma enorme conta para a reconstrução após o desastre natural, possivelmente chegando a 300 bilhões de dólares.

Há um nível recorde de iodo radioativo no mar, perto da usina danificada. A agência estatal de segurança nuclear afirmou que o nível é 3.355 vezes o limite legal e, além disso, plutônio altamente tóxico foi detectado no solo da usina de Fukushima Daiichi.

Três semanas depois do terremoto e tsunami, os operadores do sistema ainda se esforçam para retomar o controle dos reatores afetados. Nesta quarta-feira havia fumaça saindo de uma segunda usina nuclear danificada, a de Daini, localizada a poucos quilômetros da unidade de Daiichi. Segundo as autoridades, o problema era causado numa parte elétrica do sistema de bombeamento de água.

A usina de Daini está fechada. A Operadora, a Tokyo Electric Power (Tepco), afirmou que o incidente não iria provocar nenhuma radiação na parte externa.

O governo ordenou a remoção dos moradores de uma área de 20 quilômetros ao redor da usina de Daiichi. A maioria dos 70 mil habitantes da região já teria partido. Outras 130 mil pessoas estão numa zona de 10 quilômetros além do limite e receberam a recomendação de não sair de casa.

Mas a AIEA afirmou que a medição da radiação num vilarejo localizado a 40 quilômetros do complexo nuclear excedia o critério para a remoção da população.

Sarkozy, que preside os blocos do G20 e G8, vai reunir-se com o primeiro-ministro Naoto Khan para expressar apoio aos esforços do Japão após a tragédia que deixou mais de 27.500 mortos e desaparecidos.

A França, país que mais depende da energia nuclear no mundo, já enviou ao Japão especialistas de sua estatal da área nuclear.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

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