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Ásia

Vazamentos radioativos paralisam trabalhos em Fukushima

30 mar 2011 - 12h07
(atualizado às 13h31)
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Um novo aumento da radiação detectada no mar que rodeia o complexo nuclear de Fukushima paralisou nesta quarta-feira os trabalhos na central e põe em evidência as dificuldades da Tokyo Electric Power Company (Tepco) - empresa que administra a usina - de conter o vazamento de material radioativo. O anúncio feito nesta quarta-feira de que as águas ao sul da usina passaram a registrar um nível de iodo radioativo até 2.255 vezes acima do normal - no sábado, eram 1.850 vezes - aumenta as dúvidas sobre a capacidade dos engenheiros para evitar escape de materiais tóxicos em Fukushima, danificada pelo grande terremoto seguido de tsunami do último dia 11.

Mulher senta-se no local onde ficava sua casa, em Kesennuma, antes da passagem do tsunami
Mulher senta-se no local onde ficava sua casa, em Kesennuma, antes da passagem do tsunami
Foto: AP

O novo dado representa a maior concentração detectada até o momento do isótopo 131 do iodo que, apesar de radioativo, se degrada após oito dias e, segundo a Agência de Segurança Nuclear do Japão (Nisa), não representa uma séria ameaça para o ecossistema marinho. Todos os testes indicam que houve fusão parcial do núcleo em algum dos reatores 1, 2 e 3. A Agência não descarta que alguma das estruturas de contenção, que protegem o núcleo dessas unidades, estejam danificadas. A alta concentração de material radioativo no mar e nos edifícios de turbinas dos reatores apontam uma fuga contínua proveniente do perigoso núcleo dos reatores, mas a autoridades desconhecem a origem do vazamento.

As atividades da Tepco não avançaram nesta quarta-feira, pois elas tiveram de ser interrompidas para se drenar a perigosa água radioativa estagnada na área de turbinas da unidade 1, enquanto a refrigeração do reator 2 se viu interrompida temporariamente por uma falha. A água extremamente radioativa presente nos quatro primeiros reatores da central forçou também a paralisação das operações que buscavam ativar definitivamente os sistemas de refrigeração da usina.

O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, disse nesta quarta-feira que será necessário um "tempo considerável" para que a temperatura das barras de combustível nuclear esfriem e estabilizem, passo necessário para desativar ou isolar definitivamente o complexo atômico. O Governo anunciou que usará resina para cobrir alguns pontos da usina, bloqueando assim as vias por onde vaza o material radioativo.

O presidente de honra da Tepco, Tsunehisa Katsumata, reconheceu nesta quarta-feira que "será difícil estabilizar os reatores nas próximas semanas", e pediu desculpas à população pelos problemas que causados pelo acidente nuclear mais grave da história do Japão. O futuro do complexo nuclear parece incerto, já que o Governo e a Tepco, principal empresa elétrica do país, discordaram nesta quarta-feira sobre o desmantelamento de Fukushima Daiichi. O presidente da Tepco indicou nesta quarta-feira que será inevitável inutilizar definitivamente os reatores 1,2,3 e 4, severamente danificados, mas evitou se pronunciar sobre as unidades 5 e 6, que já estão estabilizadas e em melhores condições.

Em entrevista coletiva, o porta-voz Edano afirmou que, por causa das "circunstâncias sociais", está claro que todos os reatores da central devem ser desativados. A única certeza, por enquanto, é que o Governo mudará as normas de segurança de todas as usinas nucleares do Japão, a fim de impedir problemas nos sistemas elétricos que mantêm os vitais sistemas de refrigeração em funcionamento.

O ministro da Indústria japonês, Banri Kaieda, disse nesta quarta-feira que 15 usinas do país, que somam 44 reatores e geram 30% da energia elétrica do Japão, deverão ser submetidas a normas de segurança mais estritas. As usinas que quiserem renovar suas licenças para continuar operando deverão ter geradores móveis instalados em veículos, como reforço a seus geradores de emergência, bem como organizar simulações de acidentes.

O complexo nuclear de Fukushima perdeu seu sistema de refrigeração quando o terremoto de magnitude 9 na escala Richter, que devastou o nordeste do Japão no último dia 11, deixou a central sem eletricidade e o tsunami posterior inutilizou seus geradores de emergência.

EFE   
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