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Ásia

Japão admite que situação é grave após descoberta de plutônio

29 mar 2011 - 09h53
(atualizado às 10h38)
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A descoberta de plutônio no solo da usina nuclear de Fukushima e a alta radiação na água levaram o Governo japonês a admitir que a situação é "muito séria" e continua fora de controle.

Na segunda-feira foram detectadas pequenas quantidades de plutônio no solo da usina nuclear e, embora não representem um risco para a saúde, demonstram que houve vazamento de um reator.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, qualificou nesta segunda-feira como "imprevisível" a situação da usina nuclear de Fukushima Daiichi (nordeste do Japão), o que obriga uma atenção constante das autoridades.

Desde sábado a situação na usina de Fukushima se agravou e os trabalhadores da empresa operadora, a Tepco, continuam as tentativas de refrigerar seus seis reatores, mas a cada dia enfrentam uma nova dificuldade.

O tsunami provocado pelo terremoto de 9 graus na escala Richter, com ondas de até 13 m, prejudicou o sistema elétrico da central que é necessário para esfriar seus reatores, que abrigam perigosas barras de combustível nuclear.

Nesta terça-feira foram feitas tentativas de drenar a água radioativa que inunda a zona de turbinas perto dos reatores 1, 2 e 3. Este último é o que mais preocupa por conter um combustível que mistura urânio e plutônio, altamente tóxico.

O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, muito crítico à atuação da Tepco, pediu nesta terça-feira que se vigie a saída de plutônio ao exterior da usina e disse que é provável que o material detectado provenha de barras de combustível fusionadas parcialmente.

O porta-voz ressaltou, no entanto, que as quantidades de plutônio detectadas são as mesmas que podem ser encontradas no meio ambiente enquanto, em Viena, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinalou que a composição de isótopo sugere que procede de um reator, embora tenha destacado que se trate de pequenas quantidades.

Para as autoridades japonesas, a prioridade agora em Fukushima é continuar lançando água sobre os reatores, além de drenar as zonas inundadas.

Na segunda-feira, os operários da Tepco, além de detectar plutônio, confirmaram o risco de que água radioativa chegue ao exterior por um conduto que rodeia o reator 2.

No entanto, a Agência de Segurança Nuclear do Japão assegurou nesta terça-feira que não há confirmação de que essa água radioativa tenha chegado ao mar e afirmou que os níveis de água nos condutos que conectam os reatores 1, 2 e 3 se mantêm estáveis.

Esses encanamentos se encontram a entre 55 e 70 metros de distância do mar e foram escorados com sacos de areia e blocos de cimento pelos operários.

A cada dia, a Tepco e a Agência de Segurança Nuclear têm que atender a uma nova emergência na central, enquanto o porta-voz do Governo japonês oferece várias entrevistas coletivas por dia para dar sua versão dos fatos.

O Executivo japonês prometeu "transparência" na gestão de uma crise nuclear e pediu "sangue frio" aos países estrangeiros para que evitem um alarmismo excessivo.

Na quinta-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, irá a Tóquio. Ele será o primeiro governante estrangeiro a visitar o país desde o terremoto.

Nos primeiros dias após a crise no Japão, a França qualificou a situação na usina de Fukushima como uma "catástrofe nuclear".

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

EFE   
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