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Ásia

Japão: reabertura de escolas expõe drama dos órfãos do tsunami

27 mar 2011 - 15h30
(atualizado às 16h32)
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O drama dos órfãos do terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março, catástrofe que deixou pelo menos 27 mil mortos e desaparecidos no nordeste do Japão, marcará a volta às aulas nas escolas de todo o país, na semana que vem. Na cidade costeira de Rikuzentakata, 2,3 mil pessoas (10% da população) morreram ou desapareceram pela onda gigante, que deixou mais de 50 crianças órfãs, segundo o prefeito, Futoshi Toba.

info infográfico explicação tsunami
info infográfico explicação tsunami
Foto: Reuters

As autoridades ainda são incapazes de estabelecer um número total de vítimas - e também não sabe quantas crianças perderam os pais. Esta semana, o governo japonês decidiu criar um grupo de trabalho para lidar diretamente com este problema. O terremoto de Kobe, em 1995, deixou mais de 100 órfãos, segundo o governo japonês. Mas "a recente catástrofe provocou danos muito maiores, e achamos que muito mais crianças perderam seus pais", afirmou o ministério da Saúde.

Os gêmeos Naho e Takahashi, 13 anos, têm certeza de que seus pais morreram, ao contrário de outras crianças, que vivem a tortura de não saber o que aconteceu com a família. "Soubemos da morte de mamãe no dia 12 de março, e da de papai, no dia 14", disse a adolescente, que deve voltar à escola na próxima semana. A casa da família foi destruída por uma enorme onda, que chegou a 23 m de altura. Com exceção de Chakko, sua cachorrinha de estimação, restou pouco a estes dois órfãos para lembrar da vida que levavam antes da tragédia.

"Estou feliz por ela ter sobrevivido", disse Naho, enquanto acariciava a cabeça do animal, que o pai conseguiu deixar em um lugar seguro antes de retornar à cidade em busca da mulher, que se refugiara em um centro poliesportivo na esperança de estar a salvo do tsunami.

Depois que as ondas destruíram as barreiras construídas para proteger Rikuzentakata, transformando-a em um irreconhecível monte de destroços, Naho e Takahashi passaram uma noite gélida e cheia de angústia dentro do colégio onde estudam, ao lado de centenas de sobreviventes. A professora de dança de Naho, que percebeu a situação, encarregou-se dos dois adolescentes.

"Eu também dei aulas de dança para o pai dela, conhecia-os desde que eram pequenos. Quando os vi na escola foi terrível demais, e então eu os levei para a minha casa", disse Shimizu Kiwako, 74 anos. "O que eles estão vivendo é muito triste, e eu estou preocupada com os dois". "Uma tia mora em Tóquio e ainda não falamos sobre seu futuro, mas o faremos quando ela vier aqui".

Naho disse que deseja voltar a morar em Rikuzentakata depois que a cidade for reconstruída. "Eu sempre vivi aqui, desde que era pequena. Quero ficar, mas irei morar onde puder", afirmou.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 7 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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