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Ásia

Autoridades japonesas temem vazamento em reatores

27 mar 2011 - 11h25
(atualizado às 14h25)
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As concentrações de material radioativo detectadas neste domingo no reator 2 e nas águas do mar próximas à usina de Fukushima fazem as autoridades japonesas temerem que haja um vazamento de substâncias procedentes do núcleo de algum reator. A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina Fukushima Daiichi, disse neste domingo que detectou uma concentração de radioatividade 10 milhões de vezes superior do normal na água que alaga parte da área subterrânea do edifício de turbinas do reator 2, mas depois afirmou que os dados estavam muito elevados e deviam ser analisados novamente.

info infográfico número de usinas reatores no mundo
info infográfico número de usinas reatores no mundo
Foto: Arte / Terra

A Agência de Segurança Nuclear disse que a radiação é de mil milisievert e se soma ao anúncio de que o nível de material radioativo em águas do litoral próximas à usina também aumentaram consideravelmente. Hideko Nishiyama, porta-voz da agência nuclear japonesa, reconheceu neste domingo em entrevista coletiva que o nível de radiação detectado no reator 2 é alto e acrescentou que "o mais provável é que o vazamento provenha do reator".

De acordo com a opinião de especialistas consultados pela televisão NHK, altos níveis de radioatividade na unidade 2 poderiam indicar danos no núcleo do reator ou nos encanamentos que levam água radioativa entre as turbinas e o núcleo. Enquanto isso, Nishiyama reconheceu que é possível que haja um vazamento contínuo que esteja liberando materiais radioativos ao mar, mas ainda desconhece a origem.

O porta-voz do Governo japonês, Yukio Edano, pediu neste domingo que a Tepco esclareça a origem dos vazamentos e lembrou que estão tentando determinar se a contaminação radioativa superou as medidas de contenção e passou para o solo que rodeia a central. A água do mar próxima à usina (330 m ao sul) passou de uma concentração de 1.250 vezes superior ao limite legal, na sexta-feira, para 1.850 vezes nas amostras recolhidas no sábado e divulgadas neste domingo.

Na quinta-feira, estes níveis rondavam as 104 vezes acima do máximo permitido. No entanto, a Agência de Segurança Nuclear lembrou que os isótopos de iodo radioativo detectados, que têm uma vida relativamente curta, se dissolverão e degradarão antes que possam ter efeitos graves no oceano. As indicações de vazamento de material altamente radioativo começou a ocorrer na quinta-feira, quando três trabalhadores da central foram expostos a grandes níveis de radiação no edifício de turbinas do reator 3 ao passar por uma área, relativamente, cheia de água.

O trio foi hospitalizado, dois imediatamente depois do incidente, mas receberão alta em breve, segundo a agência local Kyodo. As análises da Agência de Segurança Nuclear e da Tepco indicaram que as águas com altos níveis de radiação se encontram nos edifícios de turbinas das unidades 1, 2 e 3.

Segundo a NHK, as substâncias liberadas nestes vazamentos incluem isótopos do iodo e césio produzidos nas reações de fissão. A Tepco deve bombear a água radioativa que se acumulou nos edifícios de turbinas dos reatores ao condensador, onde o vapor proveniente do núcleo passa ao estado líquido para ser reutilizado. Esta água radioativa interrompeu o trabalho na unidade 2 da central de Fukushima, cujos operários devolveram na madrugada deste domingo a luz aos painéis do reator e lutam contra o tempo para ativar os vitais sistemas de refrigeração.

A Agência de Segurança Nuclear disse neste domingo que os altos níveis de radiação nas instalações da usina não terão efeitos negativos imediatos fora da área de evacuação de 20 km ao redor da central. Apesar disto, na sexta-feira o Governo encorajou os moradores de entre 20 e 30 km a se deslocarem para outros lugares perante a dificuldade de levar alimentos, gasolina e outras provisões.

Segundo os últimos dados do Ministério da Educação e Ciência do Japão, os níveis de radiação na fronteira com a área dos 30 km são relativamente altos, mas não significam um risco imediato para a saúde.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram 10,6 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

EFE   
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