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Ásia

Japoneses bombeiam usina; corrente marinha deve diluir radiação

26 mar 2011 - 17h02
(atualizado às 17h37)
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Engenheiros japoneses lutaram no domingo (horário local) para bombear água radioativa de uma central elétrica nuclear defeituosa, depois que os níveis de radiação aumentaram muito na água do mar próximo à usina de Fukushima, mais de duas semanas depois de ser atingida por um forte terremoto e um tsunami. Os testes feitos na sexta-feira mostraram que os níveis do iodo 131 na água do mar a 30 km de distância do complexo nuclear estavam 1.250 vezes maior do que o normal, mas isso não é considerado uma ameaça à vida marinha ou à segurança alimentar, segundo a Agência de Segurança Nuclear e Industrial.

Fumaça sai de reator 3 da usina de Fukushima
Fumaça sai de reator 3 da usina de Fukushima
Foto: AP

"As correntes marinhas vão dispersar as partículas de radiação, portanto elas estarão muito diluídas quando forem consumidas pelos peixes e algas marinhas", disse Hidehiko Nishiyama, um alto funcionário da Agência. Apesar da garantia, a divulgação dessa informação deve aumentar a preocupação internacional em relação às exportações de frutos do mar do Japão. Diversos países já proibiram a importação de leite e produtos agrícolas de áreas próximas à usina de Fukushima Daiichi, enquanto outros estão monitorando os frutos do mar japoneses.

Esforços prolongados para evitar um colapso catastrófico na usina nuclear de 40 anos também intensificaram a preocupação mundial em relação à energia nuclear. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que está na hora de reavaliar o sistema internacional de segurança nuclear.

A crise na usina nuclear, que fica a 240 km ao norte de Tóquio, ofuscou um grande esforço de socorro e recuperação do terremoto de magnitude 9 e do tsunami que se seguiu a ele, no dia 11 de março no nordeste do Japão.

A situação em Fukushima

Engenheiros que estão tentando estabilizar a usina precisam bombear a água radioativa do complexo onde estão localizados três dos seis reatores. Na quinta-feira, três pessoas que trabalhavam no reator três foram hospitalizadas, depois de terem pisado em água cujos níveis de radiação estavam 10 mil vezes mais altos do que o nível normalmente encontrado em um reator. Isso despertou o temor que o núcleo do recipiente possa estar danificado.

Um funcionário da Tokyo Electric Power Co. (Tepco), operadora da usina, disse em uma entrevista coletiva que os peritos ainda tinham que decidir onde colocariam parte da água contaminada, enquanto os engenheiros ainda tentavam restabelecer completamente o fornecimento de energia da usina.

A Tepco disse que estava usando água doce, em vez de água do mar para resfriar pelo menos parte dos reatores, depois que surgiu a preocupação de que os depósitos de sal possam atrapalhar o processo de resfriamento.

Dois dos reatores da usina estão sendo considerados seguros, mas os outros quatro estão instáveis, emitindo vapor e fumaça, ocasionalmente. Porém, a agência de segurança nuclear disse no sábado que a temperatura e a pressão de todos os reatores havia se estabilizado.

O governo disse que a situação está longe de ser resolvida, embora não esteja piorando. "Estamos evitando que a situação piore - já restabelecemos a energia e bombeamos água fresca - e estamos dando passos básicos em direção à melhoria, mas ainda não podemos ficar tranquilos", disse o ministro Yukio Edano, durante uma entrevista coletiva no sábado. Mais de 700 engenheiros se revezam, em turnos, mas ainda não há data prevista para o fim dos trabalhos.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 10 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

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