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Ásia

Japão terá de rever política nuclear, diz porta-voz do governo

24 mar 2011 - 17h40
(atualizado às 21h28)
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O Japão terá de rever sua política de energia nuclear, disse o principal porta-voz do governo, num momento em que aumenta no país e no exterior o temor de disseminação da radiação originária de uma usina danificada pelo terremoto e tsunami. Duas semanas depois que um terremoto e um tsunami danificaram as instalações da estação de energia nuclear de Fukushima e devastaram o nordeste do Japão, deixando cerca de 27.400 pessoas mortas ou desaparecidas, os engenheiros ainda estão tentando estabilizar a usina, que possui seis reatores e se localiza 240 quilômetros ao norte da capital japonesa.

japão terremoto fukushima fumaça ap (repre)
japão terremoto fukushima fumaça ap (repre)
Foto: AP

"É certo que a confiança pública em usinas de energia nuclear mudou enormemente", disse à Reuters o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano, na noite de quinta-feira. "Diante disso, primeiro precisamos encerrar esta situação e, depois, estudar a partir do zero." Os 55 reatores nucleares do Japão respondem por cerca de 30% da energia elétrica produzida no país. A previsão era que essa porcentagem passasse a 50% até 2030, um dos índices mais elevados do mundo.

No entanto, o terremoto de magnitude 9, em 11 de março, o tsunami que ele provocou e a crise nuclear decorrente mergulharam o Japão nos dias mais sombrios desde a Segunda Guerra Mundial. Explosões em três reatores na usina elétrica Fukushima Daiichi na semana passada deram origem à pior crise nuclear mundial desde Chernobyl, na Ucrânia, e provocaram o temor de um derretimento catastrófico. Embora isso não tenha acontecido, a radiação tem vazado, e quatro dos reatores ainda estão em situação volátil.

Engenheiros da empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power Co (TEPCO), obtiveram algum progresso no restabelecimento da energia elétrica e retomada do controle, mas emissões periódicas de fumaça e vapor reavivam temores de um pesadelo nuclear. "Ainda é um pouco cedo para fazer um prognóstico preciso, mas minha previsão é que em duas semanas os reatores estarão frios o suficiente para que digamos que a crise acabou", disse Peter Hosemann, um perito em energia nuclear, na Universidade da Califórnia, em Berkeley.

"Será importante prover esfriamento suficiente para os reatores e as piscinas de combustível usado por um período maior de tempo. Mas desde que isso seja garantido e não tenhamos nenhuma grande quantia a mais de radioatividade liberada, confio em que a situação estará sob controle." Três trabalhadores que substituíam um cabo para ajudar a esfriar um reator ficaram feridos por água radiativa. Dois deles foram levados com queimaduras para o hospital, disseram autoridades da agência de segurança nuclear.

Na quarta-feira, os 13 milhões de moradores de Tóquio foram orientados a não dar água da torneira para bebês, já que a contaminação da água atingiu esta semana duas vezes o nível de segurança. Mas no dia seguinte voltou aos níveis adequados. Apesar dos apelos do governo para que as pessoas não entrem em pânico, as garrafas de água desapareceram de muitas lojas.

Também foi encontrada radiação acima dos níveis de segurança no leite e vegetais d Fukushima. Segundo a agência de notícias Kyodo, césio radiativo 1,8 vez mais elevado do que o padrão normal foi encontrado em hortaliças cultivadas em uma região de Tóquio.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

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