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Ásia

Com medo de radiação, Tóquio esgota reserva de água engarrafada

24 mar 2011 - 12h06
(atualizado às 12h39)
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Os cidadãos de Tóquio esgotaram quase todas as reservas de água engarrafada depois que na quarta-feira as autoridades desaconselharam que as crianças consumissem água corrente e apesar de nesta quinta-feira os níveis de radiação terem diminuído.

info infográfico evacuação japão
info infográfico evacuação japão
Foto: AFP

As autoridades da capital distribuíram nesta quinta-feira 240 mil garrafas de 550 ml às famílias dos cerca de 80 mil bebês de Tóquio (três garrafas por criança) e cinco cidades próximas, perante o temor de uma contaminação radioativa.

As mães, muitas delas com suas crianças, esperaram pacientemente para receber uma doação que começou a acabar depois do terremoto do dia 11 e que com o anúncio de quarta-feira desapareceu quase totalmente das prateleiras na capital.

A preocupação de que a falta de água engarrafada se agrave em uma zona metropolitana com mais de 30 milhões de habitantes levou o Governo a pedir às empresas de água mineral que aumentem sua produção e a pensar na opção de importar água do exterior.

A atenção está centrada na estação de tratamento de Kanamachi, onde a água registrou na terça-feira uma concentração de iodo radioativo (o isótopo I-131) de 210 becquerel por quilo, superior aos 100 recomendados para bebês, mas abaixo dos 300 becquerel para os adultos.

A Prefeitura de Tóquio indicou nesta quinta-feira que o conteúdo de iodo nessa estação caiu durante dois dias até os 79 becquerel.

No entanto, a preocupação pelas repercussões dos vazamentos radioativos na usina nuclear de Fukushima Daiichi, afetada gravemente pelo terremoto e pelo tsunami de 13 dias atrás, não parou apesar dos pedidos de calma das autoridades.

Embora a usina nuclear se encontre a cerca de 250 km ao norte de Tóquio, a contaminação radioativa aumentou na quarta-feira acima dos níveis recomendados para crianças nas águas das estações de Saitama e Chiba, nas cercanias da capital.

Comprar água nos supermercados e nas lojas 24 horas de Tóquio era uma complicada tarefa, pois as garrafas desapareceram das estantes, apesar de o porta-voz do Governo do Japão, Yukio Edano, ter voltado a pedir nesta quinta-feira que as pessoas não fizessem estoques.

Em uma das lojas do centro de Tóquio era possível ler um cartaz que pedia para os clientes não comprarem mais de uma garrafa de água por pessoa, em frente a uma geladeira que oferecia como alternativa chá, refrigerantes e outras bebidas não alcoólicas.

Na internet, um dos meios favoritos de compras no Japão, nesta quinta-feira 12 garrafas de dois litros de água eram vendidas a 18,8 mil ienes (164 euros), enquanto na Amazon japonesa, um loja de departamento virtual, era impossível adquirir água mineral natural.

Edano reiterou nesta quinta-feira que os níveis de iodo e césio na água corrente de Tóquio não significam um risco imediato para a população.

O porta-voz lembrou nesta quinta-feira que deve ser analisada a evolução dos níveis de radioatividade e não só os dados pontuais de um dia pois, em relação às informações recolhidas durante um período, "serão adotadas as medidas necessárias".

Edano indicou nesta quinta-feira que é possível que haja um aumento da importação de água mineral para diminuir um problema que é ainda mais grave em cidades e povoados da província de Fukushima, onde os níveis de radiação são muito elevados.

Segundo o jornal Nikkei, algumas empresas de bebidas têm sérias dificuldades para aumentar sua produção de água mineral.

Para as mães japonesas a incerteza sobre a possível piora da qualidade da água é uma grande preocupação, já que é a base de bebidas que usam leite em pó e outras fórmulas indispensáveis para a alimentação infantil.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

EFE   
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