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Ásia

Com falta de energia e água, Iwaki lembra "cidade-fantasma"

23 mar 2011 - 12h12
(atualizado às 12h27)
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ISABEL MARCHEZAN
MARCELO DO Ó
RICARDO MATSUKAWA
Direto de Iwaki

À noite, Iwaki, a 200 km de Tóquio, é quase uma cidade-fantasma. O município litorâneo, onde muita gente passa as férias de verão, foi atingido em cheio pelo tsunami do dia 11 de março, que destruiu a orla. Até esta quarta-feira, boa parte da cidade ainda estava sem luz, água ou gás.

Sofrendo falta de luz, água e gás após o tsunami, a litorânea e popular Iwaki agora mais lembra uma cidade fantasma
Sofrendo falta de luz, água e gás após o tsunami, a litorânea e popular Iwaki agora mais lembra uma cidade fantasma
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Hotéis estão fechados, assim como boa parte do comércio. Eki Michino, dono de uma loja de carnes e alimentação, reabriu as portas na última terça-feira, mesmo sem fornecimento de água. "Trouxe de casa", explicou. Valeu a pena: houve fila na porta para comprar comida.

Conforme o policial Toshio Saito, cerca de uma centena de pessoas morreram durante a passagem da onda gigante. Dos cerca de 340 mil habitantes, 20 mil ficaram desabrigados.

Kyoko Komatsu percorre as ruínas e aponta um terreno vazio: "aqui era a minha casa". Tudo o que se vê é um amontoado de tábuas acumuladas contra a parede de outra residência, que resistiu à violência da água. Kyoko exibe o diploma do filho, resgatado dos restos da casa. Ele é formado em uma escola técnica e atualmente trabalha com as equipes de resgate do Japão.

Foi tudo o que encontrou, além de algumas poucas peças de roupa, entre os pertences espalhados por vários metros. Enquanto vasculha os destroços, ela contou que fugiu do tsunami de carro, com o marido. Indica uma placa na avenida beira-mar e recorda. "Ali estava uma amiga minha. Eu tentei avisar, disse 'a onda está vindo', mas ela não conseguiu escapar e morreu".

O comerciante Tatsuji Honda, 65 anos, contabilizava os prejuízos que teve na manhã desta quarta-feira. Não só porque sua loja de bebidas foi completamente destruída pela onda, mas porque também não sobrou nada de sua casa, que ficava ao lado da loja - e a cerca de 50 m do mar.

Honda conseguiu fugir com a mulher de carro antes que a onda levasse tudo. "Percebi que havia água no asfalto em frente à loja e saí correndo. Nem vi quando a onda mais forte chegou", recorda. O carro que usou para fugir foi o único dos três que possuía que se salvou. A van da loja ainda jaz caída sobre uma casa do outro lado da rua, e o terceiro veículo, levado pela água, desapareceu.

Ele calcula perdas de 20 milhões de ienes (aproximadamente R$ 410 mil) com a devastação da loja. Está morando provisoriamente com um irmão, mas afirmou que pretende reconstruir sua casa no mesmo local. "Já tenho uma certa idade, não quero ir para outro lugar. Desde que nasci, nunca havia acontecido isso, e acho que não vai acontecer de novo. Não me importo de ficar na praia", justificou.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11 de março de 2011, o Japão foi devastado por um terremoto de 9 graus, o maior da história do país. O tremor gerou um tsunami, arrasando inúmeras cidades e províncias da costa nordeste nipônica. Além dos danos imediatos, o país e o mundo convivem com o temor de um desastre nuclear nos reatores de Fukushima. Embora a situação vá se estabilizando, o desfecho e as consequências permanecem incertas.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram quase 9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Os prejuízos materiais devem passar dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto e cortes de energia, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes, evacuar áreas de risco e, aos poucos, iniciar a reconstrução do país.

Terra no Japão

Os enviados do Terra percorrem as áreas devastadas no Japão. Fale com eles na fanpage do portal no Facebook e no perfil @terranoticiasbr do Twitter.

Fonte: Terra
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