PUBLICIDADE

Ásia

Reparação de Fukushima avança, mas radiação chega ao mar

22 mar 2011 - 12h29
(atualizado às 13h36)
Compartilhar

As esperanças de restabelecer a energia elétrica no complexo nuclear de Fukushima, epicentro da crise atômica do Japão, vão de encontro nesta terça-feira à preocupação geral com a radioatividade detectada nas águas litorâneas da região.

Com roupas especiais, funcionários da usina de Fukushima Daiichi trabalham para resfriar o reator 4
Com roupas especiais, funcionários da usina de Fukushima Daiichi trabalham para resfriar o reator 4
Foto: AP

Os esforços dos técnicos para manter sob controle os seis reatores de Fukushima avançaram nesta terça-feira com o sucesso em concluir as operações para conectar todos eles a fontes externas de energia e, assim, restituir o funcionamento administrável da usina.

Embora os cabos já estejam posicionados, reativar o fornecimento de energia elétrica pode levar um ou vários dias, já que antes é preciso revisar o estado de todos os instrumentos e motores para evitar um curto-circuito que complicaria ainda mais os trabalhos de manutenção.

Os técnicos trabalham em situações extremas, rodeados de elevados níveis de radioatividade, frequentemente às cegas e em um panorama de três reatores (os números 1, 2 e 3) destruídos por explosões de hidrogênio e um quarto (o número 4) por causa de um incêndio.

Segundo a televisão pública NHK, que cita um porta-voz da Agência para a Segurança Nuclear, a eletricidade nos reatores 1 e 2 poderia ser reativada na quarta-feira, e a das unidades 3 e 4, um dia depois.

Funcionários da companhia Tokyo Electric Power (Tepco) - operadora da usina -, junto com militares e equipes de bombeiros convocadas de Tóquio e Osaka se esforçam há 11 dias para evitar que a temperatura do combustível nuclear aumente e emita elevadas quantidades de radioatividade.

Caminhões de bombeiros voltaram nesta terça-feira a jogar água no reator número 3, enquanto um veículo especial utilizado normalmente para bombear cimento se concentrou na unidade 4, onde causa preocupação a piscina de armazenamento, que guarda uma grande quantidade de combustível nuclear utilizado.

Enquanto se busca controlar a usina nuclear, operacional desde 1971, as autoridades fiscalizam os níveis de radiação na zona, em volta da qual foi estabelecido um perímetro de segurança de 20 km ao redor, área evacuada.

Também se recomendou aos moradores que estão entre 20 e 30 km que não saiam de suas casas e permaneçam com as janelas fechadas.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na cidade de Namie, a 20 km da usina, o nível de radioatividade chegou a ser 1,6 mil vezes maior que o habitual, registrado a 161 microsievert por hora.

Nos lugares mais afastados, como as províncias de Saitama, Chiba, Kanagawa, e na própria capital, Tóquio, as medições do Governo japonês, da AIEA, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de especialistas americanos indicam que os níveis de radiação estão muito abaixo de serem perigosos para a saúde.

As medições do Governo japonês se estenderam aos alimentos da região, após radioatividade ser detectada em leite e espinafres, levando as autoridades a proibirem a distribuição desses produtos.

A inquietação pelo alcance da contaminação aumentou após a confirmação nesta terça-feira de que as zonas marinhas próximas à usina nuclear também apresentam níveis de radioatividade acima do normal.

Segundo a Tepco, uma amostra de água marinha recolhida nesta segunda-feira a uma distância de 15 km da central revelou um nível de iodo radioativo I-131, mais de 126 superior ao limite legal.

Nesta terça-feira, o nível tinha se reduzido na mesma área até ser 30 vezes superior ao limite, indicou a Tepco.

O Governo japonês indicou que ainda é cedo para saber se os produtos pesqueiros da área estão contaminados e assinalou que, em breve, serão realizadas análises para avaliar o impacto da radioatividade no mar.

O Executivo apontou que, no momento, não há no mercado produtos pesqueiros procedentes de Fukushima e pediu às províncias vizinhas de Ibaraki e Chiba a aumentar a fiscalização do setor de pesca.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 8,9 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

EFE   
Compartilhar
Publicidade