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Ásia

Fuga da radiação leva milhares aos abrigos de Fukushima

21 mar 2011 - 13h05
(atualizado às 17h43)
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ISABEL MARCHEZAN
MARCELO DO Ó
RICARDO MATSUKAWA
Direto de Fukushima

Nem terremoto, nem tsunami. O que lotou mais de 40 abrigos na cidade de Fukushima (capital da província de mesmo nome) foi a ameaça de contaminação por radioatividade, depois que a usina nuclear homônima foi danificada no tremor do dia 11.

Idosa de 89 anos lembra como fugiu de tsunami em Fukushima:

Dos 4,8 mil refugiados da cidade, cerca de 70% (3,3 mil) são pessoas que moravam muito próximo da usina nuclear na costa da província. Os demais tiveram as residências danificadas ou ficaram sem energia, gás e água.

Alguns foram evacuados de suas casas, como Masao Omuro, 73 anos. Ele morava a 3 km dos reatores nucleares e foi levado por um ônibus do governo junto com a mulher, um filho e um neto. Mas, enquanto a família foi para a casa de um parente na cidade de Fukushima, ele preferiu ficar em um abrigo. Com olhos marejados, disse que não queria sentir-se "um fardo". "Não quero atrapalhar, pois eles não têm água nem energia, e o abrigo tem".

No entanto, Omuro peregrinou por três abrigos diferentes desde o dia 12 de março, até encontrar um lugar onde recebesse água e comida. Nesta segunda-feira, chegou à escola Nishi, onde encontrou mais conforto - inclusive, as roupas limpas que vestia ao dar entrevista à reportagem do Terra.

Preocupado, o idoso buscava orientação dos coordenadores do abrigo para fazer um teste de radiação. Insistia em ser examinado, pois bebeu água em casa antes da evacuação. Ele deve passar por um exame de detecção de radioatividade, assim como todos os refugiados oriundos da costa. "Todos passam por uma inspeção para detectar radioatividade", garantiu um dos funcionários da escola e voluntário do abrigo, Hiroshi Katoh.

A escola mantém atualmente 138 pessoas - já recebeu 250, mas parte delas já foi embora para ainda mais longe dos reatores, explicou Katoh.

Mesmo fora da área de evacuação, o contabilista Akihiko Satoh prefere estar abrigado no ginásio da escola Nishi, com mais uma centena de pessoas, do que em sua casa em Minamisoma. Apesar de morar a 30 km da usina, trouxe a família - mulher, dois filhos, pai e mãe - de carro para Fukushima no último dia 15. "Saí sem bem saber aonde ir. A prefeitura me indicou este local, que era seguro", disse.

"Trouxemos cobertores, algumas roupas íntimas e comida, apenas o básico para sobreviver. Ao chegar, vi que o abrigo não é tão ruim quanto eu imaginava", revelou. Satoh, que chegou a Fukushima com as últimas gotas de gasolina do tanque, pensa até em ir para mais longe dos reatores "se a situação não melhorar". Não sabe quando nem como vai voltar para casa. Mas não consegue imaginar como seria a vida em outro lugar.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 8,6 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

Terra no Japão

Os enviados do Terra percorrem as áreas devastadas no Japão. Fale com eles na fanpage do portal no Facebook e no perfil @terranoticiasbr do Twitter.

Fonte: Terra
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