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Ásia

Moradores de Sendai tentam resgatar o que restou de casas

20 mar 2011 - 21h30
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ISABEL MARCHEZAN
MARCELO DO Ó
RICARDO MATSUKAWA
Direto de Sendai

Domingo foi dia de buscas e de reencontro para muitos moradores de Sendai que tiveram duas casas destruídas pelo tsunami do dia 11. No bairro costeiro de Wakabayashi, famílias aproveitaram a manhã de sol para vasculhar o que restou de seus pertences.

Usando botas de borracha, luvas e máscaras, cobertas de poeira, as pessoas embrenhavam-se nos escombros e remexiam no barro ainda úmido em busca de objetos cujo valor não é monetário. Segurando uma foto embarrada e amassada do pai, falecido no ano passado, o agricultor Kazuo Otomo, 65 anos, contou que estava a 200 m de casa, em sua plantação de alfaces, quando ouviu o alerta de tsunami, dois minutos antes de a onda chegar. Teve tempo de entrar no carro com a mulher e um dos três filhos e fugir. Só parou 30 km depois.

"Aaaahhhhh! Achei que o senhor tivesse morrido! Estava muito preocupada!", festejou Izumi Otomo, também moradora do bairro, ao reencontrar Kazuo em frente ao que restou da casa onde morava. Sem conseguir contato por telefone, acreditou que o destino do amigo tinha sido o mesmo de vários outros idosos que moravam na região e não conseguiram escapar da onda gigante.

Tokiko, a mulher do agricultor, mostra um álbum de fotografias da família, enquanto Kazuo exibe uma tartaruga de madeira, recordação de uma visita a Okinawa, 30 anos atrás ¿ ambos igualmente recuperados dos escombros que restaram do sobrado da família. "Nossos ancestrais se esforçaram tanto para conseguir o que temos até hoje. É preciso preservar isso, manter as recordações", observou, segurando uma foto sua na Muralha da China, tirada há dois anos.

Preocupado em encontrar um computador onde guardava "coisas importantes", Kazuo mostra contente uma carteira embarrada com algum dinheiro e cadernetas de contas bancárias. Diz que perdeu US$ 4 mil que estavam guardados em casa, mas que não está em dificuldades. "Eu recebo aposentadoria, por isso conseguirei sobreviver. Mas quem não recebe fica em situação muito difícil", ponderou.

O aposentado ainda não sabe para onde ir. Por enquanto, está refugiado. Certo é que não poderá mais plantar alfaces na região devido ao sal do mar que contaminou a terra. E que não voltará a morar em Wakabayashi.

Yuzo Otomo, morador da mesma região ¿ apesar do sobrenome, não é parente do agricultor Kazuo -, afirmou que pretende instalar-se em outro local, em Sendai ou arredores. "Este região é perigosa, pode haver tufões. Acho que ninguém mais vai querer morar aqui". Yuzo se apressa em recolher o que restou de sua casa que foi inundada por dois metros de água. "A partir de agora, as coisas começam a apodrecer", justifica.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 7 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

Terra no Japão

Os enviados do Terra percorrem as áreas devastadas no Japão. Fale com eles na fanpage do portal no Facebook e no perfil @terranoticiasbr do Twitter.

Fonte: Terra
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