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Ásia

Sendai sobrevive à tragédia, mas não consegue retomar rotina

19 mar 2011 - 21h36
(atualizado às 21h39)
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ISABEL MARCHEZAN
MARCELO DO Ó
RICARDO MATSUKAWA
Direto de Sendai

Um desavisado que chega a Sendai não tem outra pista de que algo está errado na cidade além das filas - nos postos de gasolina, na porta dos supermercados, das farmácias e restaurantes.

Japão: dono de casa devastada volta pra ver o que restou:

A maior parte da maior cidade da costa leste do Japão - uma das mais atingidas pelo tsunami do dia 11 - está intacta. Ruas amplas e limpas e prédios modernos aparentam a mais tranquila normalidade. O comércio, no entanto, está parcialmente fechado devido à falta de gás para o aquecimento, e a gasolina não chega devido à destruição dos portos da região.

Mas, saindo do Centro e aproximando-se da costa, o visitante percebe qual foi a violência do mar quando avançou sobre o continente. A 5 km do mar, o cartão de visitas do bairro de Miyagino é uma casa encalhada no Rio Nanakitagama. Mais alguns metros em direção ao oceano, e outras casas surgem às margens do rio. Shuichi Ono, que com a mulher e as filhas recolhe e guarda alguns objetos no carro, aponta para uma delas: "Aquela ali é minha casa".

Brincando de falar em inglês, as duas filhas dele - Natsuko, 13 anos, e Chiori, 9 anos - riem e posam com seus imundos bonecos de pelúcia recém-resgatados. Ono e a mulher, Chizu, procuram alguns móveis que possam recolher, mas embarcam pouca coisa "hatch" da família. "Estamos tentando pegar o pouco que sobrou, mas não sobrou nada", observou ela. Ainda assim, em nada os Ono lembram uma família que perdeu praticamente tudo. Descontraído, Shuichi contou que apenas sua mãe e seu avô estavam em casa no momento em que a onda varreu a costa. Conseguiram fugir da onda de carro, e hoje estão, como eles, abrigados em uma escola transformada em alojamento.

Também hospedada em um abrigo, Tomoe Sumita, 60 anos, não perdeu a casa nem os bens no tsunami, que apensas inundou seu sobrado em 20 cm de água. Mas não pode retornar por conta da falta de luz, energia e gás. Dedica-se, diariamente, a secar a casa e limpar o jardim. Com o mesmo otimismo dos Ono, aguarda o momento em que poderá retornar ao lar com os dois irmãos mais novos. Quer voltar à residência onde passou os últimos 30 anos, apesar da experiência de passar pelo mais forte terremoto de sua vida.

Outros moradores aproveitam o sábado para limpar as residências que ficaram de pé ou recolher objetos que restaram espalhados pela região. Em frente a várias das residências, móveis e objetos organizados aguardam que alguém os apanhe, ao lado de placas dizendo "já guardei o que é meu".Um grupo de jovens vasculhava o que sobrou de um dos automóveis empilhados na varanda do que foi a escola primária Nakano. Procuravam os documentos da dona do veículo, irmã de um deles, assim como peças carro que pudessem ser aproveitadas.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 7 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

Terra no Japão

Os enviados do Terra percorrem as áreas devastadas no Japão. Fale com eles na fanpage do portal no Facebook e no perfil @terranoticiasbr do Twitter.

Fonte: Terra
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