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Ásia

Viagem até Sendai expõe problemas enfrentados pelos japoneses

19 mar 2011 - 14h31
(atualizado às 14h53)
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ISABEL MARCHEZAN
MARCELO DO Ó
RICARDO MATSUKAWA
Direto de Sendai

Com quatro horas de atraso em relação ao planejado, a equipe de reportagem do Terra chegou na tarde deste sábado a Sendai, no extremo leste do Japão, um dos locais onde o tsunami do dia 11 foi mais violento.

Equipe do Terra enfrenta problemas até Sendai:

A partida retardada de Niigata não foi sem razão. O motorista Tomoyuki Katsuta temia que o parabrisa congelasse durante a porção noturna da viagem, já que fazia 2°C e nem o ar-condicionado, nem o desembaçador de ar funcionavam no Subaru Legacy 99 usado pela equipe. E fez uma verdadeira palestra, às 4h da manhã, para deixar claros os problemas, as possíveis soluções, vantagens e desvantagens de cada uma. Japoneses.

Sem encontrar nenhum mecânico disposto a atender um chamado de madrugada, seguimos viagem ao amanhecer. Já na estrada, mais sinais de problemas: o rádio deixou de funcionar e, em seguida, os faróis. Foi o suficiente para saturar os nervos do metódico motorista, que desejava imediatamente retornar à origem.

De posto em posto de gasolina - invariavelmente fechados por falta de combustível -, descobrimos uma oficina mecânica aberta na localidade de Takahata (província de Yamagata). Em 10 minutos, um fusível foi trocado e seguimos viagem pela neve espessa que quase fechava rodovias secundárias. O simpático dono do estabelecimento, senhor Togashi, não quis aceitar pagamento pelo serviço. Diante da insistência, pediu que comprássemos água com o dinheiro, para levar às vítimas do tsunami em Sendai. Japoneses.

Durante a viagem pela cadeia de montanhas que separa as costas oeste e leste do Japão, dois alertas de terremoto soaram no telefone celular de Tomoyuki. Longe da nossa rota, não representavam risco. Mas lembravam a todo o momento que as montanhas de neve nas encostas poderiam desmoronar em uma avalanche sobre a estrada se houvesse tremor ali.

De volta à planície, e a menos de 100 km de Sendai, um novo velho problema se apresentou: a falta de combustível. Toda a região central do Japão, incluindo Tóquio, enfrenta a falta de gasolina. Os poucos postos que têm combustível têm também filas literalmente quilométricas, que não significam abastecimento garantido (essa foi a causa primordial da nossa escolha pela rota oeste, em vez de passar por Fukushima, onde não há combustível e corre-se o risco de ficar preso próximo à usina nuclear). Por volta do meio-dia, impôs-se então o dilema: como seguir viagem até Sendai, sem saber se a volta será possível?

A boa-vontade japonesa nos salvou: impedido de entrar em sua garagem porque nosso carro bloqueava a entrada enquanto discutíamos o que fazer, um morador da cidade de Yamagata sugeriu que pegássemos um ônibus até nosso destino. Chegando à parada, descobrimos que não havia lugar para embarcar, e muito menos para voltar de Sendai. Novo impasse, até que, em conversa com motoristas de táxi da cidade, resolvemos contratar um deles para levar-nos até Sendai. Em trajeto alongado alguns quilômetros por conta de um deslizamento de neve que interrompeu a pista principal, chegamos, enfim, a Sendai, às 14h30 do sábado. Dez horas depois da primeira "reunião" com Tomoyuki, que ficou em Yamagata encarregado de obter combustível para o retorno.

Terremoto e tsunami devastam Japão

Na sexta-feira, 11, o Japão foi devastado por um terremoto que, segundo o USGS, atingiu os 8,9 graus da escala Richter, gerando um tsunami que arrasou a costa nordeste nipônica. Fora os danos imediatos, o perigo atômico permanece o maior desafio. Diversos reatores foram afetados, e a situação é crítica em Fukushima, onde existe o temor de um desastre nuclear.

Juntos, o terremoto e o tsunami já deixaram mais de 7 mil mortos e dezenas de milhares de desaparecidos. Além disso, os prejuízos já passam dos US$ 200 bilhões. Em meio a constantes réplicas do terremoto, o Japão trabalha para garantir a segurança dos sobreviventes e, aos poucos, iniciar a reconstrução das áreas devastadas.

Terra no Japão

Os enviados do Terra percorrem as áreas devastadas no Japão. Fale com eles na fanpage do portal no Facebook e no perfil @terranoticiasbr do Twitter.

Fonte: Terra
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